Eva disse ao Senhor:
- A serpente enganou-me e eu comi (o fruto da árvore do conhecimento do Bem e do Mal).
Responde-lhe o senhor:
- Falsa, mentirosa, não há serpentes no Paraíso!
O Senhor, na pressa de acabar a sua obra, só tarde se apercebeu que não tinha dotado Adão e Eva de voz. Corrigido o erro, "despediu-se com um paternal Até logo, e foi à sua vida. Então, pela primeira vez, adão disse para eva, Vamos para a cama."
O livro é uma delícia, se bem que perca um bocado o ritmo para lá do meio e acabe quase penosamente.
Mas, no cômputo geral, lê-se bem, tem piada, é bem escrito - com as características conhecidas do Saramago, os períodos longos, a ausência de parágrafos, os diálogos de enfiada, o uso persistente de minúsculas nos nomes.
Toca naqueles pontos do antigo testamento que sobrevoamos, como alegorias que não se devem levar à letra, mas que não deixam de ser manifestações da face do Senhor, implacável e totalmente despida de caridade e compaixão. Sodoma e Gomorra são apenas dois exemplos entre muitos, muitos, muitos.
Realmente, como diz Saramago:
a história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós nem nós o entendemos a ele.
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