Sunday, January 02, 2005

OS TRABALHOS DE SAMPAIO... E OS NOSSOS

Como seria demsiadamente chato espetar aqui com o discurso do Presidente Sampaio, a arenga de Ano Novo do senhor, ponho-vos o endereço do presidencial site (uma espécie de sítio do Pica Pau Amarelo): é só clicar aqui http://www.presidenciarepublica.pt/pt/main.html , clicar em "Biblioteca Virtual", "discursos", "lista completa cronologicamente organizada dos discursos" e "1 de Janeiro, Mensagem de Ano Novo". Parece-me que o Presidente Sampaio voltou aos tempos do discurso circular e incompreensível, quando era Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e quando cada discurso seu punha as pessoas a cantar Sérgio Godinho (o que foi que ele disse? o que foi que ele disse?), como muito bem notou um comentador da nossa praça (não me lembro quem foi). Carlos Magno queixava-se (ontem à noite) na Antena 1 por lhe pedirem sempre para explicar o que é que o Presidente tinha querido dizer no último discurso... Ou então ... endoidou de vez. O discurso (longo e chatíssimo!!) está cheio de lugares comuns do tipo "Este é um tempo de mudança profunda nas relações internacionais, que condiciona a evolução da Europa e, inevitavelmente, a do nosso país", "...é preciso mudar as atitudes, na política, na economia, na sociedade", "...são necessárias políticas mais aptas a responder às novas situações, e às novas necessidades", e por aí fora.
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O discurso até parece ter tido a colaboração do mano psiquiatra, o Daniel. A propósito dele, e fazendo aqui um parênteses, sempre tenho dito que um dos azares de termos eleito este Presidente (e eu fui um dos culpados, ai de mim!) foi termos que gramar com o irmão e as suas crónicas, os seus livros, a sua notoriedade por arrastamento. Bolas!!!
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Voltando à Mensagem de Ano Novo, ele exorta a um "... entendimento, quanto a estes grandes desafios, entre as principais forças políticas" o que pôs logo o PCP e o Bloco de (extrema) Esquerda a uivarem contra o regresso do Bloco Central e o PS e PSD a dizerem que o Presidente aderiu ao que sempre disseram.
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Depois de ter colocado uma espada de Damocles sobre o actual Governo (estão debaixo de olho, ponham-se a pau!!!) e, finalmente, tê-lo demitido por tabela, sem se explicar, vem agora dizer que "...é preciso restaurar a estabilidade política".
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Só que vai ter que costurar muito para remendar a confiança dos eleitores de que vão eleger um Parlamento por quatro anos. Quem lhes garante que o próximo Presidente, usando o precedente criado pela actual Excelência, não o demite se lhe der na presidencial gana, sem dar cavaco (srá o Cavaco?!), a meio da legislatura? Quem?!
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Lá mais para o fim da estopada, remata:
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"Com as eleições à porta, peço aos portugueses que se informem, que avaliem o realismo das promessas e a justeza das propostas, que ajuízem da credibilidade e da competência dos protagonistas políticos, que escolham de acordo com o que consideram melhor para Portugal. Peço aos portugueses que participem, que debatam, que votem. A vossa escolha é, garanto-vos, fundamental para o futuro dos nossos filhos."
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Muito vou gozar quando o sr Presidente, lá para 20 e tal de Fevereiro, tiver que tomar uma decisão (pensar, pensar, ouvir os partidos, pensar, pensar, ouvir as personalidades eminentes, pensar, pensar, ouvir os conselhos do Conselho de Estado, pensar, pensar, decidir, não decidir, muito, pouco, nada...) face a um Parlamento sem nenhuma maioria unipartidária, mas com duas ou mais maiorias matematicamente possíveis.
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Vai convidar o PSD/PP? Vai convidar o PS/PCP/B(e)E?
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Será que vai convidar o PSD/PS?
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Ahahahahahahahahahahah!

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