Monday, August 23, 2010

RAIOS E CORISCOS

Esta belíssima foto foi colocada pelo meu colega Brito no Facebook (tirou-a em Miami) e estou a transpô-la para aqui devidamente autorizado.

A minha fixação em trovoadas, trovões e relâmpagos ficou da infância quando vivi no Lubango (então Sá da Bandeira), cidade cercada quase toda a volta por montanhas.

Em dias de trovoada, era um espectáculo dos diabos, com a cidade toda cercada por raios de todos os tamanhos e feitios e para todos gostos, com côres desde o branco deslumbrante ao vermelho mais ou menos deslavado, de distante.

O cagarim que acompanhava a trovoada era uma cacofonia de estrondos ensurdecedores (de exclamar: "caíu aqui mesmo!!!") ao ruído de fundo do ribombar distante.

Quando morávamos no Alto da Conceição, caíram-nos duas faíscas em casa, uma num dos dois coruchéu que encimavam, pretensiosos, a fachada; a outra, na chaminé mesmo por cima da nossa cozinha quando a minha mãe se encarregava do jantar. Sob um clarão intensíssimo e um estampido ensurdecedor choveram bocados da chaminé que arruinaram o jantar e deixaram a minha mãe meio abananada e de cabelos em pé. Ficou com um medo imenso das trovoadas, que ainda hoje não perdeu.

Desgraçadamente, nesses tempos ainda não tinha máquina fotográfica (tinha 9 ou 10 anos...) nem cacei nenhuma foto de um desses espectáculos que tanto me ficaram na memória.

O raio do Brito, ainda que solitário, é uma amostra das dezenas que iluminavam o céu do Lubango naquele tempo.

3 comments:

Fátima Santos said...

cheguei a casa agora
vinha tb a mãe;
no carro vim contando dos raios e coriscos desses que serviam de espectáculo assomados na janela;
falamos desse jantar (almoço?) estragado com as pedras da chaminé e do buraco nas telhas de uma outra vez...e ...
e mal abro o blog deparo com este teu post
coisas do acaso
beijos

septuagenário said...

A atração dos raios seria porque as chaminés das cozinhas eram pontos altos?

Ou porque nas cozinhas havia panelas e tachos e frigideiras em ferro e outros metais?

Era habitual ouvir histórias dos raios nas chaminés.

Eramos 2 furrieis e dois civis na jogatina na sala, e ouvimos uma faisca que nos deixou paralizados, colados às cadeiras, quando começamos a respirar voltàmos ao vício da batota, e ouvimos outro raio (que o parta) e acabou a jogatina.

Levatámos ferro e vimos a cozinha cheia de caliça e azulejos espatifados pelo chão.

E quando abrimos a porta da rua uma grande mangueira no quintal estava escavacada e o chão cheio de mangas. As trovoadas era no tempo das mangas, nunca mais me esqueci: Novembro, Dezembro, Janeiro, por aí.

Foram dois raios com espaço de 3 ou 4 minutos a dois passos um do outro.

Penso que os outros três meus comparsas da batota se algum já morreu, não foi do coração de certeza.

As trovoadas na Guiné, eram tambem no tempo das mangas, mas em Julho, Agosto Setembro, por aí.

A intensidade é igual e falava-se tambem na atração às chaminés.

Gostei de comer mangas durante vários anos num lado e no outro.

Num lado a colonizar no outro a cooperar: O que um raio nos lembra.

Que será feito dum tal velhote professor Candeias?

Cumprimentos

Marques Correia said...

O professor Candeias foi meu professor na escola 60, na 4ª classe.

Nunca mais soube nada dele. Perguntei algumas vezes por ele, quando estive a cooperar, depois da independência, mas nunca encontrei ninguém que soubesse dele.