Sunday, January 03, 2010

O LUÍS VILLAS-BOAS E O 26 DE ABRIL

Esta manhã, a Antena 1 emitiu um programa sobre o dr Villas Boas, o director do Refúgio Aboim Ascenção, um tipo polémico e altamente opinativo.

A foto ao lado tem direitos de autor, a quem faço a devida vénia, mas não arranjei outra foto para aqui pespegar.

Já há uns anitos, o senhor indispôs a comunidade Gay & Lésbica ao tecer considerações sobre a infelicidade de uma criança ser educada por homossexuais (que nunca deveriam poder adoptar!), sobre sexualidade natural (?!) sobre as lésbicas não serem mulheres na plenitude natural do termo (lá nisto... eheheheheheheh!!!).

Veja mais aqui.

Primeiro era "pela Vida" e deixou-se incluir na lista de mandatários desse movimento no Algarve, depois, pensou melhor, (parece que nunca tinha pensado muito sobre a coisa...) e achou que interromper ou não a gravidez era uma decisão do foro íntimo da mulher e desarriscou-se do movimento pró Vida.

No caso Maddie, também teve de meter a sua colherada , criticando os pais da catraia (o que nem é difícil...) e num caso mais recente apoiou que um puto (o Martim) fosse retirado à mãe a quem negou visitas ao filho (aparentemente por sua alta recreação) para mais tarde apoiar o pedido de revisão da sentença...

Uma espécie de cata vento, carago!

No programa de hoje fiquei a saber que o senhor era militar (e do MFA!) fazendo parte da meia dúzia dos que participaram na preparação do 25 de Abril, mas que se retirou no 26 de Abril, aparentemente porque no 26 de Abril surgiram "revolucionários" às carrada e o senhor não quereria misturas...

O homem tem um EEEGGGOOO do tamanho de um camião e uma maneira de falar, num tom blasé, que mostra bem que quem não é ele é inferior (porraaa!!!!) a ele...

Enfim, se calhar sou eu que sou maldoso e o senhor tem aquele modo de falar simplesmente porque sim e a coisa não é o que parece.

Bem, o que queria destacar é o seguinte:

Fazer o 25 de Abril nem foi particularmente difícil

Centenas de livros, testemunhos, entrevistas, programas de rádio e TV e filmes, mostram bem até que ponto o regime estava caduco e indefeso, pior, sem vontade de se defender. A posição da PIDE/DGS face ao movimento dos Capitães foi bem o indício dessa abulia, desse fatalismo ante qualquer coisa que se adivinhava estar para acontecer.

Mas se o 25 de Abril não foi difícil, já o mesmo não se pode dizer do 26 de Abril! Nitidamente quem fez o golpe de Estado tinha uma ideia muito por alto do que iria fazer a seguir, muitos dos capitães considerariam simplesmente passar o poder ao "nosso general" Spínola...

Se todos os capitães "puros, sérios e apolíticos" se tivessem pudicamente retirado para os bastidores, cuidando que a sua progressão na carreira militar não fosse poluída pela horrível política, teríamos caído às garras do PC, de quem o MFA se teria transformado em braço militar, a reforma agrária e as nacionalizações ter-se-iam eternizado ou, quando muito, estaríamos agora a convalescer, acompanhando a queda do mundo soviético e do muro de Berlim.

Não sr dr Villas Boas, o difícil, o essencial, foi ajudar a manobrar o barco depois do 25 de Abril, contra extremistas de ambos os lados, evitando cair num regime dos amanhãs que cantam sem, para tanto, ter sido preciso uma guerra civil.

Ou seja, difícil, difícil foi aguentar a canalha vermelha, fazer o 25 de Novembro e manter o rumo à democratização do regime.

2 comments:

mac said...

O extremismo é sempre tão mais fácil...

Medir, pesar e manter objectividade é sempre muitos mais difícil, pá. Eu que o diga.

Anonymous said...

necessita di verificare:)