Friday, December 05, 2008

RELAÇÃO CONDENA PRAXE - GRANDE ANA DAMIÃO!!!!

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A quinze dias deste blog completar quatro anos de publicação e à bica de publicar o post nº 500, até me pareceu de propósito!

No Público desta manhã, eis que me aparece um facto feito à medida das necessidades, um dos temas que me são mais caros e que têm tido o devido relevo neste blog: a praga das praxes.

Pois é, a escola de Macedo de Cavaleiros, o Instituto Piaget, que o tribunal de primeira instância absolvera, premiando o seu exercício de olhar para o lado enquanto a praxe ladrava e chiava à sua volta, o Instituto, dizia eu, foi condenado na Relação a indemnizar a estudante Ana Damião em cerca de € 40.000,00 (quarenta mil euros).

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Mais do que isso, a Relação criticou severamente (arrazou, é o termo) a sentença da primeira instância que considerou não estar provado que a estudante (caloira) não aceitou voluntariamente os actos que os "veteranos" lhe ordenaram.

Só quem é muito burro ou está de má (para ser directo) é que pode ignorar o clima de coacção, a "pressão social" que se exerce sobre os caloiros para que aceitem tudo o que os "veteranos" lhes fazem ou ordenam que façam e que considerem as sevícias, enxovalhos, humilhações e maus tratos como nada mais que o cumprimento de uma tradição cuja passagem às gerações vindouras lhes compete. Sejam dignos, pois!

O simples facto de ter apresentado queixa aos órgãos competentes do Instituto (incompetentes, afinal...) bastou para que lhe tivessem feito a vida negra (ou branca, conforme a perspectiva), dentro e fora do Instituto, a ponto de ela se ver obrigada a mudar de escola e de cidade.

A coragem da catraia é de enaltecer, numa sociedade em que, muitas vezes, imperam os merdosos, em que defender os nossos direitos é aceitável, desde que não se aponte o dedo a ninguém.

É que fazê-lo, transforma a vítima em bufo, em queixinhas, em anti social.

Este verdadeiro silêncio dos inocentes é, no fundo, a omerta que sustenta as mafias em todo o mundo a qual tem a mesma natureza que a complacência dos mais capazes perante a desonestidade, o cabulanço, a vadiagem e o copianço dos espertos que singram no nosso sistema de ensino e na vida.

Cortar a cabeça, os braços e as pernas às praxes não resolve, mas já é um bom princípio!

8 comments:

mac said...

Amen!

Anonymous said...

Enquanto as instâncias superiores não resolverem intervir de forma inequívoca a praxe vai sempre ter a legitimidade que lhe confere a suposta "acção integradora" no mundo académico.
Enquanto alguém dos orgãos directivos não proibir a praxe estes casos vão sempre acontecer.
Eu fui praxado.
Não foi uma das melhores experiências da minha vida, mas também não foi das melhores.
Acho que apanhei um grupo de "veteranos" relativamente consciente e respeitador. Algo raro num instituto de engenharia em que um dos cursos (não o meu) sujeita e aceita que os seus caloiros sejam sujeitos à praxe durante todo o tempo em que lá se encontram, exceptuando o tempo de aulas a que são até, algumas vezes obrigados a faltar.
A praxe funciona um pouco na base do "come e cala".
Faz o que te digo senão estás tramado.
Não é esta a orientação normal deste país em que vivemos?
Não serão estes comportamentos um sinal dos tempos?

mac said...

Não, não é esta a orientação normal deste país em que vivemos, antes pelo contrário. Neste país em que vivemos, muito cedo se viu oposição racional a estas práticas tribais e primitivas.
E não, não são estes comportamentos um sinal dos tempos, pois os tempos passados estão recheados de comportamentos aberrantes - estes e outros que, felizmente, hoje já não são sequer socialmente aceitáveis.
E, já agora, as instâncias superiores deveriam proibir as praxes, sim, mas enquanto a noção da iniquidade não penetrar nas cabeças das pessoas vulgares, veremos sempre exemplos lamentáveis e socialmente aceites da prepotência de amostras de gente sem valor com a oportunidade de demonstrarem a sua superioridade perante malta mais frágil. Sempre perantes esses, claro, que os outros são perigosos....

Anonymous said...

A mac não acha que vivemos no tempo do "come e cala"?
Eu não sei, mas é mesmo essa a impressão com que ando ultimamente.

Marques Correia said...

Espero que não seja essa a impressão do Carlos Cús & pandilha... e muito menos depois da sentença, recursos para a Relação e por aí acima.
Ele pode ter comido e calado mas, felizmente, houve muita gente que (foi comida e) não se calou.
Os tempos estão curiosos: até já temos banqueiros arrecadados...

Anonymous said...

Estou muito curioso em relação ao final destas histórias.
A da Casa Pia e a do BPN.
Cheiram-me a Apito Dourado Revisited.

Marques Correia said...

Nos apitos dourado e outos (?) acho que se avançou qualquer coisa, já que mais não seja a ideia de que aquilo é tudo malta mais que desclassificada.
Mesmo os ladrões são de muito baixa extracção.
Já reparou que neste blog não há um único post (se não estou em erro) sobre esse submundo, esses untermenchen esses comedores de fruta para dormir e coisas assim?

J.Pierre Silva said...

Sobre este e outros assuntos correlacionados: http://notasemelodias.blogspot.com/2008/09/notas-sobre-praxes-e-praxe.html