Friday, January 07, 2005

A BRAVA MALTA DO FUTEBOL...

O último episódio da tragicomédia em vários actos, protagonizado pelo dr Pôncio Monteiro devia servir para a nossa classe política meditar e tirar conclusões. Aqui vai uma, que me parece óbvia, e que é a minha singela contribuição para a causa:

Tentar usar personalidades do futebol para tirar dividendos eleitorais é muito perigoso, pelo menos enquanto no futebol preponderarem persoas truculentas, desbocadas, guiadas, acima de tudo, pelo amor ao clube e pelos ódios e amizades daí decorrentes.

Felizmente para o PSD, o dr Pôncio Monteiro, ainda antes de ser confirmado na lista daquele partido pelo Porto, veio a terreiro mostrar que, para ele e acima de tudo, estava, não o Porto cidade, mas o Futebol Clube do Porto. Da primeira vez que lhe apontaram um microfone, o homem deixou bem claro o ódio que a tribo portista dedica a Rui Rio, que ousou governar a autarquia sem prestar vassalagem ao F.C. do Porto.

E tinha mesmo que ser assim, não fosse a nação portista pensar que ele, ao integrar as listas do PSD, estava a fazer um frete ao odiado Rui Rio. E isso, carago!, valer-lhe-ia, fatalmente, ser votado ao ostracismo pela tribo.

Ao ser-lhe retirado o convite, o dr Pôncio reagiu com a linguagem exuberante, exaltada e indignada que caracteriza "a gente do futebol", como se entre ao convite e o "desconvite" o coitado não tivesse feito, nem dito nada.

Aproveitou os vários tempos de antena para falar de amigos, de amizades, de facadas, como se estivesse num daqueles programas em que três ou quatro cromos discutem minudências da última jornada do futebol como se daí dependesse a sua vida e o futuro da Pátria. No meio de tanto discurso, acusou várias pessoas de não terem coragem para dizerem em público o que pensam de Rui Rio (sempre ele, carago!), nomedamente o seu colega da república do futebol, Fernando Seara.

Pouco depois, o dr Pôncio vem mais uma vez a terreiro afirmar que se tinha excedido (um homem não é de pau, carago!) e dirigir sentidos pedidos de desculpa ao ofendido colega. 'Tá visto que o homo futebolensis, quando lhe pisam as chuteiras, descarrega copiosamente a matraca, vai tudo a eito e ... pensa-se depois! Como ando a regougar há muito, não misturemos política e futebol que, salvo raríssimas excepções, só pode dar porcaria.

Num mundo mais próximo do ideal, o desporto e o dinheiro estariam bem separados, circunstância que afastaria o mau cheiro da malta do apito dourado, das "derramas" em proveito próprio, das trafulhas com venda de jogadores, com actas, com terrenos e ... venham mais derramas.

Como parece que o imobiliário e a construção civil ainda "estão a dar" (ã?!) os nossos empresários da bola bem que podiam ir fazer argamassa e tijolo (abrenúncio, vade retro) e deixar a malta jogar à bola, na boa.

PS - devo estar a ficar doente: desde o famigerado totonegócio que não desperdiçava uma linha com o futebol.

Carago!

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