Tuesday, January 30, 2007

Prós e Contras - o SIM versus o NÃO

O programa prós e contras da RTP desta noite consistiu num debate moderado entre um grupo de adeptos do NÃO (a tontinha da Laurinda Alves, o dr Aguiar Branco, o dr Lapa (?) o engº Fernando Santos, a fadista Kátia Guerreiro, etc) e do SIM (o Pureza do BE, o prof Vital Moreira, a escritora Lídia Jorge, etc), razoavelmente civilizado, mas sem trazer nada de mais, como era de esperar.

A rapaziada do NÃO fala de bébé, de filho, de criança quando se refere ao feto, não saindo do que considera a defesa da vida. Contudo, muitos deles, o dr Aguiar Branco, por exemplo, aceitam tranquilamente o aborto no seguimento de violação. Outros aceitam, nas calmas, que em caso de perigo de vida para a mulher ou malformação do feto, se faça o aborto.

Fico sem perceber onde lhes fica a defesa intransigente da vida.

De qualquer modo, falando de filho e de criança, nenhum se declarou apoiante de que o aborto seja punido como infanticídio (forma de homicídio, assassinato, portanto) e, pelo contrário, muitos afirmam não querer que as mulheres sejam punidas.

Fico baralhado. É criança ou não? Sé é, matá-la é menos crime se tiver menos de 1 ano? Menos de 2 anos? Menos de ... ?

O SIM quase só fala da mulher, insiste na protecção à mulher, na criação de condições seguras caso queira abortar, mas recusa pronunciar-se sobre o significado de matar o feto (é terminar uma vida? desde quando é que será crime? etc). Mantém-se, no fundo, fiel à linha histórica, ao modo como a questão surgiu, precisamente para fazer face ao aborto clandestino, feito por vizinhas mais ou menos bruxas ou parteiras, como método de contracepção, com taxas de mortalidade consideráveis.

Só o Vital Moreira aflorou a questão, não afirmando nada, mas desafiando os do NÃO, que enchiam a boca de "criança" e "filho", a requererem a criminalização do aborto como infanticídio, em nome da coerência.

Em resumo, nada de novo à esquerda ou à direita, a treta habitual.

Como era de esperar: afinal toda a gente sabe, quem aborta e quem não aborta, desde sempre, que o que se desenvolve dentro da barriga da mulher vai ser um bébé ao fim de mais ou menos 9 meses. Até lá ...

(os dois "bonecos" que ilustram o post são, como é bom de ver, da autoria de mestre José Vilhena, a quem agradeço)

5 comments:

Anonymous said...

«em nome da corrência» ???

Anonymous said...

Vê-se bem que quem escreve não tem qualquer sensibilidade para um problema tão grave que afecta as mulheres deste pobre país.
Há coisas novas, sim senhor! A ciência mostra-nos que a Vida Humana começa no embrião e que o feto tem actividade cerebral desde as primeiras semanas.
Quem é sério não pode ficar ao meio.
Quem é sério é pelo NÃO.

Marques Correia said...

Caro XS,
respondo directamente à tua pergunta directa, sem qualquer problema: vou votar SIM, como já votei em 98.
Mas isso não quer dizer que só olhe para o problema da mulher que aborta e me marimbe para a questão (para mim central) que é a vida do feto. Por muito que se olhe só para a mulher, o aborto consiste em matar o feto que, não sendo ainda uma criança, anda lá perto (com, digamos, 8 meses de gestação, só falta mesmo sair cá para fora).
Voto sim, mas este assunto deixa-me muito desconfortável.
Estado de alma que um "militante" cheio de certezas desconhece.
Good for him...

Anonymous said...

Voto NÃO porque:
-Na sociedade em que vivemos , o belo do Portuga vai usar e abusar do aborto (não acredito na história do traumatizante para a mulher)...vão aumentar as filas de espera, vai diminuir o poder de resposta, já por si microscópico, dos nossos hospitais;
-Ganhando o sim, lá teremos mais uma galinha dos ovos de ouro para as clínicas privadas que farão abortos a granel com diheiro dos contribuintes (o Estado terá que delegar nestas e COMPARTICIPAR os abortos que como é óbvio não poderão esperar muito);
-Ganhando o sim, lá se vai o argumento " querido põe o preservativo que eu não quero engravidar..." Resultado- Dá-se um passo atrás na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis..isso sim um problema realmente grave....
Resumindo e concluindo sou mais contra o sim do que a favor do Não..logo voto NAAAAAAOOOOOO (ou votaria se estivesse em Portugal..:))

Marques Correia said...

Deixa lá, João.
Eu também não vou poder votar, pela mesma razão que tu, de modo que o meu não sim contrabalança o teu não não.
Fica tudo em casa, que se lixe!