Sunday, April 10, 2005

Os métodos da Animal

Anda a circular na net um filmezinho que intercala declarações em que a Fátima Lopes (a modista) afirma que as peles que usa nos seus modelos são naturais, com cenas de faca e alguidar de animais a serem mortos ou, num dos casos, esfolados em vida.

A conclusão que se pretende que o espectador tire é:

a culpa é da Fátima Lopes e das pessoas como ela que usam peles obtidas daquela maneira selvagem.

O que até teria alguma razão de ser se não fosse o seguinte:

  • Já é crime (há muito, muito tempo) maltratar animais;
  • Já é crime, há não tanto tempo, caçar espécies protegidas;
  • É legal importar, confeccionar, vender e usar vestuário feito com peles de animais (excepto espécies protegidas);
  • A atitude da Animal é cega: é a mesmíssima em relação a animais selvagens (caçados) como em relação a animais criados em cativeiro para abate (ver o caso recente da criação de chinchilas);

Ou seja, para a Animal a questão não está em punir os prevaricadores (até foram filmados e a malta da Animal - ou da sua prima PETA - estava atenta, para conseguir uma cópia do filme, bom para a sua causa) mas impedir o uso de peles (de todas as peles), mesmo de espécies cuja caça está regulamentada, até de espécies criadas especificamente para abate.

Criar chinchilas para abate é o mesmo que criar frangos em aviário, ou vacas em vacarias ou porcos em suiniculturas, ou peixes em tanques para (e só para) servir a espécie humana. Mas há uma única diferença que a Animal explora: as chinchilas são ratinhos grandes, tão lindos, com uma pele tão sedosa (pois...), com um arzinho tão meigo.... logo, a Fátima Lopes é uma anormal! Brilhante conclusão, não é?!

A atitude da Animal é equivalente a querer que seja proibido o consumo de carne de vaca, caso viesse a público que alguns matadouros liquidavam os bichos à paulada ou os esfolavam em vida e, ainda por cima, acharem que a culpa era de quem gosta de bife do lombo!

Mas não pensem que estou a divagar. O que esta malta quer mesmo é, para além do fim das touradas (todas) e do uso de peles, que os animais sejam "deixados em paz", que os homens deixem de comer carne e peixe e que o leite só seja tirado às vaquinhas e os ovos à galinhas desde que elas consintam...

E quando aparecer a associação Vegetal (se é que não existe já), aí, então, estaremos lixados: só nos restará mesmo comer pedras!

Mas fica-me um pequeno gozo: a rapaziada da Vegetal dirá dos tipos da Animal (horrendos comedores de plantas) o que estes dizem agora de nós outros (horrendos comedores de carne e portadores de carteiras e casacos de cabedal).

Patetas!

4 comments:

Anonymous said...

Não podia estar mais de acordo com o engenheirozeco (desta vez, pelo menos) e digo mais:

Os activistas da Animal até tinham uma certa piada quando conseguiam que umas gajas aparessessem descascadas para a malta as cocar.

Isso, sim! Isso é que era uma manifestação com piada.

Mas querem que se deixe de ver touradas (com forcados a levarem cornada de três em pipa), de comer carne e de usar peles, devem estar mas é a sonhar com ladrões.

A propósito, o casaco que o engenheirozeco usa na fotografia não é de cabedal? Olhe que parece!

Anonymous said...

Este é um assunto sério, em que está em jogo o respeito pela vida dos animais.

Gostavam que vos tirassem a pele para fazer casacos? Eu não gostava e certamente ninguém perguntou aos animais se gostam de ser tratados sem o respeito que merecem.

Parece que vivemos na idade da pedra, em que os homens andavam vestidos de peles.

Anonymous said...

Este é um assunto sério, de facto.

A Animal trata-o de modo panfletário e parcial, pretendendo ligar o uso de peles, note-se, o uso de todas as peles, aos tratamentos bárbaros a que alguns selvagens sujeitam animais.

A Animal actua como se não fosse perfeitamente legítima a criação de animais (galinhas, porcos, bovinos, caprinos, mas também chinchilas, crocodilos, avestruzes, etc) para o homem deles tirar o que lhe fizer jeito (carne, ossos, cartilagens, peles, penas, etc). Só não é legítimo infligir-lhes sofrimento desnecessário. É óbvio que matá-los para obter aqueles produtos é um acto necessário, por muito meiguinhos que sejam as chinchilas, os cabritos e os anhos.

A campanha contra a Fátima Lopes parece-me, assim, perfeitamente idiota, para além de oportunista: atacar uma pessoa tida por fútil, do mundo da moda e, ainda por cima, bem na vida e integrando o jet set costuma ser bem aceite pela populaça e pelos intelectuais "bem pensantes".

Estes últimos aplaudem entre dois arrotos e duas garfadas num suculento bife em sangue...

Anonymous said...

A Animal faz pura e simplesmente terrorismo ecológico e devia ser chamada à barra, no tribunal. É, no mínimo, difamação à pessoa de Fátima Lopes que, goste-se ou não, é uma estilista de renome.
Se eu fosse vegetariana não comeria frango...portanto, quem não quer peles que não as use... mas não insulte quem usa. Eu já gostei e já tive: um casaco comprido de vison, que acabei por dar e um curto, de raposa...com a idade, deixei de gostar por razões ecologistas e para não chocar quem tem fome, para estar de bem com a consciência... além do mais, eu sempre os usei com sapatilhas e calças de ganga... e percebi que era melhor usar casaquinhos de outro estilo...mais "leves", digamos.
A Animal que se limite a proteger os animais e não venha atacar os seres humanos, com direito à escolha pessoal....