Passam hoje 31 anos sobre o golpe (contra golpe ou whatever) que, de uma vez por todas, cortou rentes as aspirações do PCP em implantar cá na Portuga um regime semelhante ao que o Breznev, meio intoxicado em comprimidos, conduzia lá na Sóvia.
Tendo o 25 de Abril sido um golpe pouco mais que corporativo (dispenso-me de contar a história...) o PCP, único partido com organização e implantação antiga, profunda e a sério, rapidamente tratou de o transformar, de movimento sem norte nem suporte político, numa bengala para atingir os objectivos que o kamarada Cunhal traçara umas boas décadas atrás.
As eleições para a Constituinte foram um rude golpe para os sociais fascistas (eheheheheh!) tendo ficado evidente que a grande maioria dos eleitores não queria o PCP nem pintado de azul (o que só viria a suceder anos mais tarde - I mean, o pintado de azul...).
Claro que a rapaziada vermelhusca não se ficou, até porque tinha muito apoio dentro dos quartéis e nos sindicatos, e foi tentando minar as instituições do Estado, de modo a, quando menos o maralhal esperasse, estaríamos todos a toque de caixa com o kamarada Cunhal ao leme da barca e o rádio a passar intermináveis barqueiros do Volga e coiros do exército vermelho para gáudio dos famélicos da terra e das vítimas da fome.
Felizmente, em 25 de Novembro, de uma série de movimentações que iam dando em guerra civil (enfim, à nossa escala pequenina...) resultou o aparelho do Estado sofrer uma verdadeira desinfestação da praga vermelha que o minava e o papel do PCP foi, final e duradouramente, reduzido à dimensão do seu apoio nas eleições.
Ou seja, o manancial de liberdades, de perspectivas risonhas e de amanhãs radiosos proveio do 25 de Novembro de 1975 e não do 25 de Abril de 1974.
QED (pelo menos, para já, não tenho pachorra para mais...)
6 comments:
Repito, és mesmo facho, grande cabrão!!!
Com que então os fascistas que fizeram o 25 de Novembro é que são os grandes democratas?
Devias pensar na destruição das conquistas da revolução que só foram possíveis por esse golpe ignóbil e traiçoeiro.
Claro que para ti deve ter sido bom, para ti e para os outros fascistas envergonhados com o vira casacas do Eanes à frente.
Aliás, nem foi ele que chefiou o golpe, mas isso não vos deve interessar muito.
"cortou rentes as aspirações do PCP em implantar cá na Portuga um regime semelhante ao que o Breznev"
Por acaso, Brejnev não deu cobertura militar ao processo revolucionário português. Portanto, o mais provável era Portugal ficar isolado na cena internacional, numa hipotética vitória da esquerda militar.
"Ou seja, o manancial de liberdades, de perspectivas risonhas e de amanhãs radiosos proveio do 25 de Novembro de 1975 e não do 25 de Abril de 1974."
Triste conclusão a tua. A esquerda militar não venceu, portanto não podes prever aquilo que aconteceria se tal se tivesse sucedido.
Noto que tem clientela de esquerda totalitária por cá...
Caro Rouxinol,
se a esquerda militar tivesse vencido penso que a Sóvia teria dado alguma forma de apoio. Antes dessa vitória, julgo que "a cobertura militar" nunca esteve sobre a mesa, estando POortugal claramente fora da esfera de influência da Sóvia.
Quanto às liberdades, podemos comparar a que tinhamos antes do 25 de Novembro (SUV's na rua, Otelo a passar mandatos de captura em branco, militares e civis façanhudos a montar barricadas e a revistar a malta...) com o que constatámos depois daquela data, até agora.
Com base nessa comparação, receio bem que, se o PREC vingasse, bem lixados estávamos.
Cumps!
Caro Flávio,
como não apago nem modero comentários, quem quer meter a sua bucha é bem-vindo.
E olhe que a malta da esquerda totalitária, eu chamo-lhes órfãos do Grande Pai Staline, continua activa e plena de retórica.
Afinal muito boa gente, com dois dedos de testa, andou seduzida pelo Zé Ferreiro, e nem todos eram vesgos como o Sartre, que até visitou a Sóvia, naqueles tempos.
Eu acho que a coisa é mesmo doença, digo eu...
Cumps!
Confesso que fiquei com pensamentos contraditórios ao ler esta espantosa teoria do devir histórico. Reflectindo um pouco mais é incompreensível se a escatologia mental trata de distracção ou somente de ignorância sobre o processo revolucionário do 25 de Abril de 1974.
'corporativo'?...
Era o estado fascista que era, efectivamente, corporativo.
Porque era realmente comandado, na figura do ignóbil fascista Salazar e depois do aprendiz Marcelo Caetano, por meia dúzia de famílias - da CUF, da Quimigal, da Lisnave e da Setnave, da banca, etc - assim como pelos principais terratenentes que contratavam à jorna e distribuíam a miséria no Alentejo e na Beira Baixa...
Porque em defesa destas famílias, dos seus amigos Hitler e Mussolini (que recebiam mantimentos e equipamento em comboios-fantasma vindos de Portugal enquanto a carestia grassava nas ruas e nos campos), e do statu quo fascista, se roubaram, espoliaram, vilentaram, assassinaram e torturaram milhares de homens e mulheres, e se votaram muitos outros à miséria, ao analfabetismo e à fome...
Porque o interesse destes (poucos) foi, à força, a necessidade de todo um povo...
'corporativo'?...
O 25 de Abril foi um processo apaixonante, militar e popular, e posteriormente revolucionário.
Que se fundou no mais latente sentimento de libertação do povo português que - contrariando as orientações dadas pelos militares - saíu à rua festejando o fim do fascismo abjecto e moribundo e obrigou à mudança na direcção do golpe para uma verdadeira alteração nas estruturas e nos objectivos do país - aí sim, revolução! Paz, habitação, saúde, educação, democracia económica, política, social e cultural!
Que evoluiu no sentido mais democrático até ao famigerado 25 de Novembro - tão do agrado de alguns recalcados encapotados - onde se instalou, até hoje, a estrutura económica que suportou o fascismo e que suporta já a dança das cadeiras do centro-direita (PS, PSD, CDS) com os resultados tristes e imbecis com que se vangloriam todos os dias - mais pobreza, menos educação, menos saúde, menos cultura, todas elas garantindo a permanência das coisas e os lucros de alguns.
De resto, só umas notas:
...um regime semelhante ao do Brejnev?...
O PCP era efectivamente o partido mais antigo, com implantação mais profunda e séria. Conhecia as aspirações do povo português e desenvolveu a sua luta de acordo com eles. Propôs para o Portugal revolucionário um estado pluripartidário e uma democracia avançada de índole socialista. Por vezes é bom conhecer a história, quando se dispensa a contá-la...
...uma série de movimentações que iam dando em guerra civil...
E verdade. Pena é que as movimentações foram dos sectores mais reaccionários e dos amigos do Salazar (mas que aparentemente têm muitos seguidores, como o nosso Marques Correia...) e que conseguiram travar a revolução em curso. Quanto à guerra civil, eram os fascios que tinham já as espingardas na mão, ajudados e artilhados por esses combatentes da liberdade, os EUA, na pessoa do famigerado Kissinger e com a ajuda de Mário Soares, verdadeiro traidor nesse particular e vendilhão da pátria. Se não houve guerra civil, parte do crédito vai para... o PCP.
Quanto às barricadas e ao revistar da 'malta', é mais honesto referir o nome das coisas: a intentona que deu pelo nome de 'maioria silenciosa', secretamente armada e organizada pelo crápula Spínola, que após a ver desbaratada pelas populações, se demitiu!
Quanto ao manancial de liberdades que (ainda) temos, e considerando as opiniões manifestadas, o melhor é escrevê-las enquanto existem, porque entre o federalismo europeu e o populismo da social-democracia liberalizante, daqui a uns tempos só mesmo escritas é que nos vamos lembrar que tivemos algum dia estas liberdades nascidas, contrariamente ao que foi dito, no 25 de Abril...
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