Friday, May 01, 2009

O 1º de Maio, os Maios e o mês que há de vir

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O 1º de Maio, passei-o em Lagos.

Nada de manifs com grunhos a provocarem grunhos e o Vital Moreira, com a sua figura de Avô Cantigas acabando por ser agredido por malta ressabiada (diz-se que) afecta à CGTP - ganda bronca!!!

Maio é um mês lixado, com o May day (festa dos trabalhadores), o 13 de Maio (peregrinação a Fátima), as Cantigas do Maio (e viva o Zeca!), o mês em que o Zé Bação foi mobilizado (Apaga Maio!! Apaga Maio!!) - a propósito, quem tiver o livro de poesia do Zé Bação Leal, edição muito pequena e, creio, não reeditado, que me diga o preço (you name it, you got it - dentro do razoável, claro).

Mas em Lagos o Maio é uma coisa muito delicada. É que cá na terra não há mês de Maio: a seguir a Abril conta-se o mês que há de vir, Junho, Julho, etc.

Há muitos anos, havia por cá uma festividade durante a qual um moç' era vestido e carregado de ouro, arrecadas, cordões, etc, etc (era um dos maluquinhos da terra, para evitar espertezas, se bem me entendem), e passeado em cima de um burro a mostrar a riqueza das gentes.

Seria um ritual pagão para atrair a prosperidade para o burgo? Alguém saberá, nanja eu.

O que consta é que um belo ano o atrasado mental vestido de Maio, assim se chamava ao personagem que montavam no burro carregado do ouro da terra, que, nesse ano, não era tão atrasado como lhe competia, quando apanhou o pessoal distraído e já avançado nos vinhos, medronhos e amarguinhas, picou o burro e pôs-se ao fresco com o ouro em cima do lombo.

O pessoal, olhando o burro com o falso def em fuga, exclamava (conta-se): quanto mais longe, mais loze! (forma deturpada de conjugar o verbo luzir)

Nunca mais voltou.

Daí p'ra frente, os lacobrigenses deixaram de ter mês de Maio e afinam nas horas quando alguém lho lembra, refere o mês que há de vir ou exclama "mó' dieb', quanto mai' longe mai' loze!!!"

No 1º de Maio, é tradição os lacobrigenses engendrarem uma espécie de espantalhos, uns mais trapalhões, outros mais elaborados, e plantarem-nos à porta (ou à janela), em memória do mês que lhes fugiu.

Os exemplares que mostro foram fotografados hoje, em Lagos que corri seca e meca à caça deles.

De tão poucos fica-me a convicção de que a tradição já não é o que era...

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