Monday, November 01, 2010

GRACIA NASI - AS PERSEGUIÇÕES AOS CRISTÃOS NOVOS NA ADMIRÁVEL EUROPA CRISTÃ

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Este fim de semana prolongado, retirado em Lagos, deu-me oportunidade de avançar muito na leitura do último livro da Ester Mucznic.

Além de ser uma dar colunistas (do Público) que raras vezes perco e que leio quase sempre com gosto, deve ter sido (ela e a Filomena Mónica...) uma verdadeira brasa, na sua juventude. O que nunca é despiciendo e por isso aqui refiro.

Neste livro, Ester Mucznic traça a rota de uma senhora judia, nascida numa família de cristãos novos (eram judeus expulsos de Espanha pelos reis católicos e convertidos à força por obra e graça do Senhor D. Manuel I) desde a sua Lisboa natal até Istanbul onde, naquele reino muçulmano, pôde finalmente assumir-se como judia e praticar a sua religião.

Mas não foram apenas os reinos peninsulares que perseguiram os judeus: a rota da Senhora foi marcada por sucessivas perseguições e expulsões de Antuérpia, Veneza e Ferrara, sempre com a inquisição à perna em conluio com os monarcas, que cobiçavam a sua imensa fortuna e ambicionavam o seu confisco.

O livro é muito instrutivo em particular para quem pensa que o Hitler foi um caso isolado e atípico na convivência entre cristãos e judeus. Pode ter sido o mais violento e drástico (os meios de que dispunha eram outros...) mas o papel da Igreja na perseguição aos judeus foi muito mais antiga, duradoura, persistente e encarniçada do que a do sombrio cabo austríaco. A matança de Lisboa, atiçada pela padralhada, é disso um exemplo eloquente.

Sintomático foi o acolhimento e apoio dado pelo Império Otomano a judeus e cristãos novos, o que foi praticamente norma nas relações entre judeus e muçulmanos durante séculos até a questão palestina fazer azedar essas relações.

Leiam que vale a pena.

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