Sunday, August 02, 2009

A IDADE DO JUÍZO

Ao conversarmos com os amigos sobre a situação do País, as roubalheiras do gang do BCP, do BPN e do BPP e os desenrascanços "dos políticos", muitas vezes se ouve alguém lembrar, como se tratasse de um argumento contra, que muito dos chefes do PSD e do PS foram de extrema esquerda (do MRPP, em particular) na juventude.

Por considerar que essa evolução nada tem de anormal e (talvez...) porque eu próprio tive um percurso semelhante (MRPP, colaboração com o grupelho de Mendes nas férias, colaboração com o MPLA, para acabar por me filiar no PSD, já no fim dos 90's), sinto-me sempre compelido, pelo menos quando tenho pachorra para tanto, a objectar e tentar rebater essa ideia.

Mas, realmente, será preciso rebatê-la? Não será antes preciso explicar, ou tentar encontrar explicação, para a singularidade de um tipo pensar aos 50 anos o mesmo que aos 18?!

Não será totalmente abstruso um tipo aos 50 anos, depois de ter visto o que se passou no mundo durante os últimos 30 anos e lido sobre o que se passou nos últimos 100, não será totalmente abstruso que um tipo continue a defender o comunismo, a acreditar na criação de uma sociedade sem classes e que a "luta armada" é uma via para lá chegar?

Que a gente acredite nisso aos 18 anos, passa à conta de inexperiência, falta de conhecimento da História e da atractividade da teoria (afinada ao longo de décadas e décadas...). Parece-me perfeitamente normal que malta idealista, ansiando por um mundo melhor e mais justo se sinta atraída por uma sociedade sem classes, acredite que isso seja possível e que "à porrada" até será mais rápido.

Mas para continuar parado nessa aos 50 anos... é preciso mesmo estar de olhos fechados à História e ao que se passou, entretanto, à sua volta.

Mas, a verdade, é que todos temos uma ilimitada capacidade de acreditar no que queremos acreditar.

2 comments:

Fátima Santos said...

e a "idade do juizo" é...???
reli e fiquei com a duvida irresolvida: pelos 18 ou na entrada dos 50, essa idade (dita) do juizo?

Marques Correia said...

Também não sei, mas inclino-me mais para os cinquenta que para os 18.