Quanto malandro, bem vestido e engravatado, andará por aí a arrotar integridade, a transpirar ética e a vender sentenças, redigidas à medida do cliente? Quantos?
Quantos bandidos andarão por aí a viver à grande e à francesa com o que recebem por "favores" e jeitinhos que os cargos públicos que ocupam lhes proporcionam? Quantos?
Quantos Ruis Rangéis e Fátimas Galantes, meretríssimos (vender-se é uma forma de meretrício...) juízes menos exibicionistas andarão por aí ricos, arrogantes, indetetados e impunes? Quantos?
. . . .
E quando será que nós todos (e o Estado, a nossa cúpula institucional) nos deixaremos de tolices e assumiremos que o escrutínio sistemático das nossas contas (bancárias e domésticas), dos nossos ganhos e gastos, dos nossos deve e haver, muito para além do que o fisco já faz, é a única maneira (não gosto de coisas "únicas" mas, francamente, não vejo outra) de garantirmos o combate eficaz à corrupção que o mesmo é dizer que jogamos todos com as cartas do mesmo baralho - limpas, sem marcas e obtidas legitimamente. Quando?
Esse escrutínio viola a privacidade? Hoje, talvez sim, mas ainda há poucas décadas o Mário Soares (e com ele meio Portugal) achava inadmissível que os computadores "falassem entre si", cruzassem bases de dados, e pudessem detetar (como hoje detetam correntemente e "na hora") discrepâncias entre o que o cidadão declara e o que efetivamente pagou ou recebeu.
Manter a privacidade a este nível é, objetivamente, proteger os corruptos por muito bondosa e bem intencionada que a argumentação pareça.
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