Aleluiah!!!
O Público deve estar um bocado desgovernado para permitir a publicação de um trabalho sobre o Presidente de Angola que não é dominado pelas habituais referências ao autoritarismo, à corrupção etc, etc.
Realmente, a imprensa portuguesa tende a usar, em matéria de direitos humanos e corrupção pesos e medidas especiais para Angola, como se o facto de lá termos estado 400 anos desse àquela gente deveres especiais de honestidade, espírito democrático, etc.
Seria pelo "nosso" exemplo?
Bem, eu acho que o "nosso" exemplo foi muito bem seguido nas ex-colónias, Brasil incluído, no espírito do desenrasca, na cunha, na burocracia e - se não foi herança, a influência é inegável - na corrupção.
Na hipocrisia, ao menos, parece que não nos imitaram...
E, afinal, se os militares americanos no Iraque se abotoaram com uma percentagem muito considerável das centenas de biliões (isso mesmo, centenas de biliões, não é engano) de dólares das verbas para recontruir o país, se banqueiros portugueses, acima de qualquer suspeita (BCP, BPN, BPP, etc) se abotoaram com milhões e milhões de euros (não pensam que os negócios ruinosos se fazem para beneficiar os "outros" - pensam?!), por que raio seria de esperar que os militares e governantes angolanos não tivessem feito o mesmo, pelo menos, enquanto durou o embargo e as compras de armas se faziam em dinheiro vivo?!
A P2 publica hoje um trabalho sóbrio e objectivo, parece-me, sobre o Presidente Angolano que, sem negar os aspectos negativos que lhe imputam põe em destaque os méritos que lhe cabem.
Nomeadamente a pacificação da sociedade angolana, marcando uma clivagem nítida com a era Neto, mesmo tendo em conta que 20 anos do seu consulado foram vividos em guerra civil, uma guerra suja e irracional movida pelo sanzaleiro Savimbi.
Angola é um dos poucos países de África onde as instituições e a economia funcionam, onde as infraestruturas destruídas por anos e anos de estagnação (muito agravada pela guerra) estão a ser rapidamenre reabilitadas e expandidas, onde o sistema de ensino funciona e está em expansão, onde a economia está a descolar da dependência endémica do petróleo.
Onde estaria Angola se o Savimbi tivesse ganho a guerra e estabelecido um estado semi-tribal, violentamente anti citadino e anti europeu?
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