Thursday, February 23, 2012

O Jaquim, valoroso combatente anti Acordo Ortográfico

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Como é que raio um tipo pode ser o "fundador" de um clube de "pensadores" e recusar-se a pensar, a aprender, não se interessar por perceber?!
Tal como dizia o Abraão Zacut do Stau Monteiro, também eu digo que agora sei que é possível: o grunho que a fotografia mostra, um tal Joaquim Jorge, fica psicologicamente (mentalmente?) bloqueado quando o Acordo Ortográfico vem à baila (à colação para ser mais "fino").
O homem está fora de si porque os brasileiros nos estão a colonizar e os angolanos vêm aí, caraças! O bom do Jaquim se calhar deu-se muito bem quando éramos nós a colonizar (colonizar mesmo!) mas agora enche-se de brios patrióticos quando lhe querem fazer pequenas alterações à língua que é algo (diz ele) de inegociável.
Nma coisa, contudo, o Jaquim tem razão: ele diz "Vou escrever sempre como aprendi e me ensinaram".
Passe a indigência mental de um tipo que é incapaz (não quer!) de aprender coisas diferentes, coisas novas, ele só se esquece que todos nós não só escrevemos mas falamos como aprendemos em pequeninos (com uns retoques na escola, na universidade e na vida) e não como a gramática ensina, ou seja:
Nós abrimos o E em espectáculo não por causa do C antes do T, mas porque aprendemos a falar assim em pequeninos. Claro que mais tarde, na escola, e mais tarde ainda, na universidade, vamos "perceber" por que é que as palavras se devem pronunciar assim e não assado, mas se aprendemos "assado", muitos de nós continuamos a dizer "assado" não obstante a escola nos dizer que a palavra se deve pronunciar "assim".
Lembrem-se só do hádem que muito boa gente usa porque aprendeu assim e, muitas vezes, o hádem resiste à escola e à universidade - o Jorge Coelho está longe, muito longe de ser caso único.
Moral da estória (*):
Não se assustem os que pensam que espectáculo vai passar a espetáculo (com E fechado, como quem espeta) só porque o C mudo cai. Não, Jaquim, não!
Espetáculo continuará a ser dito com E aberto desde que as criancinhas continuem a ser ensinadas a dizer assim. Como o são no Brasil.
Qual é o galho, cara?!

(*) ai que horror, dirá o Jaquim: estória, como escrevem os neocolonialistas brasileiros, que horror!!!

Sunday, February 19, 2012

A MORTE - ESSA COMPANHEIRA QUE QUEREMOS À DISTÂNCIA

 Soube esta tarde que o Zé Penha morreu na passada quinta feira. Não sei pormenores mas sei que a malvada impediu de vez que o nosso distanciamento se tenha podido resolver. Afastei-me quando me apercebi que uma caricatura que publiquei sobre o holocausto tinha causado mal estar com a Rita, cuja família foi, em grande parte, ceifada nos campos de extermínio nazistas. Tive pena porque o Zé era um dos poucos amigos novos que fiz nos últimos dez ou 15 anos. Um homem bom e honesto. Paz à sua alma!


No mes passado tinha morrido o João Nunes Oliveira. Tinha-os apresentado e fizemos alguns almocitos com mais um ou dois amigos. A tertúlia que se desenhava não vingou por causa do meu afastamento do Zé Penha numa altura em que o relacionamento deles ainda não se tinha autonomizado. Foi pena, mas não podemos fazer nada contra a fatalidade quando ela, inexorável, nos sai ao caminho. Há que continuar e tirar as devidas lições, tratando as amizades com desvelo e cultivando-as com todo o cuidado.
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Entretanto, o nosso mundo vai-se estreitando...

O CARDEAL CASTRO E A DESONESTIDADE DA COMUNICAÇÃO (ANTI) SOCIAL

O que afirma Pereira...

A nossa comunicação social, ávida de "vender", é pouco fiel na notícia sobre o que o Cardeal Monteiro de Castro terá dito quando afirma que ele disse que "a mulher deve ficar em casa, etc...".

O que ele disse (é só procurar n...a net) foi: “o maior problema de Portugal” é o “pouco apoio que o Estado dá à família”; mais: “a mulher deve poder ficar em casa, ou, se trabalhar fora, num horário reduzido, de maneira que possa aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, que é a educação dos filhos”.

Qual é o partido, sindicato ou associação que é capaz de negar às mulheres trabalhadoras a longa licença de parto que se destina precisamente a garantir que a mãe possa ficar em casa a tratar do filho. Além disso garante-lhe um horário especial para aleitamento e é reivindicação antiga que haja creches no local de trabalho das mulheres para que as mães possam ter uma presença relevante junto dos filhos pequenos.

É isto que o Cardeal defende (que a mulher "possa", repito "possa" estar mais tempo em casa a tratar dos filhos, em particular as trabalhadoras).

Então, qual é a objeção?

Portugal, um país de descontentes

Figura 1: PIB per capita, posição no ranking mundial do IDH, satisfação "com a vida"
Em cima, a população de cada estado

Na habitual arrumação de fotos novas e antigas, fui dar de caras com uns recortes de Novembro de 2011, do Público, que permanecem tão atuais como se os tivesse sacado da Pública de hoje.
São excertos de um estudo sobre a evolução do IDH (índice de desenvolvimento humano) que assenta em vários parâmetros, nomeadamente o PIB per capita, mas que vai muito mais além: esperança de vida, mortalidade infantil, escolaridade, despesa com saúde e educação, etc. Portugal tem visto o seu índice progredir de forma consistente no período em apreço, 1980 a 2011, encurtando a distância que nos separa do primeiro, a Noruega (figuras 2 e 3).
Vendo os índices, Portugal não está nada mal colocado quer no indicador relacionado com os bens materiais (PIB per capita) quer nos indicadores relacionados com o acesso a benefícios sociais (saúde, educação, etc). A expectativa de vida e a mortalidade infantil têm progredido de forma positiva colocando-nos numa posição muito confortável perante a morte (para ser direto).
Não obstante estes dados, os meios de comunicação cá da terra estão permanentemente cheios de artigos dos próprios e de declarações (entrevistas, etc) de terceiros que nos querem fazer acreditar que os pobres estão a morrer de fome, que nos hospitais as pessoas são tratadas cada vez pior, as refromas estão ameaçadas, o dito Estado Social está a ser "atacado" pelos ultra liberaris que o querem destruir.
Note-se que este tom apenas se agudizou com a presente crise mas antes dela os jornais e televisões usavam a "tragédia iminente" como o meio mais fácil e barato de vender o seu produto.
Estou convencido que muita gente acredita mesmo quando o PCP ou o inacreditável Arménio Carlos (ou a pateta da Ana Avoila ou a vermelhusca da Heloísa Apolónia) dizem que há gente a morrer de fome e que o Estado Social está a ser destruído!
Reparem que quando os governos desde, talvez, Barroso perceberam que os níveis de proteção social eram incomportáveis face à proporção entre pensionistas e contribuintes da Segurança Social e começaram a tomar medidas para evitar a falência da "Senhora" e garantir a sua viabilidade (no geral, aumentando a idade da reforma, diminuindo os níveis de proteção e - lá iremos - aumentando o nível de contribuição) a "esquerda" levantou-se de imediato acusando o governo de atacar os trabalhadores e o Estado Social.
Até o mação que se diz pai do SNS veio a terreiro dizendo, basicamente, que o SNS ou ficava como ele o desenhou ou alterá-lo seria acabar com ele.
Resultado: o pessoal, que pouco lê e é mais dado a emprenhar pelos ouvidos, fica com a vaga ideia que "isto está mesmo mau" sem se aperceberem que por muito que o PIB per capita suba, por muito que "toda a gente" compre casa própria e uma boa parte compre casa de férias, por muito que "toda a gente" frequente a universidade e por muito que a obesidade seja um mal generalizado (devia ser a malnutrição, não seria?!) o pessoal, dizia eu, sente-se muito insatisfeito "com a vida". Segundo o estudo, são mais de metade dos portugueses.
Isto tem algum jeito?!   
Eu diria que não somos um País de descontentes, mas um País minado por grupos que vivem e proliferam à custa do descontentamento alheio: a comunicação social e a esquerda "revolucionária" (PCP e seus satélites). As motivações são diferentes, mas ambos necessitam do descontentamento para venderem o seu produto e para se manterem em jogo.
Por isso as páginas dos jornais e as diatribes dos PC's e CGTP's estão eivadas de mentiras, exageros e insultos. 
Que fazer?...
Figura 2: Progressão do IDH 1999 a 2011 (Noruega e Portugal)
Em cima, despesa com a Educação em % do PIB






Figura 3: Progressão do IDH 1980 a 1998 (Noruega e Portugal)
Em cima, vários índices considerados
Figura 4: excerto do texto do Público