Thursday, December 31, 2009

AMI 6 - OLHEM A MARAVILHA!

Clique nas imagens para ampliar e ver melhor

A última vez que fui à Caparica, para marcar o hotel e o Reveillon (numa discoteca que já se chamou Swell Club e agora mudou de nome para um equívoco e ronrronante Renhau-nhau, pode?!) que hoje tive que cancelar porque a porra do pé esquerdo, não me deixa andar quanto mais dançar! Dizia eu que a última vez que fui à Caparica encontrei um carrinho muito bem conservado, do tempo da minha juventude.

Com muito menos sucesso que o 2 cavalos e que a Dyane 6, mas mesmo assim, com algum sucesso: o AMI 6 e 8.

Se alguém quiser adquirir o carrinho, aí fica o papelote afixado no vidro traseiro, com o número de telemóvel do stand: 919 686 578.

Se o comprarem, espero que o tratem com muito jeitinho que estas máquinas do tempo da outra senhora têm que ser tratadas muita calma, que isto não é propriamente um carro da era dos on board computer, airbags e companhia...

...e aqui fica um poeminha para machucar os corações: MC diz Bocage

...e aqui vai um pequenino sketch sobre uma experiência científica, Muito científica . É linda!!!

A GUERRA PERDIDA DA DROGA

Com o ano a findar e tendo acabado de cancelar a reserva para um hotel onde iria ficar dois dias, com o reveillon incluído (a porra do pé não fica bom a tempo...) apeteceu-me desenterrar textos já entradotes que mostram que a guerra contra o tráfico continua a ser uma guerra perdida.

E não tinha que ser assim...

A seguir segue um texto que enviei para o Público em 1994 sobre este assunto. Infelizmente, continua perfeitamente actual, 15 anos depois de ter sido escrito.

Desgraçadamente, não há nenhuma razão para pensar que 2010 seja diferente.

Merda de gente!!!!

Acabei de ler a coluna do Dr Miguel Sousa Tavares no Público de hoje, sob o título “Ousar lutar, ousar vencer”[1]. Li o artigo de ponta a ponta e escrevo para manifestar a minha concordância. De facto, a luta contra a droga está de antemão perdida já que uma das partes joga com todas as armas ao seu dispor, e a outra move-se dentro de um quadro legal e de princípios morais e éticos que lhe tolhem os movimentos e a condenam ao insucesso.

O posicionamento estratégico do Estado e das organizações envolvidas na luta contra a droga parece-me errado. Perseguir os traficantes e penalizar os consumidores está a dar tão pouco resultado como o que os Camones obtiveram durante a Lei Seca. Em ambos os casos o consumidor não se sente um criminoso (e a meu ver não é) e o traficante tem nos lucros principescos o incentivo bastante para continuar a traficar.

Por outro lado, o consumidor tornado toxicodependente ascende ràpidamente ao status de criminoso, entregando-se a pequenos roubos que lhe garantam o rendimento necessário para obter a dose diária. A Polícia vê-se obrigada a acorrer a este pequeno delito (pequeno de per si, mas grande em quantidade de casos) dispersando esforços que, supostamente, se deveriam concentrar na perseguição aos traficantes.

O que o Dr Miguel Sousa Tavares preconiza é o abandono desta estratégia perdedora e a implementação de uma outra que tem a, meu ver, dois pontos claramente fortes, a saber:

1. visa eliminar radicalmente o tráfico de droga, retirando-lhe os clientes; resolveria de uma penada a pequena delinquência associada ao consumo, e a superlotação das prisões dela decorrente;

2. trata os consumidores como doentes, e não como criminosos, proporcionando-lhes o tratamento adequado, em condições de higiene e segurança, a preços não especulativos.

Há, contudo, um ponto fraco e de ética duvidosa:

3. o facto de a droga ser vendida nos hospitais (ou noutra instituição estatal), podendo o utilizador levá-la para consumir alhures, de forma descontrolada. Possibilitaria a sua revenda a consumidores não assumidos, eventualmente a menores.

Uma das objecções que habitualmente se levanta a soluções deste tipo é que só funcionariam se globalmente implementadas a nível mundial (o que é, no mínimo, utópico), pois sem isso o país transformar-se-ia num hipermercado da droga (tipo Holanda com as drogas leves).

Parece-me, contudo, que esta fraqueza pode fàcilmente ser resolvida, desde que o consumo seja feito nos hospitais ou em Centros de Tratamento e Reabilitação [2] a criar para o efeito. O toxicodependente não teria qualquer intervenção na preparação do produto que lhe seria ministrado, e nada teria a pagar. Seria encorajado a permanecer no Centro enquanto estivesse sob o efeito da droga, sendo-lhe proporcionado um local adequado para o efeito.

O caso de menores deveria ser tratado de forma diferente, sendo obrigatòriamente sujeitos a tratamento de desintoxicação, acompanhamento psicoterapéutico e aconselhamento para reinserção social (a começar na família e na escola).

A despenalização do consumo seria acompanhada por um endurecimento (efectivo) da lei face ao tráfico e ao incentivo ao consumo por menores.

Os custos directos a suportar pelo Estado seriam consideráveis, mas talvez fossem compensados pela diminuição da despesa em policiamento e encarceramento resultante da eliminação do pequeno delito associado ao consumo. Por outro lado, a luta contra a SIDA ganharia novo ímpeto com a redução do contágio no grupo de risco dos toxicodependentes. É o grupo mais numeroso, hoje são cerca de 1/3 do total de casos registados, e é também o grupo menos sensível às campanhas de prevenção, excepção feita à da troca de seringas, um dos poucos sucessos registados neste campo.

As almas sensíveis e as mentes bem pensantes indignar-se-ão, certamente, com propostas deste tipo, denunciando-as por pretenderem transformar os hospitais em “casas de ópio” e o Estado em rei dos traficantes. Preferirão continuar a contribuir para o Projecto Vida, superiormente gerido pelo inimaginável Padre Vitor Feytor Pinto que considera que o problema da droga está sob controlo (não disse de que cartel...), ou a rasgar elogios às quintas-de-regeneração-temporária Patriarche onde os drogadinhos vão ganhar forças para nova etapa, ao sol, ar puro e trabalho manual.

Entretanto, os nosso filhos continuarão expostos a técnicas promocionais, engenhosas e atractivas, de quem tem muito para investir num negócio mais lucrativo que o jogo e que a prostituição juntos...

. . . . .

NOTAS:

[1] Isto era, se bem me lembro, o lema de uma das listas candidatas à Direcção da Associação do Técnico ou da RIA, lá para o ano de 1971 ou 72.

[2] Aqui fica uma sugestão para o nome.

Tuesday, December 29, 2009

COME LITTLE RABITT (I've got drugs for you...)

A rapaziada boazinha deste mundo andou a chatear os chineses para evitarem a execução do cidadão britânico Akmal Shaikh, apanhado com uma mala de droga. No fim da campanha, já havia "políticos" metidos na dita, o que não é de espantar: ser contra a pena de morte, na Europa boazinha, é uma posição que paga dividendos chorudos, pela certa.

Os chineses é que não brincam em serviço, condenaram o "inglês" à morte e ontem aplicaram a pena.

Como a contestação do flagrante era inviável, toca de fazer do "inglês" um doente mental, muito bem intencionado e bonzinho que não fazia ideia do que levava na mala que uns rapazes simpáticos lhe pediram para levar (perderam o avião à última da hora, que chatice!).

Com bipolaridade ou sem ela, esta estória não vos soa familiar?

O correio é sempre um gajo porreiro que só quer ajudar o próximo, e o que vai ganhar é para endireitar a vida, quando não para sustentar os filhos. Lindo!

Se servisse de desculpa, já imaginaram a quantidade de "bipolares" que circulariam por aí, com atestado médico a postos, engrossando o batalhão de portadores benévolos (mas não pro bono...).

A China talvez exagere um bocado (...), mas é melhor isso do que estar no extremo oposto (onde estamos nós outros) em que o tráfico é encarado como um crime menor, que até se pratica, nas calmas, nas prisões.

E quando mete "minorias étnicas" aí, então, os traficantes viram vítimas que urge apoiar! Lembram-se do supermercado da droga em Oleiros? Recorde aqui e acoli.

Vejam o vídeo com a canção da treta que o artista "bipolar" usava na sua digressão pela Polónia e depois pela Ásia... Come little Rabbit e outro com a indignação por tão inesperada falta de clemência dos chinocas: clique aqui.

Vejam também um pouco mais sobre isto .

Mas no fundo, no fundo, se queremos erradicar o tráfico de droga, nada, mesmo nada, como a Eficiência asiática...

URGÊNCIAS EM DEZEMBRO...

Clique na imagem para ampliar e ler melhor...
Não sei se por causa da gripe (não havia tanta gente a tossir como isso...) se por dramas diversos ( basta referir os coxos - como eu - que não eram poucos...) a urgência do hospital CUF Descobertas estava cheeeeiiiiiia!

Fui para lá perto das cinco da tarde, por um lado por pensar que a essa hora já não haveria muitos casos na bicha, por outro lado porque me convenci que o pé (a articulação do tornozelo, mais precisamente) só tinha tendência a piorar, a engrossar, o que vinha acontecendo desde manhã.

Bem, o facto é que gramei seis horas desde que entrei (a estimativa, quando me inscrevi era de 2,5 a 3 horas a ser atendido, no que nem falharam... faltava só o resto, desde ser atendido até a coisa acabar), ainda fui à farmácia aviar a receita e cheguei a casa a rasar a meia noite.

Podia ser pior...

Aí abaixo, um update, no dia seguinte, mostrando o trambolho dos dois lados.

Ganda porra!!!

Thursday, December 24, 2009

BOM NATAL, BOM NATAL, BOM NA-BOM NATAAAALLLL!

FELIZ NATAL

MERRY CHRISTMAS

são os votos sinceros deste escriba para todos os queridos leitorzinhos

O Zé Vilhena também mete a sua colherada na coisa, o grande malandro:

Wednesday, December 23, 2009

JARDINS SUSPENSOS DA EXPO

Já passeou pelos jardins suspensos da Expo?
Do lado norte da Av D. João II, a que passa entre o shopping Vasco da Gama e a estação do Oriente, os edifícios têm terraços abertos ao público, com áreeas ajardinadas restaurantes (por enquanto poucos), tudo isto ao nível das copas das árvores ou das luminárias da iluminação pública.
Entra-se junto ao Hotel Arts, no extremo nascente (oposto à gare do Oriente),
subindo duas escadaris, tendo por fundo um monumental painel de azulejos.
Passa-se por um restaurante (esplanada no verão)
com umas obras de arte a marcar o caminho
... mais umja esplanada, a Fresh Drink

o caminho passa por debaixo de três prédios com balanços de mais de seis metros, suspensos de uma viga triangulada de 3 metros de altura, no último andar. Projecto do prof Sérgio Cruz, meu professor, já não me lembro de quê (no 5º ano do Técnico).

Ao lado vê-se uma das placas de amarração dos suspensores que penduram a consola da tal viga no último andar,

Se tiver pachorra, um destes dias pespego aqui fotografias do prédio em construção, em que estes pormenores são visíveis.

pelo caminho há vários espaços ajardinados, com bancos para o passeante meditar na contingência da vida...
aqui uma vista da torre Vasco da Gama, já com o hotel em fase de acabamentos, atingidos que foram os vinte andares
... e chega-se ao fim do passeio público, um cul de sac sem saída (como todo o cul que se preza...) que indicia bem a falta de circulação e um certo abandono.

Sunday, December 20, 2009

5 ANOS DE ACTIVIDADE...

No passado dia 19 este blog completou 5 anos de actividade, umas vezes mais intensa, outras vezes com postagens mais intervaladas, mas sem faltar um único mês...

Sendo one man show e atendendo a que o autor trabalha que nem um cabinda para levar a bucha para casa, a coisa nem sempre tem sido fácil.

Mas o gozo que dá compensa o esforço que às vezes é preciso fazer para contrabalançar o "que se lixe, vou ficar-me pelo sofá & televisão...".

Mesmo sendo uma espécie de monólogo (os comments são muito poucos, mesmo com uma média de 20.000 visitas por ano) a coisa serve para deitar cá para fora algumas reflexões (poucas), algumas boutades (bastantes) e muita coisa dispersa sobre os mais diversos assuntos.

Huuummmmm, I say to myself:

Continua, pá!

Saturday, December 19, 2009

LUANDA NOS BLOGS DE BRASILEIROS

Como tenho dito mais que muitas vezes, a pujança da blogosfera em/de/sobre Angola é uma coisa que me impressiona. E, como velho colono saudosista (enfim, também sou isso, é verdade...) cusco bué o que se escreve sobre aquela terra, aquela malta, aquela cidade (Luanda, claro, o resto é paisagem).

Os brasileiros parecem ser dos que mais ficam tocados pela águinha do Bengo e, expatriados ou regressados ao Brasil, postam imenso sobre as suas impressões que Luanda e os luandenses lhes produzem. Ponham a Menina de Angola nos vossos favoritos e não se arrependerão! Um exemplo de post abaixo, com a devida vénia:

Estava eu na bicha da bomba, o que para quem vive em Luanda significa ficar no mínimo 30 minutos a espera.

Penteio o cabelo, passo batom, boto os pés pra cima, troco de rádio, canto, falo sozinha (sim eu falo sozinha, e atire a primeira pedra quem nunca fez isso) e me perco nos meus devaneios. Quando acontece uma cena inusitada.

Um dos inúmeros rapazes que ficam vendendo todo o tipo de quinquilharias nas bichas bate no vidro.

Olho sem nem ver o que ele vende e digo que não, mas ele insiste fazendo gestos para o carro de trás e mostra um papelzinho.

Abro uma frestinha do vidro e pego o papel imaginando que fosse mais uns daqueles pedidos de esmolas comuns em SP, mas que nunca vi em Luanda.

Segue abaixo a transcrição do bilhete:

Olá, obra prima..

Sou xxxxx, e candidato-me a teu motorista particular. Que tal? Meu contacto é: 00000000 Estou no carro que está a sua trás.

Beijão xxxxxxx

Já levei cantadas no trânsito em SP, mas pedido de emprego foi a primeira vez.

Ou será que foi uma cantada?

Sunday, December 13, 2009

O CASTELO DOS MCCANN

No dia em que se iniciou o seu julgamento por queixa dos Mc Cann, o inspector aposentado Gonçalo Amaral lançou um livro intitulado "A mordaça inglesa" no qual refere a perseguição de que está a ser vítima por parte do casal que tenta silenciá-lo e arruiná-lo.

De facto, o casal, tendo acumulado um pecúlio considerável (vários milhões) com toda a publicidade feita em torno do sumiço da pequena Maddie, gerido por uma fundação cujo objecto social é a descoberta da menina, tem nas mão meios muito poderosos que tem usado para obstruir a investigação de tudo o que não seja a hipótese de rapto.

O casal defende que com isso garante que a investigação não se dispersa, aumentando as probabilidades de descobrir o paradeiro de Madeleine.

Contudo, tendo em conta que em muitos casos destes são os pais os responsáveis pelo desaparecimento dos filhos (morte, porventura acidental, seguida de ocultação), o casal não se livra da suspeita de que estará a usar para sua protecção o dinheiro doado para a busca da filha.

Qualquer que seja o objectivo do casal, o facto é que os Mc Cann têm feito tudo o que está ao seu alcance para impedir que a polícia investigue a hipótese da morte seguida de ocultação do corpo da criança.

Com todo o dinheiro acumulado, doado por pessoas bem intencionadas, e privando o antigo inspector de meios de subsistência, impedindo-o de investigar e impedindo-o sequer de falar do processo, os Mc Cann, com a ajuda amiga dos "nossos" Tribunais, continuam garantidos de que a hipótese da sua responsabilidade no sumiço da filha não será investigada.

Para nossa desgraça e vergonha, as autoridades portuguesas (Polícia Judiciária e agora os Tribunais) têm-lhes aparado o jogo.

E nestes casos, o tempo corre sempre a favor do criminoso...

BRANDAO FERREIRA - A NOSSA PÁTRIA E A DOS OUTROS

Quando soube que o Brandão Ferreira (cromo ao lado, tenente coronel reformado, comandante de linha aérea, historiador, whatever) ia lançar um livro, fiquei na expectativa do que iria sair dali. Conhecendo-o desde há muito das páginas do Combatente, órgão da Liga dos Combatentes, em artigos que se pautavam sempre pela defesa dos militares, putativos depositários de todas as vitudes, em particular do patriotismo, contra os civis, horrorosos detentores de todos os vícios, vende pátrias por vocação e interesse (por três vinténs - ou menos!) e inimigos acérrimos da instituição militar que não compreendem nem respeitam, fiquei cheio de curiosidade.

Como de costume, não consegui um espaçozinho na agenda para ir à apresentação do livro que o meu amigo João, que me tinha alertado para o evento, tinha informado ser sobre a Pátria. Comprei o livro dias depois do lançamento e uma leitura em diagonal larga confirmou ser o que eu esperava: uma defesa cerrada da Pátria do Minho a Timor, dos portuguesíssimos territórios a que tinhamos todo o direito (e cujas populações até não iam fora disso...) mas que os políticos esquerdalhos entregaram de mão beijada aos nosso inimigos sem ligarem à vontade das populações que, muito naturalmente adorariam continuar portuguesas, nem ao facto de a guerra estar a pender para o nosso lado.

Só uma prudênciazinha que se vai consolidando com a idade me levou a não postar de jacto e fazer mais uma leiturazinha do livro, pelo menos numa diagonal mais apertada que a inicial.

Agora, depois de uma leitura na tal diagonal mais apertada (não há saco para ler tanto disparate!) corrijo ligeiramente o que teria escrito há dois meses:

O livro é muito interessante nas partes em que faz o levantamento histórico de factos para ilustrar a evolução do conceito de justeza e legitimidade da guerra, no sentido lato e em seguida cingindo-se às nossas guerras.

É também muito interessante e bem documentado em tudo o que se prende com o levantamento de dados históricos, antigos e contemporâneos, sobre as descobertas, o direito dos estados europeus à posse dos territórios achados, a colonização, a nossa guerra e toda a envolvente geopolítica, diplomática, económica, social.

O homem espalha-se ao comprido - digo eu - quando interpreta os dados, ignora outros, despreza totalmente a mera possibilidade de os habitantes das colónias terem voz activa no seu destino, independentemente das bulas papais, dos tratados de Tordesilhas (e outros) e da Conferência de Berlim.

Mesmo para quem fez a tropa na metrópole era de esperar que 35 anos depois do 25 de Abril não escrevesse disparates como:

"... assisti (depois do 25 Abril) ao desmantelamento de umas magníficas Forças Armadas (...) que se batiam vitoriosamente em três teatros de operações (...) e sem generais ou almiramtes importados. Algo que já não acontecia desde Alcácer Quibir".

"... o que nunca tinha acontecido na História de Portugal foi a rendição incondicional, a meio de um conflito de baixa intensidade (que ainda por cima controlávamos e de que estávamos a sair vitoriosos)..."

"... a ideia de que (...) tinham feito uma guerra limpa, sem embargo dos inquisidores de serviço baterem a espaços na tecla de Wiriamu, à falta de outros exemplos..."

"...Portugal fez uma guerra justa e, além disso, tinha toda a razão do seu lado."

Fica-me a dúvida se o senhor tenente coronel, enquanto o conflito de baixa intensidade decorria, se limitava a ler a Época e mais tarde, na pesquisa que fez, excluíu todos os derrotistas a começar pelo general Spínola.

Como é que se pode ser tão BURRO?!

Saturday, December 12, 2009

A CULTURA P'ROS AMIGOS

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A Helena Matos é, para muita malta da kultura, uma horrorosa direitista incapaz de perceber que a Kultura tem uma lógica que não se compadece com as regras tradicionais de uma sociedade regida pela ditadura da economia, em que a aplicação de cada tostão deve ser ponderada pois, em geral e se não houver batota, se o aplicamos no garrafão já nos falta para o pão (quanto mais para o livro ou para o bilhete de teatro). Basta ver as críticas (por vezes simples referências quase marginais) da rapaziada kulta para vermos o quanto se pode desprezar quem não consegue compreender que a kultura é um investimento no Homem, de retorno absoluto, o qual, mesmo quando parece ter sido feito apenas para benefício da tribo ou de um velho soba decrépito e incapaz de arrotar umas tiradas ou rabiscar umas prosas, mesmo assim o investimento na kultura reverterá sempre (por processos misteriosos) para o bem das amplas massas, para a elevação espiritual do povo, para a perpetuação da individualidade da Nação!

A Helena Matos, a propósito da nomeação da Maria João Seixas para presidente da Cinemateca Nacional, como uma espécie de madrasta para suprir a orfandade dos cinéfilos portugueses, ainda não refeitos com a morte de Bénard da Costa (afinal, era mortal... como nós outros), a propósito disso, ela escreve o texto que acima transcrevo e que termina com um assassino:

...começa a ser tempo de se deixar de ver a cultura como uma espécie de região demarcada dos amigos de cada um.

Sunday, November 29, 2009

FARMÁCIA EXPO SUL - UM ACHADO!

A propósito de idas ao Hospital CUF Descobertas, falo-vos agora de uma verdadeira descoberta que fiz já há alguns meses e que é de toda a justiça publicitar aqui (completamente à borla).

Na rua que parte da rotunda da entrada sul da Expo, entre a torre da antiga refinaria e o Oceanário, há uma farmácia aberta até à meia noite, todos os dias, inclusive aos fins de semana e feriados:

a EXPOSUL.

Para quem tem filhos pequenos e se vê na contingência de procurar uma farmácia de serviço ao fim de semana ou a horas mortas, aqui está uma informação muito útil.

Há 20 anos teria sido para mim uma óptima informação, mas mesmo com o rebento a se aproximar dos 30, esta farmácia tem sido um apoio inestimável. Eu, entretanto, estou quase nos 60, de modo que a necessidade de farmácia vai-se deslocando do rebento para os troncos principais...

Ainda por cima somos atendidos por malta novinha, eficiente e simpática, com um cinturão amarelo a cerrar a bata - não sei se tem alguma coisa a ver com o Judo ou Karate, mas dá-lhes um toque engraçado.

O único senão é o estacionamento que não é famoso, mas à noite e ao fim de semana pode-se parar um pouco por todo o lado, pois o trânsito é escasso.

Ao lado, veja os detalhes.

FALTA DE VERGONHA NA CARA...

Na passada sexta feira fui fazer vários exames ao hospital da CUF Descobertas, na Parque Expo, na sequência dos quais fui a uma consulta.

O hospital funciona muito bem, tem um excelente parque de estacionamento na cave, há um parque público à superfície a escassos 100m do hospital, o atendimento é rápido, o ambiente e instalações agradáveis, o pessoal (os médicos estão incluídos no pessoal) eficiente e amável.

Depois de me ter inscrito, pago e esperado um pouco (10 minutos, não mais) na sala de espera, fui chamado por uma funcionária (respondi EU!!!), e, enquanto me dirigia para a porta onde estava a funcionária, ela chamou um segundo paciente, a que vou chamar "Dito Cujo" (eu continuarei a ser "Eu"). Comboiou-nos a ambos até junto a uma porta, informou-nos de que o "nosso médico" estava naquele consultório, indicou-nos uma pessoa que já estava à espera para ser atendida e disse-nos que a seguir a ele entraria Eu e a seguir a mim entraria o Dito Cujo.

Falou directamente para mim e para o Dito Cujo, indicando a mesma ordem com que nos chamara, quando estávamos na sala de espera. Sem margem para equívocos, diria eu.

Entrou a pessoa que estava à espera e, pouco depois, a funcionária voltou a aparecer e, falando para mim e para o Dito Cujo, repetiu a ordem de entrada: primeiro Eu, a seguir o Dito Cujo.

Passado algum tempo, abre-se a porta do consultório e sai o paciente que fora atendido antes de nós. Para meu grande espanto, o Dito Cujo, que estava sentado junto à porta do consultório, agarra nos exames e levanta-se. Eu aproximo-me, nas calmas, e o Dito Cujo avança que nem um leão para a porta do consultório, sem olhar para o lado, é recebido pelo médico com um aperto de mão e entram os dois. Ou melhor, começam a entrar...

Claro que não me fiquei. Disse qualquer coisa como "Um momento, estou primeiro que esse senhor".

O Dito Cujo parou no limiar do consultório, o médico foi à secretária, pegou no processo que estava por cima e disse: o sr José Correia, se faz favor.

O Dito Cujo não se deu por achado, limitou-se a dar um passo atrás, mas ficou especado a um metro da porta. Passei por ele, disse qualquer coisa como "É preciso ter lata!" e lá fui entrando.

Desgraçadamente não fixei o nome do Dito Cujo, para o chapar aqui. A coisa aconteceu na sexta feira, dia 27/11, cerca das 17h30, na consulta de Urologia da CUF Descobertas e o Dito Cujo não era nenhum velhote decrépito nem tinha ar de estar com um caso urgente, que justificasse a ultrapassagem.

E que justificasse! Nada (a começar por uma educação básica) o dispensaria de se me dirigir e dizer qualquer coisa como "Por isto ou por aquilo, preciso de ser atendido já; não se importa, etc, etc?".

Há pessoas com uma lata, com uma desfaçatez, que me deixam perfeitamente espantado! E disposto a estrilhar na hora...

Saturday, November 28, 2009

OS TRISTONHOS DETRACTORES DE TROUFA REAL

Nuno Teotónio Pereira foi um dos "vultos" que vieram a público condenar a igreja que a paróquia do Restelo tem em construção, com projecto do arquitecto Troufa Real. O (também) arquitecto manifestou-se em tons bastante contundentes para a obra do colega Troufa que, na desportiva, desvalorizou a opinião do velhote e assumiu que gosta de uma arquitectura que dê nas vistas, que privilegie a criatividade, a imaginação (palavras minhas, o que me ficou do que se publicou sobre o assunto).

Para que os meus queridos leitorzinhos percebam do que estão a falar os dois arquitectos, chapo aí ao lado um prédio (aliás "uma unidade urbanística de habitação", desculpem-me ter-lhe chamado prédio...) projectado por Le Corbusier que Teotónio Pereira considera ter sido a obra que o inspirou, impressionou e empolgou (?!).

O prédio (insisto no erro...) é do mais corriqueiro que imaginar se possa e apenas umas paredezitas coloridas introduzem no projecto um pequenino toque de arrojo. Isso, e o facto de ser uma ilha, bem ao gosto da carta de Atenas, o que, convenhamos, não o torna menos corriqueiro nem mais espectacular e/ou arrojado...

Percebe-se, pois, que o decrépito arquitecto não consiga acompanhar a pedalada do colega Troufa que, não obstante já ter passado os 70, sempre teve um sentido de actualidade e modernismo que desmentem a idade que já vai tendo.

Alguns edifícios na zona sul da Expo da autoria do arquitecto Troufa Real mostram o contraste entre o exuberante Troufa e o triste profissional que se empolga, impressiona e inspira com o prédio (...) da foto acima.

Ao lado, o topo sul de um edifício da autoria de Troufa Real, com um grafismo de belo efeito (distorce ou reforça a perspectiva), encimado por uma espécie de bibelot metálico de grandes dimensões.

Se o dito cai, arrancado por uma ventania numa noite mais tormentosa, não deve provocar poucos danos, não!

É de se dizer, literalmente:

SAI DEBAIXO!!!

Friday, November 27, 2009

LUANDA EM 1955 - FILME

Mão amiga enviou-me um link para um filme (cerca de 30 minutos) sobre Luanda.

É um verdadeiro documento sobre o que era Luanda 6 anos antes do início da guerra:

Praias onde quase só se vêem brancos com grandes barrigas e chapéu colonial (será?!), estivadores 100% pretos, mas também a baía sem assoreamento nem poluição, a ponte para a ilha estreitinha, a praia do Bispo ainda praia, o mamarracho da Maria da Fonte ainda em pé (era o edifício dos serviços de agricultura, salvo erro, a "fechar" a avenida dos Combatentes, que só foi abaixo nos anos 70, se bem me lembro...), a cidade irreconhecível sem edifícios de mais de 4 andares (nem sequer estava construído o edifício do l'Étoile - "do alto do mais alto arranha céus da Marginal..."), o edifício da Polo Norte (mais tarde sede da Sonangol por várias décadas) a destacar-se na paisagem, com sorveteiros empurrando os carrinhos dos sorvetes à mão, p'ra vender p'rós minino, etc, etc, etc.

Nestes etc é de destacar os sinaleiros, nas suas farpelas e capacete característicos, alguns eram verdadeiros dançarinos em cima da peanha.

Era bizarro ver os patrício a dar ordens nos branco e estes a acaterem - em geral acatavam - só nesta situação muito especial em que os semáforos ainda não tinham feito a sua aparição e tardariam mais uns bons 20 anos a fazê-lo...

A propósito da Maria da Fonte, o monumento, ele próprio um mamarracho bem ao (mau) gosto de Estado Novo, o filme mostra o que parece ser o innício das obras de mercado do Kinaxixi, recentemente demolido, contra a opinião da rapaziada que acha que, mesmo não tendo utilização como mercado há uns bons 20 anos, devia ser mantido (por quem?) como testemunho da arquitectura portuguesa dos trópicos (leia-se arquitectura colonial...).

Veja como quiser e o que quiser... mas clique no link e veja como era Luanda em 1955!

Wednesday, November 25, 2009

VIVA O 25 DE NOVEMBRO, VIVA A LIBERDADE, VIVA PORTUGAL!!!!

HOJE COMEMORA-SE, DISCRETAMENTE, A EFEMÉRIDE MAIS IMPORTANTE DESDE A QUEDA DO ESTADO NOVO:

O 25 DE NOVEMBRO EM QUE FORAM A ENTERRAR DE VEZ AS ASPIRAÇÕES DO PC E DA ESQUERDA DITA REVOLUCIONÁRIA DE INSTAURAR EM PORTUGAL UM REGIME TALHADO SEGUNDO O FIGURINO DA UNIÃO SOVIÉTICA - QUE A ISTO SE RESUMIA O ANTIFASCISMO DO CUNHAL E COMPANHIA

O VERDADEIRO 25 DE ABRIL DEU-SE, AFINAL, A 25 DE NOVEMBRO DO ANO SEGUINTE.

NESTA DATA, EM QUE PORTUGAL RECOMEÇOU A REVER-SE MAIS NA EUROPA COMUNITÁRIA E CADA VEZ MENOS NAS DITAS DEMOCRACIAS POPULARES, NADA COMO RECORDAR ALFREDO MARCENEIRO, UM GRANDE FADISTA, UM GRANDE LISBOETA, UM ORGULHOSO PORTUGUÊS.

AQUI VOS DEIXO LINKS PARA ALGUNS DOS MAIS BELOS FADOS QUE ELE CANTOU.

fado Viela

O Bêbado Pintor

O Pagem

A Casa da Mariquinhas

Toma lá Colchetes d'Oiro

Leilão da Casa da Mariquinhas

É tão Bom ser Pequenino

O ZÉ PRACANA DÁ UMA AJUDINHA COM A

Lenda das Rosas

E COM Um Fadista já Cansado

Sunday, November 22, 2009

A CARTA DA COMPAIXÃO - UMA OUTRA ABORDAGEM À DESIGUALDADE

Clique para ampliar e ler melhor - depois use o zoom + e - como aplicável.

A Carta da Compaixão (veja mais aqui ) foi desenvolvida com base na "regra de ouro" enunciada por Karen Armstrong e que é de uma simplicidade (naïf será o termo mais apropriado) a toda a prova:

Não faças aos outros o que não desejas que os outros te façam e, de forma positiva, faz aos outros o que desejarias que os outros te fizessem.

Veja o que a Karen tem a dizer sobre este movimento (mais um?) - clique aqui .

Será que este movimento poderá levar os fundamentalistas a descerem do seu pedestal e aceitarem que as suas ideias estão ao mesmo nível que as dos outros e que nenhum direito lhes assiste a lhes imporem as suas regras? Se conseguirem isso, terá sido dado o grande passo para que a compaixão assente arraiais.

Sem isso, batatas.

Saturday, November 21, 2009

FILIPE BALESTRA E A SAMBARQUITECTURA

A Alexandra Prado Coelho publicou uma reportagem notável no passado dia 20 de Novembro (ontem), na P2 do Publico. Reproduzo a seguir a primeira parte, a que trata de um projecto para a favela Rocinha, no Rio, deixando de parte o resto da reportagem sobre um projecto semelhante em bairros de lata na Índia.

A reportagem refere-se às ideias e ao trabalho de um arquitecto português, Filipe Balestra, que "ataca" a favela numa óptica completamente diferente da habitual, com o objectivo de melhorá-la. Considera-a uma "aldeia urbana" assente em "redes sociais fortíssimas" e defende a preservação desta "arquitectura sem arquitectos".

Veja mais aqui sobre o Filipe Balestra e o seu conceito de Sambarquitectura.

A atitude habitual é construir uns prédios para re-alojar os habitantes das barracas, demolir as ditas e constuir lá prédios de apartamentos. Veja-se a campanha para acabar com as barracas, em Portugal...

O realojamento dos favelados (ou dos habitantes das barracas, em Portugal) faz-se, em geral, em bairros periféricos, aproveitando a totalidade do espaço onde estavam as barracas, muitas vezes em zonas nobres, perto do centro das cidades, para intervenções imobiliárias.

No caso da Lisboa do tempo dos socialistas (João Soares & Cia) o realojamento dos pobres e as casas dos ricos eram feitas "tudo à mistura" para "integrar" os pobres, não os "excluindo" da sociedade. O resultados não foram brilhantes.

Filipe Balestra apercebe-se de que a resolução do problema das favelas passa quase sempre pela cedência aos interesses dos grupos imobiliários, e ao desprezo total ou quase pelo bem estar dos habitantes das favelas vistos como malandros, traficantes ou, no mínimo, acobertadores e cúmplices dos traficantes. Atira com os favelados para periferias a várias horas do centro e não resolve os problemas sociais (nem de polícia).

O artigo é muito interessante, como interessante é o conceito de sambarquitectura e das intervenções cirúrgicas, a que se refere como acupunctura.

Veja um filmezinho sobre a escola da Rocinha .

Clique para aumentar e ler.

VAI AOS ESTADOS UNIDOS? LEIA ISTO

Habituado aos novos tempos em que não precisei de tratar de visto prévio para ir ao Brasil, a Israel, à Turquia, ao Abu Dhabi, ao Dubai, a Marrocos, a Cabo Verde, a Cuba (neste caso tratou o operador turístico), ao México, a ter tido visto para a Índia de um dia para o outro (com cunha, mas, enfim...), dei por mim há pouco tempo a perguntar aos meus botões, preocupado, o que seria preciso tratar para ir aos States (afinal, acabei por não ir) pois constava-me que, mesmo para os bem comportados cidadãos da União Europeia, a entrada nos States não era assim à tão à balda como nos países que referi acima.

No blog Casa da Garoa (lembram-se do tango?) encontrei um post que é uma verdadeira delícia: A HUMILHAÇÃO SUPREMA.

Transcrevo a seguir, na íntegra. É um verdadeiro manual de burocracia que faria roer de inveja os nossos burocratas dos anos 50 e 60.

Não perca.

"Então chega o grande dia da humilhação suprema, de implorar aos burocratas a serviço do Grande País do Norte por uma autorização para poder gastar dólares no país deles. Dia esse que precisou ser agendado 38 dias antes, mediante o pagamento de taxa simbólica de R$ 38, e que começa já com uma fila na rua, formada por um funcionário que decide, depois de consultar uma leitora de código de barras, quem passa ou não pelo portão. Vinte minutos depois, já na segunda fila, do lado de dentro do muro mas ainda fora dos domínios consulares, um arrastão de funcionários solícitos e gritalhões vistoria as seis páginas de formulários que todos os aplicantes devem trazer preenchidas, indicando onde devem completar informações que faltam, o que escrever em cada um dos enigmáticos quadros.

Os gritalhões também zelam para que esteja lá, bem grampeado, o comprovante do recolhimento da taxa maior – essa nada simbólica, R$ 249 – que se tem de pagar para ganhar o direito de implorar pelo visto.

Mais 30 minutos se passam antes que você entre por uma porta blindada para ser aliviado dos seus eletrônicos, todos confiscados até a sua saída, e passe por um detector de metais que o libera para pegar a terceira fila do dia, a da senha. Senha esta que lhe dará o direito de pegar a quarta fila, 25 minutos depois, para o guichê da pré-entrevista, onde você chega em mais 20 minutos e ouve o atendente lhe dizer, gentilmente, que não pode usar óculos na foto, apesar de isso não estar escrito nas instruções daquele site onde você pagou R$ 38.

Você deve, então, pagar mais R$ 14 na lanchonte para tirar outra foto e voltar ao mesmo guichê para ganhar o direito de entrar na quinta fila do dia, onde espera bem 30 minutos antes que sua senha seja chamada para que você deixe para sempre seus dedinhos escaneados nos arquivos digitais do Grande País do Norte. Cumprido esse procedimento, você está liberado para aguardar na sexta fila do dia, a da entrevista propriamente dita.

E quando sua hora chega, 50 minutos depois, o Senhor do Visto, por trás de um vidro blindado e com a voz metalizada do sistema de som, pergunta sua profissão, o que deseja fazer no Grande País do Norte, e então lhe oferece uma chance única: você gostaria de ampliar a sua autorização de visita?

Se pagar mais R$ 102 no guichê ao lado, você poderá gastar seus dólares não só em passeios, mas também em pretensos negócios. E não precisará passar por toda essa humilhação de novo, caso lhe surja no futuro uma oportunidade de congresso ou evento profissional. Não, você não ganha de brinde facas guinzo nem meias vivarina, mas mesmo assim aceita a sugestão e encara a sétima fila do dia, para aliviar seu bolso na quantia exigida.

De volta à janela de vidro do Senhor do Visto, 15 minutos depois, você apresenta o comprovante do pagamento. Ele agradece, lhe entrega um papelzinho alaranjado e o orienta a procurar a oitava fila, onde você vai pagar mais R$ 19 reais – desde que resida na mesma cidade do Consulado – para que lhe devolvam o passaporte pelo correio.

Você não pode retirar o passaporte pessoalmente? Não, você é obrigado a pagar a taxa e torcer para que o Correio não perca o passaporte novo, que você acabou de fazer por R$ 156, só porque o antigo ia expirar dentro de seis meses e o Grande País do Norte se reserva o direito de não emitir vistos em documentos de viagem com validade inferior a esse prazo.

Mas e a autorização, está concedido? A voz metálica do Senhor do Visto soa ameaçadora: não pode lhe dar esse tipo de informação. Taxa do correio paga, você caminha cabisbaixo para o carro. E como passou três horas dentro do Consulado da Empáfia, morre com mais R$ 21 de estacionamento.

Quem é bom de matemática não precisará de esforço para saber que gastou R$ 599 para perder uma manhã de trabalho e voltar para casa sem a certeza de que será agraciado com tal visto."

Fantástico!!!