Saturday, February 23, 2013

DEPOIS DO REPASTO, LOUREIRO ARROTA...

Loureiro dos Santos depois do jantar dos "preocupados" diz que as FA's, com os corte em perspetiva arriscam-se a não poder cumprir a sua missão de defesa da Pátria.
 
Mais uma vez o general Loureiro nos quer comer por lorpas, talvez pelos salamaleques que terá recebido dos seus pares durante o jantar de "generais e almirantes na reserva e reforma".
 
O senhor general não deveria julgar que o cidadão mais distraído imagina que com o presente orçamento, antes dos cortes, tem alguma remota hipótese de defender "a Pátria" contra, por exemplo, uma invasão espanhola. Nem com um orçamento 10 vezes maior...
 
O senhor general está marreco de saber que nem sequer é essa a missão das FA's de um pequeno país que vive paredes meias com um grande vizinho.
 
Esta questão foi bastamente discutida aquando da invasão de Goa: Salazar queria que na tropa portuguesa, após a invasão, apenas houvesse heróis ou mortos.
 
Vassalo e Silva rendeu-se após alguma resistência com mortos de parte a parte e cumpriu a sua missão. Como?
 
É que a missão das FA's não é necessariamente defender eficazmente o território contra a invasão inimiga (no caso de Goa uns 4.000 soldados mal armados contra, se bem me lembro, 20.000 indianos com blindados, marinha e aviação em quantidades confortáveis) mas garantir uma resistência inequívoca e clara que viabilize num tribunal internacional uma queixa contra o Estado agressor. Essa queixa não tem credibilidade se a invasão for "aceite", sem resistência. Não é preciso seguir o figurino idiota de resistir até à "última gota de sangue"; basta uma resistência clara e indiscutível, como a das NT em Goa.
 
Claro que há as demais missões de soberania como a defesa da zona económica exclusiva contra pesca ilegal, não contra a 6ª esquadra americana em trânsito para a sua "casa" no Mediterrâneo ou contra uma esquadra espanhola em manobras...
 
Portanto era interessante que o senhor general nos explicasse melhor que parte da "defesa da Pátria" ficava comprometida com o corte dos 200 milhões em vez de arrotar postas de pescada para o pagode pasmar com a segurança teórica do velho cabo de guerra.

ALDRABICES DO LOUREIRO



O senhor general Loureiro dos Santos, pessoa de que me habituei a louvar a moderação, ponderação, bom senso e, até onde posso avaliar, alguma sabedoria no modo de encarar o papel das FA's na sociedade.

Mas ontem o homem excedeu-se e, aproveitando estar de alforria, como militar reformado, atacou o Governo de forma canhestra e ... aldrabona.
 
Que disse sua excelência? Simplesmente esta aleivosia:
 
Assim como um General que não alcança os objetivos é demitido, o Governo tem que assumir a responsabilidade de ter falhado as suas metas e deve demitir-se.
  
Compreende-se: neste momento o Governo está na mó de baixo, a esquerda na mó de cima, o senhor general não podia perder a oportunidade de fazer pilhéria e faturar nos media, antes da jantarada do ranchinho dos sentados à mangedoura do OGE, como se lhes referia, e muito bem, o pai do Miguel Sousa Tavares.
 
Acontece que o senhor general está marreco de saber que estava a dizer uma bacorada: a história recente (e antiga) está cheia de exemplos de generais derrrotados ou que não conseguem vencer o seu IN, ou que deixam uma situação no terreno pior do que a que encontraram e não são demitidos, punidos, processados.Às vezes até são promovidos...
 
O nosso arquigeneral, o homem da prosápia e do pingalim (o Spinola), esteve na Guiné 5 anos a tentar ganhar a guerra (ou ao menos, sair numa situação airosa) e, afinal, cedeu ao IN toda a parte sul da Guiné permitindo (ou sendo obrigado...) que IN declarasse a independência com base nesse território "libertado", no que foi reconhecido por metade dos países com assento na ONU.
 
Essa cedência não lhe deu mais força no restante teatro de operações e, quando foi "rendido" por Bettencourt Rodrigues, até a nossa superioridade aérea o PAIGC tinha eliminado e estava a um passo de nos escorraçar da Guiné.
 
Spínola, entretanto promovido a general (era brigadeiro no início da sua "campanha") recebeu mais uma estrela, a quarta, e ocupou o cargo de vice chefe do estado maior general das FA's, cargo novinho em folha, criado especialmente para ele.
 
Mas não é só por cá que a coisa funciona assim, e não como o Loureiro afirma. Dois casos:
 
Rommel escovado que foi do norte de África, foi feito Marechal de Campo e recebeu um dos principais comandos militares do Reich - comandante da frente Oeste, responsável pela "muralha do Atlântico".
 
Douglas Mac Arthur, depois de os States terem sido apanhados de surpresa em Pearl Harbor, foi apanhado de surpresa nas Filipinas totalmente impreparadas para a invasão japonesa. Retirou com o rabo entre as penas mas não foi demitido e teve a oportunidade de ir subindo na hierarquia até general de 5 estrelas. Só caíu quando Truman, o Presidente das decisões difíceis (e acertadas...) o demitiu do comando chefe das forças ocidentais na Coreia (por "política independente" da do Presidente).
 
É muito feio o senhor General dizer aldabices convenientes à sua retórica do momento, confiante em que o pagode "come e cala" porque não percebe nada do assunto.

De que, pensará ele, só a tropa percebe...

Saturday, February 02, 2013

ACABAR COM OS RICOS, A TINETA DO COMUNISMO


A parangona sobre a entrevista de Américo Amorim vem ao encontro do que o meu saudoso amigo Eduardo Santos dizia: é preciso acabar com os pobres e não acabar com os ricos.

A principal razão do insucesso do comunismo na criação de riqueza foi o ênfase que foi posto desde o início em acabar com os ricos - uma vez atinjido esse "objetivo", toda a riqueza seria distribuída pelo povo consoante seu trabalho, mais tarde consoante as suas necessidades. O PCP, sem imaginação para ultrapassar a ortodoxia e sem coragem para mandar Cunhal às urtigas, mantém-se nesse caminho, firme e hirto, sem hesitações.
 
O desenho publicado no mural de José Pedro Namora no FB (reproduzido ao lado) com um capitalista/banqueiro, gordo e rodeado de sacos de dinheiro, a ser carregado por dois proletas famélicos que se esfalfam por apanhar a cenoura (o Euro, neste caso), é bem testemunho de que essa análise marxista de meados do século XIX continua a ser a "correta" para o PCP do século XXI.
Esta visão do capitalismo selvagem assente num exército de desempregados andrajosos e sem apoios de qualquer espécie, totalmente à mercê do capitalista que lhe rouba a "mais valia", bem retratada nos romances de Dickens, traduzia bem a realidade do início da revolução industrial, mas não tem nada que ver com o que se passa hoje.

O capitalismo soube adaptar-se (foi forçado a adaptar-se) para sobreviver às profecias do Marx e Lenine e continua de vento em popa não obstante os trabalhadores de hoje ganharem o suficiernte para terem casa própria, carro, comerem bifes todos os dias (a ponto de morrerem de enfartes e não de fome) e mandarem os filhos para a Universidade. E em Portugal, por muito que o PCP & Cia pintem uma imagem de fome, desgraça e tragédia, o capitalismo está longe de (poder) voltar ao que era nos tempos do Dickens.
 
Segundo a vulgata comunista, a apropriação coletiva dos instrumentos de produção conduziria à majoração da produção e da produtividade por os trabalhadores esterem a produzir para si próprios e não para o patrão. Essa tese ficou, manifestamente comprovada com a experiência socialista: efetivamente o trabalhador da UCP, da cooperativa, da empresa socialista não sente que esteja a trabalhar para si, antes pelo contrário. Sente que está a trabalhar para o Estado, a beneficiar a nomenklatura do Partido, que fica com tudo e lhe distribui migalhas.

Fica por saber como seria se o Estado socialista efetivamente fosse um Estado popular. Mas aí, estamos nitidamente no domínio da filosofia, da ciência das coisas etéreas...

Como bom "funcionário público" o trabalhador no "socialismo" vinga-se e faz o menos possível - e lá se vai a produção e a produtividade (e a qualidade...) para as urtigas.

A questão, como 70 anos de URSS e "mundo socialista" muito bem comprovam, a questão é que sem a possibilidade de um indivíduo enriquecer (pelo seu mérito, mas também pela sua "ratice" - ainda não temos o "homem novo"...) a criação de riqueza fica bloqueada, não desenvolve e o que há para distribuir não chega para que o nível de vida do povo vá além do que em países capitalistas não é mais que pobreza franciscana.
 
Mais uma vez a China é exemplar, desde que Deng, o pequeno Timoneiro, proclamou que enriquecer é glorioso e lançou as bases para uma saudável economia capitalista.

Portanto, amigos meus, deixemo-nos de tretas e procuremos criar condições para que mais empresas se sintam atraídas para operar em Portugal em vez de afugentarmos os empresários.

É que sem eles, não há empregos para ninguém!