Saturday, November 21, 2009

FILIPE BALESTRA E A SAMBARQUITECTURA

A Alexandra Prado Coelho publicou uma reportagem notável no passado dia 20 de Novembro (ontem), na P2 do Publico. Reproduzo a seguir a primeira parte, a que trata de um projecto para a favela Rocinha, no Rio, deixando de parte o resto da reportagem sobre um projecto semelhante em bairros de lata na Índia.

A reportagem refere-se às ideias e ao trabalho de um arquitecto português, Filipe Balestra, que "ataca" a favela numa óptica completamente diferente da habitual, com o objectivo de melhorá-la. Considera-a uma "aldeia urbana" assente em "redes sociais fortíssimas" e defende a preservação desta "arquitectura sem arquitectos".

Veja mais aqui sobre o Filipe Balestra e o seu conceito de Sambarquitectura.

A atitude habitual é construir uns prédios para re-alojar os habitantes das barracas, demolir as ditas e constuir lá prédios de apartamentos. Veja-se a campanha para acabar com as barracas, em Portugal...

O realojamento dos favelados (ou dos habitantes das barracas, em Portugal) faz-se, em geral, em bairros periféricos, aproveitando a totalidade do espaço onde estavam as barracas, muitas vezes em zonas nobres, perto do centro das cidades, para intervenções imobiliárias.

No caso da Lisboa do tempo dos socialistas (João Soares & Cia) o realojamento dos pobres e as casas dos ricos eram feitas "tudo à mistura" para "integrar" os pobres, não os "excluindo" da sociedade. O resultados não foram brilhantes.

Filipe Balestra apercebe-se de que a resolução do problema das favelas passa quase sempre pela cedência aos interesses dos grupos imobiliários, e ao desprezo total ou quase pelo bem estar dos habitantes das favelas vistos como malandros, traficantes ou, no mínimo, acobertadores e cúmplices dos traficantes. Atira com os favelados para periferias a várias horas do centro e não resolve os problemas sociais (nem de polícia).

O artigo é muito interessante, como interessante é o conceito de sambarquitectura e das intervenções cirúrgicas, a que se refere como acupunctura.

Veja um filmezinho sobre a escola da Rocinha .

Clique para aumentar e ler.

1 comment:

septuagenário said...

É preciso que as cidades e sociedades evitem criar "condomínios fechados", tipo essa Rocinha carioca.

Como conheci os muceques da Luanda colonial, e conheço alguns habitantes da Cova da Moura e outras, devido à minha actividade em obras públicas, tambem devido à minha actividade, conheci os arredores da Rocinha e outras favelas, e a comparação com isto de cá, é impossivel.

Todas as ONG que tentam fazer algo naqueles ambientes cariocas, não passam de paninhos quentes para uma doença incurável.

Talvz cá, ainda desse algum resultado.