Tuesday, January 30, 2007

Os abortos da D. Adozinda

No debate dos prós e contras, tal como num outro em que participei na semana passada, algumas pessoas insistiram em ares enfatuados e frases patetas do género "isto é muito sério!", "não devemos fazer humor com isto" e outras tonterias de malta sisuda, que se leva imensamente a sério.

Sorry!

Aqui vai uma estoriazinha dos tempos em que um aborto era um aborto, era uma coisa que a vizinha (a Sra Aldegundes, a D. Gracinda, a Sra D. Tomásia) fazia porque um homem não é de pau e a gente tem que se precaver, não é vizinha?

A sra Adozinda era um mulherão nos seus trintas, provida de carnes e abundante em humores e calores. O sr Manel, já nos seus cinquentas não lhe acompanhava a passada, mas fazia por cumprir os seus deveres a que se comprometera perante a Santa Madre Igreja, que é como quem diz perante o padre Júlio, de sua alcunha o topa todas...

Claro que ao fim de alguns anos de casório, o padre Júlio, das receitas de ave marias e padre nossos que passava à boazona da Adozinda, já passara a aviar as receitas ao domicílio, evitando que aquela ovelha tonta desse cabeçadas com o padeiro ou o marçano, o que levaria aquele lar à desgraça e a Adozinda à perdição.

Assim, ficava tudo em paz, com recato, equilíbrio e o bom do topa todas lá ia mantendo em respeito o mafarrico que tanto o atormentava com o aguilhão da carne.

Para abreviar, um belo dia o sr Manel chegou cedo a casa, a ciática tinha voltado a atormentá-lo, deitou-se logo e só no dia seguinte é que saíu da cama e de casa, já mais arribado e razoavelmente bem dormido.

O padre Júlio, por mór da maleita do dono da casa, tivera que passar toda a tarde e toda a noite fechado no guarda fato, para onde a Adozinda o empurrara mal ouvira o marido empurrar a porta de casa.

Saído o sr Manel, a Adozinda corre ao guarda fato e abre a porta para o padre sair.

- Sr Padre, como é que se aguentou este tempo todo, que o rais parta do meu Manel não havia meio de desamparar a loja?!

- a princípio muito mal, muito mal; a fomeca começou a apertar e não havia forma de a acalmar. Até que, tateando no escuro, encontrei uns frascos com picles, que foi o que me aguentou até agora. Por acaso, até não eram nada maus, não senhora!

- Ah! porra do padre que comeu os meus abortos, rais o partam!

Pano rapidíssimo.

Prós e Contras - o SIM versus o NÃO

O programa prós e contras da RTP desta noite consistiu num debate moderado entre um grupo de adeptos do NÃO (a tontinha da Laurinda Alves, o dr Aguiar Branco, o dr Lapa (?) o engº Fernando Santos, a fadista Kátia Guerreiro, etc) e do SIM (o Pureza do BE, o prof Vital Moreira, a escritora Lídia Jorge, etc), razoavelmente civilizado, mas sem trazer nada de mais, como era de esperar.

A rapaziada do NÃO fala de bébé, de filho, de criança quando se refere ao feto, não saindo do que considera a defesa da vida. Contudo, muitos deles, o dr Aguiar Branco, por exemplo, aceitam tranquilamente o aborto no seguimento de violação. Outros aceitam, nas calmas, que em caso de perigo de vida para a mulher ou malformação do feto, se faça o aborto.

Fico sem perceber onde lhes fica a defesa intransigente da vida.

De qualquer modo, falando de filho e de criança, nenhum se declarou apoiante de que o aborto seja punido como infanticídio (forma de homicídio, assassinato, portanto) e, pelo contrário, muitos afirmam não querer que as mulheres sejam punidas.

Fico baralhado. É criança ou não? Sé é, matá-la é menos crime se tiver menos de 1 ano? Menos de 2 anos? Menos de ... ?

O SIM quase só fala da mulher, insiste na protecção à mulher, na criação de condições seguras caso queira abortar, mas recusa pronunciar-se sobre o significado de matar o feto (é terminar uma vida? desde quando é que será crime? etc). Mantém-se, no fundo, fiel à linha histórica, ao modo como a questão surgiu, precisamente para fazer face ao aborto clandestino, feito por vizinhas mais ou menos bruxas ou parteiras, como método de contracepção, com taxas de mortalidade consideráveis.

Só o Vital Moreira aflorou a questão, não afirmando nada, mas desafiando os do NÃO, que enchiam a boca de "criança" e "filho", a requererem a criminalização do aborto como infanticídio, em nome da coerência.

Em resumo, nada de novo à esquerda ou à direita, a treta habitual.

Como era de esperar: afinal toda a gente sabe, quem aborta e quem não aborta, desde sempre, que o que se desenvolve dentro da barriga da mulher vai ser um bébé ao fim de mais ou menos 9 meses. Até lá ...

(os dois "bonecos" que ilustram o post são, como é bom de ver, da autoria de mestre José Vilhena, a quem agradeço)

Sunday, January 21, 2007

A propósito do aborto (ups!) da IVG

O referendo do próximo mês traz-nos ao televisor, ao rádio, aos jornais as habituais tiradas dos donos da vida (a malta pouco recomendável do NÃO) e dos amigos das mulheres (a malta não mais recomendável do SIM). Traz-nos também à memória um episódio delicioso protagonizado por Natália Correia, então Deputada da Nação, e um colega de legislatura, um pateta do CDS, João Morgado de sua graça, que achava que «O acto sexual é para ter filhos».

Teve o azar de o afirmar em plena Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, e a Natália começou imediatamente a escrevinhar, a escrevinhar, a escrevinhar, até que pediu a palavra. Leu o seguinte poema, que mão amiga me fez chegar há pouco:

Já que o coito - diz Morgado -

tem como fim cristalino,

preciso e imaculado

fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão

sexual petisco manduca,

temos na procriação

prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,

lógica é a conclusão

de que o viril instrumento

só usou - parca ração! -

uma vez. E se a função

faz o órgão - diz o ditado -

consumada essa excepção,

ficou capado o Morgado.

( Natália Correia - 3 de Abril de 1982 )

Sunday, January 14, 2007

Naufrágio a 20 (vinte) metros da praia!

Desde que o Luz do Sameiro naufragou em plena praia da Légua, a vinte metros da areia (pelas fotos, não deve ter sido a muito mais), temos ouvido as mais desencontradas tomadas de posição dos "responsáveis" pelos vários institutos e instituições envolvidas na função de prevenir acidentes e salvar vidas, num desagradável prolongamento duma silly season que foi fértil em disparates e tontarias.

Tenho estado calado, porque, entre outras coisas, me apetecia ter perguntado por que carga de água os náufragos não se atiraram à água e nadaram para terra? Com os coletes salva-vidas não teria sido grande problema. Mas... não tinham coletes salva-vidas? E por que carga de água não os tinham colocados?! Claro, é sempre delicado atribuir aos mortos alguma culpa pelo acidente que os levou... daí ter estado nas encolhas até agora.

Por outro lado, apetecia-me também ter perguntado por que carga de água, vários mirones (inclusive uma corporação de bombeiros) esteve na praia a ver os náufragos, um a um, caírem à água e serem enrolados, levados, submersos, afogados, sem que uma corda com uma bóia na ponta (ou sem ela) tivesse sido lançada. Vinte metros!!! Vejam bem a fotografia!!

Como diz o Zé António Saraiva, e muito bem, no SOL de ontem:

"há uns anos, alguém correria a avisar a capitania, esta faria um telefonema e meia hora depois o salva-vidas estaria a resgatar os náufragos".

Eu diria mais: há uns anos, enquanto se esperava pelo tal salva-vidas, alguém teria feito qualquer coisa, em vez de ficar a ver o mar pescar três vidas a escassos metros (as fotos não mentem) da praia.

O ministro da Defesa, depois da linguagem a puxar ao sentimento do chefe do estado maior da armada e dos inguéritos que vão ser abertos, aparece-nos agora, com o seu ar meio naïf, a dizer que foi feito tudo o que era humanamente possível para salvar os náufragos. Foi feito tudo, senhor Ministro? Não me diga! Será que acompanhou "de perto" a coisa, será que se informou, antes de se pronunciar?! Não me parece...

Deixando de lado os "responsáveis", a braços com as suas prioridades, os seus procedimentos, os seus prazos, encaremos outra realidade muito mais desagradável: o comportamento dos "não responsáveis" em todo este drama. Afinal, em que raio de gente nos estamos a tornar?! Em "cidadãos-funcionários" que esperam que venham os "meios competentes", sem tentarmos ajudar o nosso semelhante que morre à frente do nosso nariz, quase ao alcance da nossa mão?! Só porque não nos compete salvá-los?!

E que espécie de bombeiros (que espécie de gente!) fica nas encolhas sem usar tudo o que tem e não tem, inclusive uma mota de água, só porque não era a eles que competia fazer o salvamento?!

Repito a questão: em que raio de gente é que nos estamos a tornar?!

Friday, January 12, 2007

O Amor é ...

Eheheheheheheheheheheheheheheh!!!!

Tuesday, January 09, 2007

Outra vez o General Carlos "Arre Macho" Azeredo...



Saído momentaneamente da oubliette onde, para nosso descanso espiritual, tombou há muito, o general de cavalos & pingalim veio iluminar-nos com o seu patriotismo inabalável.
Assunto (pasmem, ó Tágides!): a nossa querida Índia, a pérola da coroa, Goa, pois então!

Tirada não se sabe de onde o Público veio repescar uma frase daquele cavaleiro que continua a ver na ocupação de Goa uma ataque ilegal (?!) e (etc) contra os Direitos Humanos.

Tá visto, os indianos tinham mais "Direitos Humanos" sob a pata do colono do têm integrados no país que coincide (por que será?!) com o sub continente indiano.

No tempo do Estado Novo esses "Direitos Humanos" tão caros ao senhor General, eram, como se sabe, uma enormidade de direitos.

Que saudades daqueles tempos, não é, senhor General?

A melhor da semana!

O Júlio Machado Vaz e a Ana Mesquita têm imensa piada.

Há pouco ouvi-os na edição da noite e o sexólogo rematou a sessão com uma frase deliciosa:

O sexo é como o bridge; se não temos um bom parceiro, é bom que tenhamos uma boa mão...

Monday, January 08, 2007

As Sete Maravilhas - de Portugal, claro!!!!

Não sei por que carga de água, o anúncio das sete Maravilhas do Mundo vai ser feito em Portugal.

Certamente, com pompa e circunstância, com montes de eventos paralelos, programas de entretenimento para participantes e acompanhantes, montes de jornalistas & equiparados a registar a grande revelação.

Com tal exposição mediática, era preciso que as autoridades que tutelam o turismo, os agentes turísticos, os operadores, etc, etc, fossem muito incompetentes (ou distraídos...) para não aproveitarem uma oportunidade destas.

E aproveitaram mesmo! Em vez de se limitarem a investir no evento, criaram um facto que pode ajudar a incrementar o turismo por uns tempos largos, criando um circuito que pode ter um programa próprio e que poderá ser articulado de diversas maneiras (a imaginação é livre) com outros programas. O circuito das Sete Maravilhas de Portugal e muitos outros que integrem uma ou mais com programas gastronómicos, de turismo de habitação, caminhadas, etc, etc, etc.

Qal foi a ideia? 'Tá-se mesmo a ver: criou-se um concurso paralelo que visa atribuir a sete "maravilhas" domésticas o estatuto de Maravilhas de Portugal. O momento não podia ser melhor para se fazer a sua divulgação e a promoção de circuitos para as visitar. Será uma espécie de Portugal dos Pequenitos? Bem, se se vender bem, qual é o problema?

Claro que há logo quem fique muito incomodado e que considere patético eleger sete maravilhas domésticas por não se ter nenhuma que entre nas sete mundiais. Se calhar é patético, se calhar é saloio, se calhar...

Mas não aproveitar as luzes da ribalta para valorizar os nossos sítios com interesse turístico e promovê-los, isso sim, seria saloio, patetico e, acima de tudo, pura idiotice.

Salazar fez-nos assim, pequeninos, pobrezinhos, tímidos e respeitadores...

Que porra!!!

Não à Pescanova!!!! A malta Quer cus!!!!

Mais uma vez a rapaziada da Quercus perfila-se como uma tenebrosa organização que se opõe a tudo o que mexe, a tudo o que traga bem estar, empregos, a tudo o que possa facilitar a vida das pessoas.

em Marrocos sai melhor!

Há poucos dias foi anunciado um vultuoso investimento da Pescanova em aquacultura (pregado, salvo erro), que dará emprego directo a umas 200 pessoas.

Hoje ouvi na rádio a maviosa voz do sr Spínola a ladrar (no offense to the dogs) contra o empreendimento, por estar previsto para um sítio integrado na sagrada Rede Natura 2000. O projecto foi recusado em Espanha pelo mesmo motivo, de modo que, ao que parece, a Quercus está empenhada em que o dito vá para bem londe daquela rede - se calhar vai acabar em Marrocos (ó p'rós marroquinos preocupados)...

... ou vai para um local alternativo, como hipocritamente alvitrou o sr Spínola, bem longe da costa, para não poluir o mar com antibióticos, restos de ração e... não sei que mais. O sr Spínola, saudoso da sua Madeira natal onde a aquacultura da truta se faz encosta acima, deve querer que a Pescanova vá criar pregados na lagoa comprida - se é que a sagrada Rede Natura 2000 não a engloba também (acho que sim).

Tá visto, Marrocos parece ser mesmo o destino de tão poluidora "fábrica" de pregado...

Mais uma vez, não vejo o que possa chamar a esta gentinha merdosa, de mais suave, que não seja:

CAMBADA DE BANDALHOS!!!!!!!

Tuesday, January 02, 2007

Decisões de Ano Novo

Neste ano de 2007 que agora começa, é mister tomarmos as decisões corajosas que nos permitam levar a vidinha a bom porto ou, como diz a patetatada actual, nos permita crescer como pessoas (o que quer que isso seja).

Mestre José Vilhena, sempre atento às nossas necessidades e vicissitudes, sugere uma decisão muito corajosa, para ser tomada por quem anda a saltar a cerca e já se sente sem fôlego para grandes cometimentos.

FELIZ ANO NOVO!!!!!!!

Na entrada deste novo ano, o Dr Zeco e eu próprio desejamos a todos os nossos leitorzinhos um ano de 2007 cheio de coisas boas!