Sunday, February 19, 2012

Portugal, um país de descontentes

Figura 1: PIB per capita, posição no ranking mundial do IDH, satisfação "com a vida"
Em cima, a população de cada estado

Na habitual arrumação de fotos novas e antigas, fui dar de caras com uns recortes de Novembro de 2011, do Público, que permanecem tão atuais como se os tivesse sacado da Pública de hoje.
São excertos de um estudo sobre a evolução do IDH (índice de desenvolvimento humano) que assenta em vários parâmetros, nomeadamente o PIB per capita, mas que vai muito mais além: esperança de vida, mortalidade infantil, escolaridade, despesa com saúde e educação, etc. Portugal tem visto o seu índice progredir de forma consistente no período em apreço, 1980 a 2011, encurtando a distância que nos separa do primeiro, a Noruega (figuras 2 e 3).
Vendo os índices, Portugal não está nada mal colocado quer no indicador relacionado com os bens materiais (PIB per capita) quer nos indicadores relacionados com o acesso a benefícios sociais (saúde, educação, etc). A expectativa de vida e a mortalidade infantil têm progredido de forma positiva colocando-nos numa posição muito confortável perante a morte (para ser direto).
Não obstante estes dados, os meios de comunicação cá da terra estão permanentemente cheios de artigos dos próprios e de declarações (entrevistas, etc) de terceiros que nos querem fazer acreditar que os pobres estão a morrer de fome, que nos hospitais as pessoas são tratadas cada vez pior, as refromas estão ameaçadas, o dito Estado Social está a ser "atacado" pelos ultra liberaris que o querem destruir.
Note-se que este tom apenas se agudizou com a presente crise mas antes dela os jornais e televisões usavam a "tragédia iminente" como o meio mais fácil e barato de vender o seu produto.
Estou convencido que muita gente acredita mesmo quando o PCP ou o inacreditável Arménio Carlos (ou a pateta da Ana Avoila ou a vermelhusca da Heloísa Apolónia) dizem que há gente a morrer de fome e que o Estado Social está a ser destruído!
Reparem que quando os governos desde, talvez, Barroso perceberam que os níveis de proteção social eram incomportáveis face à proporção entre pensionistas e contribuintes da Segurança Social e começaram a tomar medidas para evitar a falência da "Senhora" e garantir a sua viabilidade (no geral, aumentando a idade da reforma, diminuindo os níveis de proteção e - lá iremos - aumentando o nível de contribuição) a "esquerda" levantou-se de imediato acusando o governo de atacar os trabalhadores e o Estado Social.
Até o mação que se diz pai do SNS veio a terreiro dizendo, basicamente, que o SNS ou ficava como ele o desenhou ou alterá-lo seria acabar com ele.
Resultado: o pessoal, que pouco lê e é mais dado a emprenhar pelos ouvidos, fica com a vaga ideia que "isto está mesmo mau" sem se aperceberem que por muito que o PIB per capita suba, por muito que "toda a gente" compre casa própria e uma boa parte compre casa de férias, por muito que "toda a gente" frequente a universidade e por muito que a obesidade seja um mal generalizado (devia ser a malnutrição, não seria?!) o pessoal, dizia eu, sente-se muito insatisfeito "com a vida". Segundo o estudo, são mais de metade dos portugueses.
Isto tem algum jeito?!   
Eu diria que não somos um País de descontentes, mas um País minado por grupos que vivem e proliferam à custa do descontentamento alheio: a comunicação social e a esquerda "revolucionária" (PCP e seus satélites). As motivações são diferentes, mas ambos necessitam do descontentamento para venderem o seu produto e para se manterem em jogo.
Por isso as páginas dos jornais e as diatribes dos PC's e CGTP's estão eivadas de mentiras, exageros e insultos. 
Que fazer?...
Figura 2: Progressão do IDH 1999 a 2011 (Noruega e Portugal)
Em cima, despesa com a Educação em % do PIB






Figura 3: Progressão do IDH 1980 a 1998 (Noruega e Portugal)
Em cima, vários índices considerados
Figura 4: excerto do texto do Público

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