Saturday, August 01, 2009

ANATOMIA DE UM CAGALHÃO

Esta manhã, quando voltava da passeata de bicicleta, em direcção à sobrelotada arrecadação do condomínio, reparei pelo canto do olho em qualquer coisa bizarra que não percebi o que era mas que me ficou a martelar no toutiço.

Do lado de dentro, entenda-se.

Depois de arrumar a bicicleta, operação dificultada desde há cerca de um mês por um sacrista daqueles que "fazem" ciclismo, mascarados de ciclista, com toda a fardeta da moda, do capacete às protecções de cu & partes, que colocou uma bicicleta enorme, atravessada, mesmo entre a porta e a minha. Ao menor movimento, os pedais, raios das rodas, hastes dos travões e das mudanças, cabos, etc, embricam uns nos outros o que só pode mesmo provocar uma hemoptise de caralhadas & tudo o mais que uma pessoa de bem debita em casos quejandos.

Arrumada a bicla, toca de vir pelo mesmo caminho, olhando para a esquerda e para a direita a tentar descobrir o que de esquisito me tinha beliscado a atenção.

E descobri mesmo - quer dizer, só podia ser aquilo: um belíssimo cagalhão de cão não dos que imitam uma pirâmide ou um cone abatidos, mas um cagalhão erecto, ligeiramente afilado que se mantinha orgulhosamente em pé desde o momento em que o animal, à custa de algum sofrimento, adivinha-se, o depositou naquele local.

Vejam a figura anterior e ampliem-na (é só clicar nela) se quiserem aperceber-se dos pormenores.

Na foto ao lado, podem ver vestígios de pêlos de algum animal comido pelo cão ou então (não deu para tirar a limpo) pêlos do próprio cão, arrancados no esforço bem sucedido de expelir aquela massa fedentinosa, dura e meio seca, aparentando uma consistência considerável.

Mais tarde, passando pelo local, não pude deixar de lamentar o destino que se adivinhava para aquele belo exemplar.

Por um lado, uma chuva estival que já se adivinhava desde madrugada e que a previsão meteorológica assinalara, contribuíra para baixar a consistência da matéria cinofecal o que terá feito perder a posição fálica que anteriormente assumia e jazer por terra, como um guerreiro deitado no chão do campo de batalha, aguardando a morte inevitável.

Por outro lado, uma viatura estacionara com uma roda de trás a escassos quinze centímetros do cagalhão, não sendo líquido se a roda de frente fora a autora do ligeiro toque que o terá feito cair.

De qualquer modo o destino de todo o cagalhão depositado no asfalto é o esmagamento e a deposição por offset em múltiplas impressões ao longo da via até se esbater e aniquilar por falta de reposição de matéria na roda.

Triste destino para um exemplar tão belo, tão bem definido.

No fundo, uma verdadeira obra de arte.

E para terminar com um poema de Bocage, adequado ao tema, clique aqui

12 comments:

Fátima Santos said...

tens máquina com grande objectiva?!
se não, poderias ter descrito,num pequeno texto, o cheiro que, creio comporia ainda mais a descrição do objecto
só o meu (animal) caga-me debaixo do olho e não me dá esculturas merecedoras de um post quanto mais uma reportagem de arte
ou não ando atenta à coisa...

Fátima Santos said...

ou andarei a dar-lhe demasiada carne sem osso

Marques Correia said...

As fotos foram tiradas com uma Canon corriqueira,com uma definição de 7 Mpixel (o máximo que a dita consegue); as fotos mais próximas foram feitas com macro; as tiradas junto à roda, com flash.

O objecto não exalava qualquer fedor, àquela distância (a máxima proximidade terá andado pelos 80 cm a um metro).

A textura, compacidade do produto e ausência de cheiro parece-me apontar para uma alimentação seca à base de ração, donde o animal será doméstico e vivendo num apartamento, com hábitos estabilizados.

Fátima Santos said...

eheheh

Fátima Santos said...

eheheh

Anonymous said...

Gostei bastante, toda a gente se riu a custa deste blog.

Anonymous said...

Aqui está e prova de que quem sabe escrever bem até pode escrever sobre merda que está sempre uma bela duma obra.

Marques Correia said...

... e o meu caro e amável Anónimo ainda não um ensaio sobre os cadáveres hiperbólicos do permanacústico inferior...

malucao said...

oh oh

Anonymous said...

oh

malucao said...

Fiu ver 2004 Eh Eh! Só vais ver em 2010 na maior um abração

Anonymous said...

cabrão tens de escrever um livro, sinceramente nunca me ri tanto na vida a custa duma mísera cagada de um cão, caralho do dejecto.