Monday, August 31, 2009

ANGOLANOS DO CORAÇÃO... QUANDO CONVÉM

Andei a ler o novo livro sobre os terríveis maus tratos que o MPLA deu aos "cidadãos portugueses" que lhe caíram nas garras, alguns antes do 25 de Abril.

O livro é pouco mais que a habitual ladaínha dos colonos brancos que se assumiram como angolanos (muitos continuam a considerar-se angolanos, nas várias tertúlias que se mantêm por aí, nomeadamente na net), tomaram partido pela FNLA ou UNITA contra o MPLA e, quando se viram apanhados na guerra suja e sangrenta que opôs aqueles movimentos e foram engavetados pelo MPLA (ou já pela DISA, depois do 11 de Novembro), aí lembraram-se que eram portugueses.

Portugal, consideram, teria imensos deveres para com as suas pessoas e deveria distinguir (não explicam como) entre os brancos angolanos (eles, antes de serem presos) e os brancos portugueses (eles, depois de serem presos).

Sentiram-se traídos por Portugal, em particular pelos que "entregaram Angola ao MPLA" sem terem acautelado os interesses dos colonos (e aí têm razão).

O "pouco mais" que ressalvo acima, refere-se a pessoas que desapareceram, algumas em condições mais ou menos conhecidas, outras sem se saber por quem e quando foram levados (ou sequer se foram levados por alguém), sem se saber sequer se estão vivos ou mortos.

Como portugueses (pelo menos por defeito, deveríamos considerar os colonos brancos como tal) o Estado deveria tê-los na agenda das relações com Angola até termos conseguido informações sobre eles, ou obtermos a convicção de a outra parte nos ter dito tudo o que sabia sobre o assunto.

Quanto aos angolanos que se envolveram na guerra civil pela conquista do poder no seu País, não vejo por que carga de água deveríamos ter interferido, para além das razões puramente humanitárias.

Isto cobre, naturalmente, angolanos brancos e angolanos pretos...

4 comments:

septuagenário said...

Havia brancos nascidos em Angola que nem lhes cabia na cabeça que não tinham os direitos dos negros.

Destes alguns chegaram a ministros outros a ricos e a maioria está no Brasil ou em Porugal. Mas alguns fiaram-se "navirgem...!".

Havia brancos, que fizeram uma pausa, e regressaram como "cooperantes", e aquilo que não conseguiram como colonos, (kumbu), depois foi à "ganança", com ajuda de amigos dos governos (de cá e de lá).

Havia brancos que nunca estiveram nem trabalharam nem conheciam aquilo, e orientam-se nos trópicos como peixe nágua.

Mas a maioria foram o que se chama "o mexilhão", e aí se houve muitos brancos, multipliquemos os negros por n vezes.

Cumprimentos
Antº R

Marques Correia said...

Meu caro Septuagenário, o que me espanta (e muito) é que os colonos, na sua generalidade, não tenham percebido (alguns, que eu conheço, ainda não perceberam) que isso era manifestamente impossível (refiro-me a "...nem lhes cabia na cabeça que não tinham os direitos dos negros").

Então, depois de 400 anos em que aos pretos não foram dadas as mesmas oportunidades que aos brancos e em termos de direitos é bom nem falar, como é que se poderia esperar que os pretos se portassem como uns anjinhos e que deixassem que os brancos continuassem a fazer a sua vidinha, com mão de obra ao preço da uva mijona, contratos de semi escravatura e tudo o mais?!

Por amor de Deus!!!!

septuagenário said...

Amigo Marques Correia,
O prisma por onde eu olho os que queriam ficar, desde o funcionário ou empregado, até ao proprietário ou ligado às politiquices, brancos ou mestiços, muitos e a maioria eram jovens e até já com alguma ligação meio clandestina aos partidos, muitos já de ligação antiga, ingenuamente pensavam que aquela guerra ainda lhe dizia respeito, assim como a terra.

Claro que tambem me admirou muitos que conheci, serem tão ingénuos.

Muitos desapareceram, eles ou familia, mas houve muitos que obtiveram sucesso, até no campo político.

Mas, para mim, aqueles que conseguiram "ziguezaguear" por entre as balas sem ser atingidos,foram aqueles cujos amigos pretos eram tudo menos "anjinhos".

Claro que nem toda a gente sabe escolher os amigos!

E com os novos "colonos" portugas ou não, no saber escolher os amigos está o grande sucesso na terra da " árvore das patacas".

septuagenário said...

Amigo Marques Correia,
O prisma por onde eu olho os que queriam ficar, desde o funcionário ou empregado, até ao proprietário ou ligado às politiquices, brancos ou mestiços, muitos e a maioria eram jovens e até já com alguma ligação meio clandestina aos partidos, muitos já de ligação antiga, ingenuamente pensavam que aquela guerra ainda lhe dizia respeito, assim como a terra.

Claro que tambem me admirou muitos que conheci, serem tão ingénuos.

Muitos desapareceram, eles ou familia, mas houve muitos que obtiveram sucesso, até no campo político.

Mas, para mim, aqueles que conseguiram "ziguezaguear" por entre as balas sem ser atingidos,foram aqueles cujos amigos pretos eram tudo menos "anjinhos".

Claro que nem toda a gente sabe escolher os amigos!

E com os novos "colonos" portugas ou não, no saber escolher os amigos está o grande sucesso na terra da " árvore das patacas".