A mulher que, em 1955, fez rebentar a revolta dos negros americanos contra as leis ancestrais que instituíam a descriminação racial nos States faleceu ontem aos 92 anos.
Cansada, depois de um dia inteiro agarrada à máquina de costura, com os pés e os artelhos doridos, Rosa Parks, então com 42 anos, achou que não tinha nada que dar o lugar a um branco e ficou-se no seu banco da zona do autocarro reservada aos pretos. Reservada, entenda-se, até que a zona branca ficasse lotada...
Foi presa, não sei se chegou a ser julgada pelo crime de desobediência ou outro que tal, mas a sua atitude desencadeou uma revolta dos diabos da qual o acto mais badalado (e eficaz!) foi um boicote aos transportes. Claro que os pretos, se bem que alojados atrás e obrigados a dar lugar aos branquelas, pagavam bilhete, donde o boicote, que se prolongou por cerca de um ano, pesou forte nas receitas das empresas de transportes.
Claro que a vida de Rosa foi muito afectada, não obstante a generalidade da comunidade negra (afroamericana, para usar o figurino PC) tivesse beneficiado com a luta que daí resultou pelos direitos cívicos. Teve que se mudar para Detroit, onde os invernos gélidos lhe terão mantido bem aberta a saudade das amenidades climatéricas do sul.
Esta mulher merece o mesmo destaque que nos states é dado às sufragistas, até porque actuou em circunstâncias bem mais desfavoráveis que estas.
Foto do Público
2 comments:
Há um filme muito bem feito sobre este episódio, o boicote aos autocarros e a ascenção de Martinho Lutero Rei.
Tem como figura central uma branca que apoiou o boicote; não sei se tem alguma coisa de histórico ou se foi só para armar ao pingarelho.
Mas vê-se muito bem.
Xau Rosinha, fazias cá falta rapariga. Talvez alguma gaja boa dos PALOp.s te siga o exemplo cá em Portugal e o teu nome reapareça nesta miséria deste séc.XXI - é para isso que servem as heranças...
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