O meu saudoso amigo Eduardo Santos dizia, referindo-se à tineta dos nossos colegas de esquerda contra os ricos:
"O que é preciso não é acabar com os ricos, é preciso é acabar com os pobres!"
O triste texto do irmão do Jorge Sampaio, politicamente correto como tudo o que exsuda aquela mente brilhante, centra-se no horror de haver cada vez mais ricos e, ainda mais horrível, de os ricos serem cada vez mais ricos a ponto de os 85 mais ricos do mundo possuírem o mesmo que a metade mais pobre da população mundial.
Que coisa horrível!
Presumo que o que era porreiro para esta alma simples era sacar a riqueza a esses tipos pornograficamente ricos e "distribuí-la" pelos pobres.
Não interessa nada se com esse "saque" os ricos se vissem forçados fechar as empresas e atirar centenas de milhar para o desemprego nem que essa "distribuição", tão solidária, representasse apenas uns bifes e umas cervejolas para os tais 3.500.000.000 que constituem a metade mais pobre, em nada lhes mudando a vida e a pobreza.
Isso não interessa nada! O que interessa é a "moral" da coisa, a "solidariedade", a "distribuição equitativa" da riqueza...
Aos amantes destas tretas também pouco interessa se os ricos do nosso tempo herdaram as "fortunas" ou se as criaram com as ideias e o trabalho de uma vida, se na sua criação deram e continuam a dar trabalho a milhares ou milhões de pessoas se vale a pena, se interessa, ou não estimular o surgimento de outros milionários, de outras empresas, se mais "postos de trabalho".
Também não lhes interessa se os megamilionários do nosso tempo, enfim, muitos deles, estão envolvidos em atividades de solidariedade (sem aspas uma vez que envolvem o seu dinheiro e não o dos outros...), de combate à pobreza, de promoção da saúde (a fundação Chapalimaud não lhes diz nada, claro, e a Gulbenkian é um dado adquirido) - até certamente terão a subida lata de achar que isso é apenas "caridadezinha"...
E, last but not least, essas almas politicamente corretas, que adoram lançar o seu olhar de desprezo para cima dos ricos e para o aumento das desigualdades, não têm a honestidade, a hombridade, de reconhecer que este sistema que cria ricos e desigualdades também elevou e continua a elevar o nível de vida dos pobres (só a África, a Ásia islamizada e parte da América do Sul e Central tardam a apanhar a onda) que, comparados com os pobres da minha infância, de pobres só têm a etiqueta.
Mas isso (acabar com os pobres), isso é que não lhes diz rigorosamente nada!