- ... e acho que as homenagens ficam por aqui que, de memória, não saco mais nada. Este, O Tabelião caduco, é um primor de duplos sentidos, fazendo pilhéria sem uma única caralhada (salvo seja, eu):
- Um tabelião caduco
- com mulher moça casado
- vai portar em seu estado
- por fé o sinal de cuco.
- Como já não deita suco,
- por mais que puxe os atilhos,
- não lhe hão-de faltar casquilhos,
- para a moça amantes novos,
- que lhe vão galando os ovos
- e ele cá, criando os filhos.
- Ele diz que assim o quer,
- mas de fúria dará pulos
- ao ver que são actos nulos
- os actos que ele fizer.
- E sem ter direito à mulher,
- que será desse demónio?
- Pois logo qualquer belónio
- lhe desfaz o casamento
- porque não tem instrumento
- com que prove o matrimónio.
- São tristes da moça os fados
- pois não lhe permitem que ela
- avance p'la Arrentela
- 'té Pica de Regalados.
- Logo, entre esses dois casados
- se trava renhido pleito.
- Mas se pelo agravo feito
- ele a leva à Relação,
- lá ninguém lhe dá razão
- sem que mostre o seu direito!
- E pronto! Resta voltar a meter o Bocage na sepultura e afinfar-lhe o epitáfio, avivando as letras que o tempo, qual vil bicheza, qual piedoso entulho, carcomeu e apagou:
- Aqui jaz Bocage, o putanheiro,
- Que comeu, bebeu, fodeu
- ... sem ter dinheiro!
2 comments:
Do que eu gostei mesmo foi o cagando estava a dama mais formosa.
Esse, sim!
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