Saturday, May 28, 2011

O PCP E OS DESVARIOS DO PREC

Gravura tirada do Expresso de hoje, 28/5/2011

É habitual o PCP e Bloco de (extrema) Esquerda proclamarem a sua virgindade em relação à presente crise e à presente dívida, proclamando que "o povo" não contraíu a dívida nem beneficiou com ela. Foram "os ladrões" que nos conduziram a isto, a famigerada "Direita"...

Como já por aqui ("aquis"...) escrevi, não concordo, de todo!

O PCP e os militares "de Abril" que governaram de facto até meados de 1976 e tutelaram o Estado até à extinção do "Conselho da Revolução", já bem nos anos 80, delapidaram em dois anos, metodicamente, os fundos que o Botas de Santa Comba acumulou durante décadas e que nem a guerra colonial impediu que se mantivessem avultados e seguros.

Mas mais: os militares "de Abril" e o PCP não só delapidaram o que havia "na despensa" como deram cabo da economia nacionalizando bancos e empresas, expropriando terras e transformando explorações agrícolas numa espécie de serviços públicos com "empregados" com horários certos e "posto de trabalho" garantido. As vacas leiteiras que se queixassem (que se lixassem!), que os camaradas cumpriam os seus, deles, horários, que a mais não eram obrigados.

Claro, em 1978 estávamos à porta do FMI, pedindo-lhe para "ajudar" o pobrezinho a re-erguer-se...

Leiam texto que vos deixo (se quiserem ler todo, comprem o Expresso), interessante e que lembra estórias antigas que muito boa gente já esqueceu. Para quem nunca soube, é mais fácil ignorar, claro! Cliquem no texto para ampliar.

Só que o mal já estava feito e desfazê-lo foi (e ainda está a ser) um bico de obra: as privatizações ainda não se concluíram e as leis laborais continuam a espartilhar as empresas com as "conquistas de Abril" quase intactas. De Abril ou do ano seguinte...

Entretanto, todo o mundo comprou casa (inclusive os camaradas) com o dinheiro ao preço da uva mijona e juros bonificados pelo Estado, toda a gente anda de cu tremido à borliú nas autoestradas pagas pelo Orçamento Geral do Estado à concessionária, nos transportes públicos é o Estado que se empenha para manter os preços (tão) baixos, os pobrezinhos recebem casas sem renda, pagas por todos nós, inclusive pelos "remediados" com empréstimos a 30 anos para pagas as casas próprias. Note-se que as rendas "sociais" são baixas, mas se o "pobrezinho" não pagar, ninguém lhe vai à mão, mesmo que tenha à porta um carro melhor que o meu (o que não é difícil...).

Mas, OK: os culpados são só os partidos "burgueses" que governaram até agora, mais os Bancos e os "patrões" que roubaram à tripa forra, como lhes está no sangue, Santo Karl Marx dixit, analisando a sociedade capitalista do século XIX, e os seus seguidores repetem monocordicamente nos ultimos 150 anos.

Lá persistentes são eles...

2 comments:

Ria sem vontade e sem razão said...

Cada um vê a história à sua maneira, mas é necessário pesar sempre os pontos fortes e os pontos fracos e depois decidir com honestidade. Apagar e manipular a memória para condicionar o presente e modelar o futuro é muito importante para as forças dominantes se manterem e perpetuarem no poder!
A ditadura de Salazar era uma ditadura fascista. Eu próprio fiz a saudação nazi à bandeira nacional, que aliás está representada no antigo livro da 3ª Classe. O retrato de Mussolini ornava a secretária de Salazar, bem visível em dias de entrevista, e decretou luto nacional de três dias pela morte de Hitler. Na verdade, a Legião Portuguesa, corpo armado e uniformizado onde participavam crianças, foi criada para expressamente enfrentar a «ameaça» comunista, tal como as suas congéneres alemã e italiana e, como estas, depois dos ímpetos iniciais, foi-lhe cerceada a autonomia e subordinada à cadeia de comando militar.
Na verdade, os partidos políticos foram oficialmente extintos – o PS aceitou a sua auto-dissolução em 1933, assinada por Ramada Curto (muito corajosa esta gente). Os sindicatos corporativos, passaram a agregar patrões e trabalhadores (muito conveniente para os patrões e para o poder) tudo acompanhado com a máxima “ Tudo pela nação, nada contra a nação”! Foi criada a União Nacional, ganhadora folgada e por vezes concorrente única de todas as «eleições».
Mas só num regime totalitário se poderia escrever uma afirmação como esta (Decreto n.º 21103, de 15/4/32, Ministério da Instrução Pública): «O Estado, sem se arrogar a posse exclusiva de uma verdade absoluta, pode e deve definir a verdade nacional – quer dizer, a verdade que interessa à Nação. Foi criada a censura permanente sobre todas as publicações, em geral exercida por militares, como nas outras ditaduras.
Seis milhões de cidadãos fichados ao longo de 48 anos, dezenas de milhares de presos políticos, a maior parte seviciados e torturados, um sem número de mortos e dos que perderam a saúde para sempre. As cadeias de Caxias, Aljube, Angra do Heroísmo, Peniche, as sedes da PIDE, em Portugal, e nas colónias a Machava, em Moçambique, o Campo de S. Nicolau, em Angola, o Tarrafal, mais tarde designado por Chão Bom, em Cabo Verde, entre outras, constituem um universo de crimes e de terror ainda pouco conhecido e muito esquecido.
Memória decência e raciocínio fazem falta quando se fala de Salazar!
Já agora foi com a política do PREC que se instituíram os subsídios de Natal, de férias, o ordenado mínimo, nacionalizações etc. Será que os pobres tinham mesmo demasiados direitos? Ou teremos autênticas quadrilhas de ladrões, nos governos europeus ao serviço do Goldman Sachs (controla entre outros o FMI e o BM) que estão a delapidar os estados há já muitos anos e ainda por cima fazem (os mesmos que apoiam essas quadrilhas) passar mensagens de que no tempo do Salazar é que era bom!
Pessoas de bom senso unam-se!

chico said...

respondeu e bem. A memória de alguns é convenientemente curta...!