Desidério Murcho continua a reflectir sobre o sistema de ensino, em particular o nosso.
Mais uma vez, desta sobre a avaliação, pondera que às grandes "reformas", tão inúteis como enriquecedoras dos curricula dos seus autores, contrapõe medidas no sentido certo que contribuam para a melhoria do ensino.
A reflexão acaba por ir bater na (ou passar pela) qualidade e empenho dos professores. E aí, não diz ele, digo eu, entram os sindicatos, com interesses próprios, com objectivos de poder bem definidos, para os quais a qualidade do ensino e o "bem dos alunos" são meras figuras de retórica. Seriam relevantes se rendessem votos, se enchessem a avenida da Liberdade se dessem mais poder negocial face ao Governo.
Infelizmente, o que lhes rende esses dividendos é a insatisfação dos professores, o seu pouco empenho em ensinar, o clima de confronto com o Ministério.
Que fazer?
7 comments:
Sr. Marques Mendes, antes de comentar vou só esclarecer uma situação – não sou professora do ensino básico ou secundário.
O senhor referido não deixa de ter razão quando afirma que os exames nacionais são um bom indicador na avaliação dos professores desde que tenham implicações, também, na avaliação do aluno. No entanto a tendência é de diminuição de provas que revelem a qualidade péssima do nosso sistema de ensino. E, neste post, toca no aspecto fundamental – a falta de motivação de quem ensina. Consigo compreender que a desautorização e banalização das escolas desmotive quem lá está. Chega a ser ridícula a falta de respeito demonstrada pelos professores, por toda a sociedade. É degradante e reflecte uma sociedade sem rumo, sem valores e pior, sem sonhos.
Sra D. Alferes, não sei ao certo a quem se dirige mas pensando que se dirige a mim sempre lhe digo que os professores (como classe, nomedamente como grupo pastoreado avenida abaixo pelo Nogueira do bigode) vão-se pondo a jeito para que a sociedade os considere e respeite muito poucochinho.
Não vejo que a sociedade actual tenha menos valores (muito pelo contrário) e que os cidadãos tenham menos sonhos que tinham na nossa juventude (assumo que será uma m'cinha do "meu tempo").
Numa coisa lhe dou razão: o rumo desta sociedade é incerto porque, felizmente, já não há um "Chefe" nomeado por Deus que defina um rumo. O seu rumo define cada um de nós, logo a resultante ora vai mais para a esquerda, ora mais para a direita.
Claro que Salazar dá voltas na tumba, mas tem que se habituar, coitado...
Sr. Marques Correia, tem de retirar o Sra D. do meu nome. Além de me fazer sentir mais velha não dá jeito nenhum. Pode ser?
Dirigia-me a si.E também concordo consigo que a actual postura de Profs e sindicatos não ajuda muito "à dignidade da profissão" tão procurada. Já não concordo tanto quanto à questão dos valores e dos sonhos. Para tentar explicar deixo duas questões: - Fecha algum contrato apenas com um aperto de mão? - O seu sonho na juventude era ter uma profissão que lhe garantisse um emprego? Creio que a resposta a ambas as questões será não, exactamente igual à minha, o que me deixa triste.
E, ultimamente, fala-se muito de Salazar. Será saudosismo?
It's a deal, Alferes... desde que corte o sr, e não chame Marques Mendes (votei nele contra o louco de Gaia, mas não sou ele).
Posta a troca de galhardetes, claro que os hábitos de hoje não são os de há 40 anos, mas esse de selar um contrato com um aperto de mão não deu bom resultado no tempo em que terá sido usado. Hoje não tem cabimento nos negócios porque estes são muito mais complicados do que "dou-te uma vaca e tu dás-me a tua filha"; agora são mais do género "tu entras com 10 M e ficas com acções a 1€ cada, 50% com direito de voto; 25% das restantes conferirão direito de voto se não houver aumento do capital social nos 24 meses seguintes à entrada da totalidade dos 10M; se houver aumento de capital e o titular dos 10M acompanhar o aumento, todas as acções adquiridas nesse aumento de capital dão direitos de voto excepto se a posição accionista representar mais de 9% do capital social antes do aumento de capital. No período de 10 anos, se houver lugar a dividendos, eles serão distribuídos em acções ao portador sem direito de voto, excepto para os últimos 5% creditados, se a taxa de remuneração for superior a 85% da taxa euribir a 6 meses." E por aí fora.
Neste tipo de negócio, o aperto de mão vem depois, só depois, da assinatura do contrato em que um artista verte estas condições, de forma que façam sentido e que sejam inteligíveis para ambas as partes.
Quanto ma sonhos...
O meu sonho da juventude era ser rico. O actual, muito mais realista, é ter trabalho, enquanto precisar de trabalhar. Trabalho, não propriamente emprego.
Últimamente fala-se muito de Salazar porque, finalmente, talvez pelo distanciamento, talvez porque muitos sicofantas já se lhe juntaram, finalmente, dizia, pode-se falar de Salazar como homem e como político sem termos que bater na madeira e chamar-lhe fascista, para não sermos apontados como perigosos saudosistas e salazaristas.
Em que é que Salazar foi "mais mau" do que o Marquês de Pombal? E em que é que foi menos mau? Qual deles marcou mais o País, para além da exígua baixa de Lisboa? Etc, etc...
Ups! Só vi agora! A pressa dá nisso. Selado com aperto de mão, Marques Correia.
espreita aqui
http://joaoamira.blogspot.com/
Bolas! Desculpem-me ter sido tão prolixo.
Os textos prolixos, pro lixo!
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