Saído momentaneamente da oubliette onde, para nosso descanso espiritual, tombou há muito, o general de cavalos & pingalim veio iluminar-nos com o seu patriotismo inabalável.
Assunto (pasmem, ó Tágides!): a nossa querida Índia, a pérola da coroa, Goa, pois então!
Tirada não se sabe de onde o Público veio repescar uma frase daquele cavaleiro que continua a ver na ocupação de Goa uma ataque ilegal (?!) e (etc) contra os Direitos Humanos.
Tá visto, os indianos tinham mais "Direitos Humanos" sob a pata do colono do têm integrados no país que coincide (por que será?!) com o sub continente indiano.
No tempo do Estado Novo esses "Direitos Humanos" tão caros ao senhor General, eram, como se sabe, uma enormidade de direitos.
Que saudades daqueles tempos, não é, senhor General?
12 comments:
Palpito que nunca deve ter conhecido pessoalmente e convivido com Goeses desse tempo, caso contrário nem duvidava que a última coisa que eles pretendiam era mudar a identidade que tinham:Portugueses.E eles sabiam que não foi o Estado Novo que fundou o Estado Portugues da India. São muitos milhares que vieram para Portugal.Os Macaenses tambem tiveram que aceitar. E os Timorenses andámos com velas na mão, e é aquilo... desculpe, acho o seu espaço muito interessante, mas no caso, como sei do que falo...Antº Rosinha, alverca
Também conheci (conheço) muitos portugueses de Goa, assim como conheci alguns que, sendo Goeses, se sentiam pouco ou nada portugueses. Conheci, por exemplo, o dr Pundlica Gaitonde (em Londres e em Lisboa), que desde os tempos de estudante em Portugal pugnou pelo ingresso de Goa no seio da (então) recém constituída União Indiana. Não pela independência de Goa que considerava não ter sentido, mas pela integração na União Indiana.
De qualquer modo, para além dos Goeses que saíram de Goa para Portugal ou para ex colónias, não terão sido muitos os que apoiavam a continuação da dependência de Portugal, nem me consta que tenham surgido movimentos em defesa do regresso das caravelas.
E, note, os Indianos eram e são livres de se associarem e de defenderem as ideias que entenderem, como, certamente, saberá...
Tem toda a razão quando diz que os Indianos eram e são livres de se associarem e defenderem as ideias que entenderem, só que aos Goeses, o Neru não lhe perguntou o que queriam, e é sabido que nunca nenhum movimento dos naturais de Goa, Damão e Diu, se manifestou contra Portugal. Ninguem quer nem devia ser colonizado. Agora até os nossos Oliventinos já se acham espanhois. A história devia ser escrita na hora. Antº Rosinha, Alverca
É verdade que o Neru não lhes perguntou nada, antes da invasão. O Salazar, bem como todos os antecessores no governo de Portugal, tampouco.
Quanto a não existirem movimentos de goeses contra a presença de Portugal, olhe que havia, olhe que havia. Sem ser exaustivo, aqui vai uma mão cheia deles:
-Goan National Congress, do tal meu conhecido dr Pundlica Gaitondé;
- Azad Gommantak Dal;
- Goan's People Party, comunista, de Jorge Vaz e Divakar Kalkodkar;
- Goan Liberation Council, de Aloísio Soares;
- United Front of Goans, de Francisco Mascarenhas;
- Goan National Union, de José Mariano e Sousa, partidário dos satyagrahas (invasões pacíficas, à la Gandi);
- Rancour Patriotic, de Prabhakar Simari;
- Partido Socialista de Goa, de Melício Fernandes e Vermona Dessai;
- União dos Estudantes de Goa;
- Serventes de Goa - estes serventes defendiam uma autonomia dentro do estado Português;
- Goan Nationalist Anti Fascist Party;
Etc, etc, etc.
De facto, como diz, e muito bem, o sr Rosinha, "Ninguem quer nem devia ser colonizado".
Claro! Daí a revolta contra as potências coloniais, um pouco por todas as colónias, e a perfeita integração dos goeses após a entrada, quase sem resistência, da tropa da União Indiana no território.
Depois da integração houve eleições e continuou a haver eleições, isto é, foi, de facto, e continua a ser perguntado aos goeses o que querem fazer da sua vida.
Eu não conheci goeses tão importantes: Um professor de topografia, Nazário, a mulher do meu colega Abreu e familia, o meu colega Hugo, a mulher do sargento açoreano Nobrega, com 5 filhos mestiços, 2 deles nascidos em Goa,colegas de profissão, mestiços, vários, ´pela televisão conheço o deputado Coissoró. Septuagenários como eu.Até nós, porugueses,tugas, portugas, caputos, galegos e agora cubanos, somos fruto de várias colonizações. E enquanto falarmos português, acho que valeu a pena. Continuarei a espreitar o seu canto. Antº Rosinha
Também acho que valeu a pena, mas lembre-se como começámos: o meu amigo acha que o Neru cometeu um atentato aos Direitos Humanos ao invadir Goa, como se esses direitos humanos tivessem sido respeitados nos 3 séculos anteriores.
Mais à frente, afirma não ter havido manifestações significativas contra a presença portuguesa: dei-lhe exemplos de vários movimentos que combatiam a presença portuguesa. Repare que até os "Serventes", que defendiam a autonomia dentro de um império português, mesmo esses, tinham sede em Bombaim, pois em Goa ou Lisboa não tinham liberdade para defender tais heresias...
Não percebi essa de espreitar o canto. Diga-me que eu curto bué espreitar coisas; é uma maneira de se aprender, fora das opiniões oficiais.
Parece que o Dr Zeco (ou o sr Marques Correia, não é?) ou está distraído, ou ...
Com "espreitar o seu canto" está na cara que o sr Rosinha está a dizer que continuará a visitar de vez em quando o seu blogue.
Ena pá! Realmente era isso. Estava mesmo distraído...
Lá tive que me informar com velhas relações. É que apesar de ter vivido a sul dos trópicos praticamente metade da minha vida, às vezes ainda sinto dificuldade em distinguir uma palmeira de uma bananeira. Como tal recorri a quem é de lá. Afinal, apenas as classes médias e baixas de hindus de Goa, é que jamais lhe passava pela cabeça, sairem debaixo da bandeira portuguesa para a União Indiana. Tipo, funcionários, empregados de escritório, pequenos comerciantes, gente do campo,etc., e havia uma classe de hindus, (pequenissima), que eram da classe alta, principalmente ligados à exploração do minério, a quem o Neru, acenou com um estatuto de autonomia especial, esses sim foram atrás da cenoura, só que saiu-lhe o tiro pela culatra e ficaram integrados dentro de outro estado, e só em 1987 é que Goa ficou um Estado autonomo. Aí já tanto a economia, como os usos e lingua lusa, estavam diluidos pelo êxodo dos antigos e pelo afluxo dos novos. Mas não foi nessa data que o império ficou mais pequeno. Porque o império continua: o império é a lingua portuguesa. E lentamente, o que se passou em Goa, por falta de capacidade (crónica) dos nossos politicos, parece que em Moçambique, Mia Couto, já nota o idioma a ir-se lentamente, e em Bissau já é o Francês que avança. E tudo isto não é por antiportuguesismo dos povos, mas sim, porque "não vale a pena, quando a alma é pequena". Mas o pior é quando misturamos "alhos" com colonizaçao, e "bugalhos" com Estado Novo. Que importa que o brasileiro Caetano Veloso, o que enche os coliseus, diga por escrito, 180 anos depois da independencia do Brasil, que os portugueses no Brasil só soubeream explorar os indios, se o diz em português? antº rosinha
Parece que o dono do blogue ficou sem resposta.
Acontece a quem não sabe do que fala.
...não é, filho, é mesmo falta de pachorra para continuar a bater na mesma tecla com quem não quer ouvir, nem ler nem ... pensar.
Pode ter-se feito toda a sorte de sacanices sobre uma população que não pediu para ser colonizada (perdão, evangelizada e civilizada, não é assim?), não pediu, nem quis, ser portuguesa, mas teve que trabalhar para o branco, pagar tributo, ser cidadão de segunda (ou de terceira) na sua própria terra.
Quando tudo isso se acaba, quando a normalidade é reposta e os indígenas nos mandam p'ró caralho em bom português, os nossos saudosistas do Império suspiram:
- Grande vitória da língua portuguesa, valeu a pena!!!
.....
Começo a fartar-me deste tipo de conversa...
Senhor Bloguista e senhores anónimos, este assunto já está arrumado, deixem os Goeses em paz.
Há Goeses que gostavam de continuar sob o escudo Português e há outros que não, mas para isso é que há liberdade de pensamento e de escolha, sou neto do General Azeredo e conheço muitos amigos dele que são Goeses, além do mais tenho filmes de 8mm captados por ele em Goa e posso garantir-lhe que não eram assim tão infelizes nem miseráveis, até arrisco em dizer que lá vivia-se melhor como goês do que nós agora cá como Portugueses. Não se ponham a falar em nome de outros, há quem goste e quem n goste de Portugal assim como há quem goste e quem n goste do Governo de Sócrates, deixem a história em paz, o que lá vai lá vai é como diz o meu avô, daqui um bocado tmb podemos fazer de vitimas e dizer que nós como lusitanos fomos vitimas de escravatura dos romanos.
Saúde a todos é verdade que fizemos feitos incríveis como Portugueses e feitos vergonhosos, mas isso é como em tudo, como disse tmb já fomos escravos, e não é para levar a mal o que disse até porque o assunto é interessante mas a nível histórico não a nível de debate político, pois essa parte agora diz apenas respeito aos goeses.
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