Como vem sendo habitual, António Barreto avisou-nos hoje de que os jacarandás floriram!
Este aviso periódico mas persistente fez-me, há muitos anos, reparar nos jacarandás que há por essa Lisboa, a começar pelos que existem algures entre o Rato e o Parque Mayer, pela rua do Salitre abaixo. Seriam, provavelmente, os mais próximos dos meus trajectos habituais.
Antes dele me ter chamado a atenção para a árvore, o jacarandá era apenas um bocado da letra de um sambinha:
meu limão,
meu limoeiro,
meu pé de jacarandá...
Claro que a letra de que eu me lembro, quando em miúdo ouvia a canção, era qualquer coisa como:
meu limão,
meu limoeiro,
meu pé que já quer andá...
De modo que só muito mais tarde, talvez perto dos vinte e picos o jacarandá apareceu como árvore com a mesma dignidade, direitos e presença física identificável como a mangueira, a noxeira, o loengueiro, a nespereira e por aí fora.
Esta manhã, depois de ler a nota informativa do António Barreto, feita carta à Directora, fui dar uma volta para ver os jacarandás em flor fui directo à rua que passa por cima do ACP e intersecta a rua do Salitre num largueto onde existem (existiam) uns três ou quatro jacarandás.
Primeira desilusão: obras por trás de um taipal (foto ao lado), um único jacarandá (será que não havia mais?! acho que havia) de cujos ramitos nus de folhas, nem uma manchazinha azul se destacava.
Zarpei, então, para a D. Carlos I, da Assembleia Nacional para o Xafarix, passando pelo RSB.
Aí, o esperado esplendor azulado só mesmo o do céu que não deixava margem, por contraste, para os raquíticos ramos floridos dos jacarandás se destacarem.
Alguns estavam ainda bem compostos, mas a grande maioria apresentava apenas ramos nus em que o cinza acastanhado era a cor dominante.
De longe em longe, um jacarandá florido rompia a monotonia do cinzento.
Olhando para o chão, deu para perceber. A floração terá ocorrido ontem ou anteontem (durante a semana passada, segundo Antº Barreto) e hoje grande parte das flores tinha já caído ao chão.
Mas, mesmo assim, algumas árvores eram um espectáculo!
Desci a D. Carlos I, virei à direita contornando o novo (enfim, já com uns bons 5 ou 6 anos) parque de estacionamento subterrâneio e entrei no largo Ribeiro Santos.
Da mancha verde do jardim nem um borrãozito de azul se destacava.
Mais à frente, já depois do decrépito Cinearte, lá apareceu um jacarandá juvenil, do dado esquerdo da rua.
Ao menos esse estava florido e ainda com grande parte das flores persistentemente presas aos ramos.
Ao longo do canal do caminho de ferro e dos eléctricos, no passeio sul da 24 de Julho, de longe em longe, um jacarandá florido.
No Parque Eduardo VII já não tive pachorra para grandes deambulações a pé e limitei-me a mirar tudo lá do alto, junto ao marsapo GT do João Cutileiro e à bandeira horrosa de grande do Carmona Rodrigues.
O Professor que me perdoe mas o seu a seu dono e oi meu amigo João, sempre atento a estas coisas, telefonou-me a chamar a atenção para o erro de atribuir a mega bandeira ao Pedro Santana Lopes.
Mas de jacarandás floridos, népias!
Moral da estória:
o aviso do Antóno Barreto chegou tarde e as manchas de jacarandás já não são o que eram.
Que chatice!
4 comments:
oh! irmão! não fosse a moral da história a estragar a coisa, e eu jurava que o teu blog virara adepto da corrente (?!) faça um poema que Lisboa agradece
Que verve, que doçura neste passeio em tons de azul e roxo :)
Não fosse aquele final, e eu diria: "gostei muito do teu poema" como blogueira educada
tu não me digas que cheguei ao fim da linha: tu há bocado tinhas esta bandeira a florir do coiso do cutileiro tinhas e não vi?! fod... que tou mm no fim...
Calma, pessoal!
A última foto e o parágrafo sobre a passagem pelo parque Eduardo VII foram colocados no post depois do teu comentário que, vá lá saber-se porquê, fez-me lembrar que a volta aos jacarandás tinha tido uma etapa mais.
Foi assim...
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