No ciclo de conferências que a Antena 1 tem estado a transmitir, pelos 40 anos do 25 de Abril, sobre tortura a presos políticos, ouvi hoje umas passagens (ouço rádio quase só no carro...) que me impresionaram vivamente.
O contraste com as narrativas em que se auto enaltecem os "heróis" (porque foram vítimas, muitos deles pouco ou nada fizeram de útil à sociedade) e se vituperam os algozes, transformados em monstros geneticamente diferentes de nós outros, incapazes (juramos nós e batemos no peito!) de matar uma mosca, quanto mais de arrancar-lhes as asas e deitá-las à lareira...
Luís Moita (lembro-me dele como o Padre Luís Moita, de antes do 25 de Abril, na capela do Rato) foi muito sóbrio no que disse e o que me impressionou foram duas coisas (não tenho as palavras exatas), mais ou menos isto:
- não me importa muito quem eram os pides que me torturtaram, não retive o nome da maioria deles; se ou não tinham prazer no que faziam - provavelmente eram, no resto, pessoas normais, com uma vida normal, que ao fim do dia de serviço iam para casa, para a família...
- este é um tempo pós anti-fascistas e, no entanto, muitas pessoas continuam a legitimar muita coisa com o seu antifascismo..
O Luís Moita que me desculpe se não consegui reter as palavras exatas mas parece-me que o sentido não se perdeu.
Lembrei-me logo do "nosso" Mário Soares que, já no século XXI, na última aventura como candidato a PR, se descreveu a si próprio como o "anti-Salazar"! É muito triste quem não encontra, nos últimos 40 anos, (Salazar governou até 1968, ano em caíu da cadeira) qualquer coisa de bem feito para apresentar aos eleitores...
Quanto à primeira frase, não posso deixar de me lembrar toda uma geração de "antifaxistas" que ascenderam ao Poder por direito próprio (acho que é o que eles acham...) apenas pelo seu anti salazarismo que, as mais das vezes, se resumiu a levar umas bordoadas da polícia.
Ou, como o eterno Alberto Martins, levantar-se (em 1969, por amor da santa!!!) e dizer "peço a palavra"...
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