Saturday, February 02, 2013

ACABAR COM OS RICOS, A TINETA DO COMUNISMO


A parangona sobre a entrevista de Américo Amorim vem ao encontro do que o meu saudoso amigo Eduardo Santos dizia: é preciso acabar com os pobres e não acabar com os ricos.

A principal razão do insucesso do comunismo na criação de riqueza foi o ênfase que foi posto desde o início em acabar com os ricos - uma vez atinjido esse "objetivo", toda a riqueza seria distribuída pelo povo consoante seu trabalho, mais tarde consoante as suas necessidades. O PCP, sem imaginação para ultrapassar a ortodoxia e sem coragem para mandar Cunhal às urtigas, mantém-se nesse caminho, firme e hirto, sem hesitações.
 
O desenho publicado no mural de José Pedro Namora no FB (reproduzido ao lado) com um capitalista/banqueiro, gordo e rodeado de sacos de dinheiro, a ser carregado por dois proletas famélicos que se esfalfam por apanhar a cenoura (o Euro, neste caso), é bem testemunho de que essa análise marxista de meados do século XIX continua a ser a "correta" para o PCP do século XXI.
Esta visão do capitalismo selvagem assente num exército de desempregados andrajosos e sem apoios de qualquer espécie, totalmente à mercê do capitalista que lhe rouba a "mais valia", bem retratada nos romances de Dickens, traduzia bem a realidade do início da revolução industrial, mas não tem nada que ver com o que se passa hoje.

O capitalismo soube adaptar-se (foi forçado a adaptar-se) para sobreviver às profecias do Marx e Lenine e continua de vento em popa não obstante os trabalhadores de hoje ganharem o suficiernte para terem casa própria, carro, comerem bifes todos os dias (a ponto de morrerem de enfartes e não de fome) e mandarem os filhos para a Universidade. E em Portugal, por muito que o PCP & Cia pintem uma imagem de fome, desgraça e tragédia, o capitalismo está longe de (poder) voltar ao que era nos tempos do Dickens.
 
Segundo a vulgata comunista, a apropriação coletiva dos instrumentos de produção conduziria à majoração da produção e da produtividade por os trabalhadores esterem a produzir para si próprios e não para o patrão. Essa tese ficou, manifestamente comprovada com a experiência socialista: efetivamente o trabalhador da UCP, da cooperativa, da empresa socialista não sente que esteja a trabalhar para si, antes pelo contrário. Sente que está a trabalhar para o Estado, a beneficiar a nomenklatura do Partido, que fica com tudo e lhe distribui migalhas.

Fica por saber como seria se o Estado socialista efetivamente fosse um Estado popular. Mas aí, estamos nitidamente no domínio da filosofia, da ciência das coisas etéreas...

Como bom "funcionário público" o trabalhador no "socialismo" vinga-se e faz o menos possível - e lá se vai a produção e a produtividade (e a qualidade...) para as urtigas.

A questão, como 70 anos de URSS e "mundo socialista" muito bem comprovam, a questão é que sem a possibilidade de um indivíduo enriquecer (pelo seu mérito, mas também pela sua "ratice" - ainda não temos o "homem novo"...) a criação de riqueza fica bloqueada, não desenvolve e o que há para distribuir não chega para que o nível de vida do povo vá além do que em países capitalistas não é mais que pobreza franciscana.
 
Mais uma vez a China é exemplar, desde que Deng, o pequeno Timoneiro, proclamou que enriquecer é glorioso e lançou as bases para uma saudável economia capitalista.

Portanto, amigos meus, deixemo-nos de tretas e procuremos criar condições para que mais empresas se sintam atraídas para operar em Portugal em vez de afugentarmos os empresários.

É que sem eles, não há empregos para ninguém!

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