Na semana que passou, comemoraram-se os 70 anos do início da Guerra Civil Espanhola. Felizmente, as marcas que deixou foram-se atenuando, a transição para a democracia fez-se sem sobressaltos (passe a revolta falhada do Tejero Molina e a sua tomada das Cortes, de pistola em punho, "todos p'ro chão, coño!"), e até já se iniciou um pequeno ajuste de contas com a História. Saber onde está enterrado fulano e sicrano, quem está em que vala comum, reabilitar os condenados do lado perdedor...
Começa também a ser possível falar da Guerra Civil Espanhola sem termos que chamar cabrón e fascista ao Franco e lutadores pela liberdade aos "outros".
Até se pode reflectir sobre a semelhança entre a República espanhola e o regime de Allende, ambos suportados por maiorias exíguas e pouco estáveis, e ambas enveredando por reformas profunda e fracturantes (como agora se diz), com a pressa de quem sabe que essas reformas nunca passariam nas próximas eleições. E sem olhar a consequências...
No caso da República espanhola, a coligação ia das esquerdas moderadas aos comunistas e aos anarquistas e, entre outras coisas, não resistiram ao apelo do anticlericalismo radical e começaram a matar frades, freiras e padres como se estivessem na Sóvia, onde pontificava o grande pai Stalin e que era o modelo para muitos dos ditos republicanos...
Depois, foi o que se viu. Perante a indescritível tropa fandanga, que a foto mostra, e que, um pouco de todo o mundo comuna, veio molhar a sopa nos fascistas espanhóis, o exército de Franco até parecia um exército disciplinado e bem treinado, à imagem dos seus aliados alemães.
E o engraçado é que os tipos que foram matar espanhóis pelo lado das brigadas internacionais, são vistos (ainda) como uns gajos porreiros, uns românticos (como o Hemingway...) que só queriam que em Espanha não vencessem os fascistas.
Uns eram apoiados por Hitler e Mussolini (eram os maus!!!); os outros, os bons, eram apoiados por Stalin, mas isso agora não interessa nada, como diria aquela maluka da televisão...
1 comment:
será por este modo que se escreve História? é que me parece que sim. O "quente" dos acontecimentos não deixa lugar à observação distanciada e "neutra". Quem faz hoje já, a escrita da História ...se sabes, indica-me uns autores e livros sff
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