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A quinze dias deste blog completar quatro anos de publicação e à bica de publicar o post nº 500, até me pareceu de propósito!
No Público desta manhã, eis que me aparece um facto feito à medida das necessidades, um dos temas que me são mais caros e que têm tido o devido relevo neste blog: a praga das praxes.
Pois é, a escola de Macedo de Cavaleiros, o Instituto Piaget, que o tribunal de primeira instância absolvera, premiando o seu exercício de olhar para o lado enquanto a praxe ladrava e chiava à sua volta, o Instituto, dizia eu, foi condenado na Relação a indemnizar a estudante Ana Damião em cerca de € 40.000,00 (quarenta mil euros).
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Mais do que isso, a Relação criticou severamente (arrazou, é o termo) a sentença da primeira instância que considerou não estar provado que a estudante (caloira) não aceitou voluntariamente os actos que os "veteranos" lhe ordenaram.
Só quem é muito burro ou está de má fé (para ser directo) é que pode ignorar o clima de coacção, a "pressão social" que se exerce sobre os caloiros para que aceitem tudo o que os "veteranos" lhes fazem ou ordenam que façam e que considerem as sevícias, enxovalhos, humilhações e maus tratos como nada mais que o cumprimento de uma tradição cuja passagem às gerações vindouras lhes compete. Sejam dignos, pois!
O simples facto de ter apresentado queixa aos órgãos competentes do Instituto (incompetentes, afinal...) bastou para que lhe tivessem feito a vida negra (ou branca, conforme a perspectiva), dentro e fora do Instituto, a ponto de ela se ver obrigada a mudar de escola e de cidade.
A coragem da catraia é de enaltecer, numa sociedade em que, muitas vezes, imperam os merdosos, em que defender os nossos direitos é aceitável, desde que não se aponte o dedo a ninguém.
É que fazê-lo, transforma a vítima em bufo, em queixinhas, em anti social.
Este verdadeiro silêncio dos inocentes é, no fundo, a omerta que sustenta as mafias em todo o mundo a qual tem a mesma natureza que a complacência dos mais capazes perante a desonestidade, o cabulanço, a vadiagem e o copianço dos espertos que singram no nosso sistema de ensino e na vida.
Cortar a cabeça, os braços e as pernas às praxes não resolve, mas já é um bom princípio!