Pronto, já percebi por que é que não conseguia carregar posts no blog. Tratava-se mesmo que, por defeito, estava a fazer login automático por uma conta do google que só dava acesso ao blog da Guerra Colonial (livro Angola - Recordações da Tropa). Deve haver outra maneira mas o que me interessa é que achei uma: faço login pela conta do gmail adequada e daí em diante fico "loginado" para aceder a este blog.
E vai uma fotografia a ilustrar a coisa.
Nada melhor que uma singela a ao Vilhena - a imagem poderia ser hoje do tempo em que foi desenhada (anos 60) como dos fins do século XIX.
Hoje, é verdade que o "burro" não anda descalço, veste e come melhor, tem estábulo próprio (que anda a pagar ao banco a vida toda) mas que continua a carregar com o fidalgo às costas, lá isso continua...
Sunday, September 28, 2014
ALÔ MAMÃE!!! HELLO EVERYBODY!!!
Não percebi muito bem como, mas acabei de aceder ao meu belho blog ao qual não conseguia aceder há uns bons seis meses, mais coiso menos coiso...
Tenho que perceber bem como foi (tem que ver com a conta do Google em que me "loguino" - uma de duas. Vou ver se conserto a coisa para poder vir cá com mais facilidade e mais certeza de aqui chegar.
Até já.
Tenho que perceber bem como foi (tem que ver com a conta do Google em que me "loguino" - uma de duas. Vou ver se conserto a coisa para poder vir cá com mais facilidade e mais certeza de aqui chegar.
Até já.
Sunday, June 01, 2014
MITOS E ALDRABICES SOBRE A AGRICULTURA EM PORTUGAL
Para quem tiver interesse por estes assuntos (e honestidade para se informar...) deixo-vos aqui o texto integral de Sevinate Pinto, no Público de hoje, sobre as barbaridades que se pesca na net sobre a agricultura portuguesa (podia ser a maior da Europa, eheheheheh!), o abandono de terras e outras que tais.
“Em Portugal, onde há terra não há clima e onde há clima não há terra.”
Muitas das limitações que acabei de mencionar, quer relativamente aos solos, quer ao clima, poderiam ser eliminadas,
ou reduzidas, pelo recurso à rega e pela correcções do solo. O recurso à irrigação aumentaria de forma
significativa a produtividade física dos solos e reduziria as limitações pluviométricas na Primavera e no Verão.
Infelizmente, apesar de ser, cada vez mais, uma condição necessária, ainda que não sufi ciente, para a prática de uma agricultura produtiva, moderna e competitiva, a irrigação actualmente só é possível em
cerca de 15% da superfície agrícola utilizada e, cada vez que é alargada com novas obras de irrigação,
sofre a contestação, quase sempre absurda, de uma parte da “inteligência” politicamente correcta, dentro e fora das fronteiras.
Finalmente, quanto ao abandono, cada vez mais portugueses, mal informados sobre a qualidade dos nossos recursos, onde não vêem searas, pomares, vinhas, hortas ou florestas, consideram os solos como sendo
abandonados e têm sobre isso posições bastante críticas.
Uma das razões por que tal acontece é porque se incluem nessa categoria as pastagens naturais, para a pecuária extensiva, que têm grande expressão entre nós (única possibilidade de utilização de cerca de um milhão e setecentos mil hectares de terras pobres de sequeiro). Além disso, não se valorizam as rotações
e não se avaliam as limitações naturais antes descritas. Contudo, o INE, dentro das suas obrigações
de produção estatística, que desempenha, aliás, com grande profi ssionalismo, começa por defi nir o que é abandono e procede depois à sua avaliação a nível nacional. Assim, segundo o último Recenseamento Geral, de 2009, a Superfície Agrícola Não Utilizada (SANU), atinge no continente 125.000 hectares, isto é, menos de 3% da superfície total das explorações. Apesar de 125.000 ha com capacidade agrícola e com
o estatuto de abandono serem mais do que suficientes para nos preocuparem e serem objecto de censura, estão, no entanto, muito longe, das barbaridades que se dizem sobre o abandono agrícola em Portugal. Relembro que alguns o contabilizam em milhões de hectares, chegando a mencionar áreas superiores à totalidade da área ocupada pela agricultura!
Gostaria de acreditar que se trata apenas de uma confusão de conceitos."
"Há relativamente pouco tempo, uma pessoa amiga reenviou-me um texto que circula na Net sob o título “Eu desconhecia isto”. O objectivo do autor, desconhecido, claro, é o de tentar demonstrar que Portugal é um dos países mais ricos da Europa, mas que os governantes o arruínam. Logo na segunda afi rmação é dito que temos 80% de solo arável, mas que está em quase completo abandono. Quanto ao resto, segundo o autor, temos de tudo e, claro, muito mais do que os restantes países europeus.
Não estranhei, habituado que estou a ouvir afi rmações do mesmo tipo. Às vezes divertem-me, mas, muito mais vezes, incomodam-me.
Não há fórum radiofónico, comício partidário ou debate público, em que não se diga mais ou menos a mesma coisa, isto é, que temos muito bons solos e um clima óptimo para a agricultura. Se não produzimos o que necessitamos, é porque não queremos, ou porque os governos deixam que tudo se abandone.
Trata-se, a meu ver, de mais uma excelente contribuição para alimentar o masoquismo nacional, que abrange uma quantidade crescente de portugueses, sempre disponíveis para absorver, como se fosse verdadeiro, tudo o que de negativo se diz sobre nós próprios.
Eu gosto muito do meu país. Não o trocaria por nada deste mundo, mas, infelizmente, a realidade é bem diferente.
Não estranhei, habituado que estou a ouvir afi rmações do mesmo tipo. Às vezes divertem-me, mas, muito mais vezes, incomodam-me.
Não há fórum radiofónico, comício partidário ou debate público, em que não se diga mais ou menos a mesma coisa, isto é, que temos muito bons solos e um clima óptimo para a agricultura. Se não produzimos o que necessitamos, é porque não queremos, ou porque os governos deixam que tudo se abandone.
Trata-se, a meu ver, de mais uma excelente contribuição para alimentar o masoquismo nacional, que abrange uma quantidade crescente de portugueses, sempre disponíveis para absorver, como se fosse verdadeiro, tudo o que de negativo se diz sobre nós próprios.
Eu gosto muito do meu país. Não o trocaria por nada deste mundo, mas, infelizmente, a realidade é bem diferente.
A realidade é que o Criador quis que fôssemos um país de turismo, com sol, praia e lindas montanhas, mas deu-nos muito pouco daquilo que precisávamos para a agricultura.
Vejamos então um bocadinho mais de perto os nossos recursos e depois o chamado “abandono agrícola”, que a grande maioria dos portugueses considera uma extensa realidade.
Quanto aos recursos, são conhecidas, ainda que não generalizadamente, as nossas grandes limitações, quer em matéria de solos, quer em matéria de clima.
De facto, a esmagadora maioria da superfície agrícola nacional — cerca de 3,6 milhões de hectares, se excluirmos as florestas e as áreas destinadas a outros fins, — é composta por solos pobres, delgados, pouco férteis e muito frágeis.
Para além de utilizarmos agricolamente apenas pouco mais de um terço da nossa superfície territorial (o resto são florestas, matos e áreas sociais), a maioria desses solos são delgados, têm uma composição física e química muito pouco propícia à agricultura e são muito susceptíveis à erosão (o maior risco de erosão da Europa), ao encharcamento (má drenagem) e à secura (fraca capacidade de retenção para a água).
Considerando o que dizem os nossos especialistas nesta matéria, que não são muitos, tendo em conta a capacidade dos solos fornecerem nutrientes às plantas (troca catiónica), menos de 5% da nossa superfície agrícola apresenta valores aceitáveis; mais de 70% apresenta valores baixos, e muito baixos, de matéria orgânica (indispensável para a reserva de nutrientes e para a capacidade de retenção da água) e cerca de 83% tem um ph inferior a 5,5 (acidez), o que inibe o bom desenvolvimento de uma grande quantidade de
plantas.
Em resumo, não há nenhum especialista que arrisque dizer que mais de um terço dos solos considerados agrícolas (que já são bastante menos de metade da superfície total do continente) dispõem, à partida, de condições favoráveis à agricultura. As excepções encontram-se no Minho, onde a sistemática intervenção
humana tem assegurado elevados níveis de matéria orgânica, numa parte do Ribatejo e Oeste, nos vales dos grandes rios, com solos aluvionares, e numa extensa mancha de solos argilosos do Baixo Alentejo.
Quanto ao clima, no que mais interessa à agricultura — a precipitação, a temperatura e a radiação solar — também não somos muito felizes numa parte considerável do território.
Desde logo, as influências atlântica, mediterrânica e continental, cruzadas com a orografia, provocam grandes variações climáticas (a precipitação varia de 400 mm no Interior Sul a 2800 mm no Noroeste; a temperatura média anual varia de norte para sul, de mínimos de 7,5 graus Celsius a máximos de 17,5 graus
Celsius e a radiação varia de 140 a 170 Kcal/cm2, desde o Minho ao interior do Algarve).
A distribuição da precipitação é muito adversa, na medida em que ocorre de forma excessivamente concentrada no Inverno, na época mais fria, sendo o regime hídrico mais deficiente exactamente nas zonas de maior potencial energético, com maior radiação solar e temperatura.
Como dizia o prof. Orlando Ribeiro, um dos mais notáveis geógrafos portugueses[1]:
Vejamos então um bocadinho mais de perto os nossos recursos e depois o chamado “abandono agrícola”, que a grande maioria dos portugueses considera uma extensa realidade.
Quanto aos recursos, são conhecidas, ainda que não generalizadamente, as nossas grandes limitações, quer em matéria de solos, quer em matéria de clima.
De facto, a esmagadora maioria da superfície agrícola nacional — cerca de 3,6 milhões de hectares, se excluirmos as florestas e as áreas destinadas a outros fins, — é composta por solos pobres, delgados, pouco férteis e muito frágeis.
Para além de utilizarmos agricolamente apenas pouco mais de um terço da nossa superfície territorial (o resto são florestas, matos e áreas sociais), a maioria desses solos são delgados, têm uma composição física e química muito pouco propícia à agricultura e são muito susceptíveis à erosão (o maior risco de erosão da Europa), ao encharcamento (má drenagem) e à secura (fraca capacidade de retenção para a água).
Considerando o que dizem os nossos especialistas nesta matéria, que não são muitos, tendo em conta a capacidade dos solos fornecerem nutrientes às plantas (troca catiónica), menos de 5% da nossa superfície agrícola apresenta valores aceitáveis; mais de 70% apresenta valores baixos, e muito baixos, de matéria orgânica (indispensável para a reserva de nutrientes e para a capacidade de retenção da água) e cerca de 83% tem um ph inferior a 5,5 (acidez), o que inibe o bom desenvolvimento de uma grande quantidade de
plantas.
Em resumo, não há nenhum especialista que arrisque dizer que mais de um terço dos solos considerados agrícolas (que já são bastante menos de metade da superfície total do continente) dispõem, à partida, de condições favoráveis à agricultura. As excepções encontram-se no Minho, onde a sistemática intervenção
humana tem assegurado elevados níveis de matéria orgânica, numa parte do Ribatejo e Oeste, nos vales dos grandes rios, com solos aluvionares, e numa extensa mancha de solos argilosos do Baixo Alentejo.
Quanto ao clima, no que mais interessa à agricultura — a precipitação, a temperatura e a radiação solar — também não somos muito felizes numa parte considerável do território.
Desde logo, as influências atlântica, mediterrânica e continental, cruzadas com a orografia, provocam grandes variações climáticas (a precipitação varia de 400 mm no Interior Sul a 2800 mm no Noroeste; a temperatura média anual varia de norte para sul, de mínimos de 7,5 graus Celsius a máximos de 17,5 graus
Celsius e a radiação varia de 140 a 170 Kcal/cm2, desde o Minho ao interior do Algarve).
A distribuição da precipitação é muito adversa, na medida em que ocorre de forma excessivamente concentrada no Inverno, na época mais fria, sendo o regime hídrico mais deficiente exactamente nas zonas de maior potencial energético, com maior radiação solar e temperatura.
Como dizia o prof. Orlando Ribeiro, um dos mais notáveis geógrafos portugueses[1]:
“Em Portugal, onde há terra não há clima e onde há clima não há terra.”
Muitas das limitações que acabei de mencionar, quer relativamente aos solos, quer ao clima, poderiam ser eliminadas,
ou reduzidas, pelo recurso à rega e pela correcções do solo. O recurso à irrigação aumentaria de forma
significativa a produtividade física dos solos e reduziria as limitações pluviométricas na Primavera e no Verão.
Infelizmente, apesar de ser, cada vez mais, uma condição necessária, ainda que não sufi ciente, para a prática de uma agricultura produtiva, moderna e competitiva, a irrigação actualmente só é possível em
cerca de 15% da superfície agrícola utilizada e, cada vez que é alargada com novas obras de irrigação,
sofre a contestação, quase sempre absurda, de uma parte da “inteligência” politicamente correcta, dentro e fora das fronteiras.
Finalmente, quanto ao abandono, cada vez mais portugueses, mal informados sobre a qualidade dos nossos recursos, onde não vêem searas, pomares, vinhas, hortas ou florestas, consideram os solos como sendo
abandonados e têm sobre isso posições bastante críticas.
Uma das razões por que tal acontece é porque se incluem nessa categoria as pastagens naturais, para a pecuária extensiva, que têm grande expressão entre nós (única possibilidade de utilização de cerca de um milhão e setecentos mil hectares de terras pobres de sequeiro). Além disso, não se valorizam as rotações
e não se avaliam as limitações naturais antes descritas. Contudo, o INE, dentro das suas obrigações
de produção estatística, que desempenha, aliás, com grande profi ssionalismo, começa por defi nir o que é abandono e procede depois à sua avaliação a nível nacional. Assim, segundo o último Recenseamento Geral, de 2009, a Superfície Agrícola Não Utilizada (SANU), atinge no continente 125.000 hectares, isto é, menos de 3% da superfície total das explorações. Apesar de 125.000 ha com capacidade agrícola e com
o estatuto de abandono serem mais do que suficientes para nos preocuparem e serem objecto de censura, estão, no entanto, muito longe, das barbaridades que se dizem sobre o abandono agrícola em Portugal. Relembro que alguns o contabilizam em milhões de hectares, chegando a mencionar áreas superiores à totalidade da área ocupada pela agricultura!
Gostaria de acreditar que se trata apenas de uma confusão de conceitos."
Sunday, April 20, 2014
MONSANTO, AJUDA DE BERÇO, QUINTA DA FONTE
Durante mais de dez anos, nos anos 90's do século passado, fiz o percurso entre Telheiras e a FIL-Junqueira por Monsanto.
À esquerda, o túnel por baixo do IC 17 (19?) no prolongamento da 2ª circular
No regresso a casa passava pelo desvio que acima mostro, quase à chegada à 2ª circular, como cão por vinha vindimada, sem nunca ter metido por ele. Não era que me faltasse curiosidade mas ... só me lembrava depois de o deixar para trás.
Depois da FIL se mudar para a Expo e de eu dela ter saído, as passagens por Monsanto passaram a ser mais espaçadas e só hoje me lembrei de meter pelo tal desvio.
À esquerda, a casa senhorial da quinta da Fonte
Como não podia deixar de ser, fui dar a um beco - um enorme parque de estacionamento usado, imagino, pelo pessoal que vai correr pelas veredas da mata onde dantes se corria o risco de ser assaltado por bandidos e assediado pelo putedo.
À direita, mais uma vista da casa senhorial da quinta
Passada a quinta e o Abrigo de Berço, que não fotografei, segue-se por esta estrada até ao parque de estacionamento, sem saída.
À esquerda, mais uma vista da quinta, agora quando seguia em direção à saída do desvio e daí para a 2ª circular
IRRACIONALIDADE E FANATISMO NA ESQUERDA
Transcreve-se a seguir, com a devida vénia, a coluna de Vasco Pulido Valente, "A Poeira", do Público de hoje. Enjoy!
Alguns, como o PPM e a Nova Democracia, são restos de uma direita morta. Outros vêm de uma extrema-esquerda que se divide e subdivide, por razões que escapam ao comum dos mortais. Os partidos da direita não incomodam ninguém. Os partidos da extrema-esquerda, com o seu atávico fanatismo, vivem num mundo que não existe.
Não que deliberadamente escondam a verdade ao país, mas falam de um futuro impossível contra a evidência mais clara e comprovada, anunciam
políticas que levariam Portugal a uma inconcebível miséria e alimentam esperanças que levarão inevitavelmente ao desespero. Contra isto não há nada a opor, excepto a paciência e a consoladora previsão que o eleitorado os varrerá de cena.
nome da liberdade. Por enquanto, só verbalmente. Mas nada nos garante que o verbo não se torne
em acção à medida que a crise for durando e que os fracassos se acumularem.
Quando se vê o dr. Mário Soares, com a sua energia do costume, oferecer o seu apoio aos “capitães de Abril” e à gente inominável que os segue, negando um a um os princípios que defendeu no PREC e recolhendo à sua volta os pequenos ditadores que ele nessa altura detestava, o mundo parece virado do avesso.
O dr. Soares não percebe talvez que este tributo que ele presta à irracionalidade e à raiva oferece um exemplo e uma justifi cação a uma extrema-esquerda que provavelmente não saberá parar a tempo.
Estas desordens passaram também para o PS, onde Seguro mistura alhos com bugalhos.
Ganhe ou não ganhe em 25 de Maio, a sua essencial mendacidade, consciente ou não, fi cará à mostra. Os portugueses compreendem que o dinheiro que hoje nos chega da Europa e, em pequena parte, dos mercados”, não chegaria, e não chegará se o furor da esquerda e da extrema esquerda se puder expandir à sua vontade.
E, se por acaso não compreenderem, a realidade não desaparece por isso.
AINDA O MANIFESTO DOS 74
Para quem ainda não teve a pachorra de ler o manifesto dos 70, depois 74, aqui vo-lo deixo na íntegra.
Poderão verificar que, contra o que muito boa gente tem dito, a Reestruturação não figura apenas no título, gtratando o texto só de renegociaç~eo de taxas e maturidades. O texto contém a palavra reestruturação 23 (vinte e três ) vezes e trata mesmo disso: de aplicar mecanismos de não pagamento da parte da dívida acima de 60% do PIB por cada um dos países devedores. Essa parte da dívida seria integrada num bolo comum (incluindo a Alemanha) e o seu (não) pagamento seria negociado com os credores.
Leiam e julguem por si.
"Manifesto: Preparar a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente
Nenhuma estratégia de combate à crise poderá ter êxito se não conciliar a resposta à questão da dívida com a efectivação de um robusto processo de crescimento económico e de emprego num quadro de coesão e efectiva solidariedade nacional. Todos estes aspectos têm de estar presentes e actuantes em estreita sinergia. A reestruturação da dívida é condição sine qua non para o alcance desses objectivos.
O que reúne aqui e agora os signatários, que têm posições diversas sobre as estratégias que devem ser seguidas para responder à crise económica e social, mas que partilham a mesma preocupação quanto ao peso da dívida e à gravidade dos constrangimentos impostos à economia portuguesa, é tão-somente uma tomada de posição sobre uma questão prévia, a da identificação das condições a que deve obedecer um processo eficaz de reestruturação.
O que a seguir se propõe tem sempre em atenção a necessidade de prosseguir as melhores práticas de rigorosa gestão orçamental no respeito das normas constitucionais, bem como a discussão de formas de reestruturação honrada e responsável da dívida no âmbito de funcionamento da União Económica e Monetária, nos termos adiante desenvolvidos.
A actual dívida é insustentável na ausência de robusto e sustentado crescimento
A crise internacional iniciada em 2008 conduziu, entre outros factores de desequilíbrio, ao crescimento sem precedentes da dívida pública. No biénio anterior, o peso da dívida em relação ao PIB subira 0,7 pontos percentuais, mas elevou-se em 15 pontos percentuais no primeiro biénio da crise. No final de 2013 a dívida pública era de 129% do PIB e a líquida de depósitos de cerca de 120%. O endividamento externo público e privado ascendeu a 225% do PIB e o endividamento consolidado do sector empresarial a mais de 155% do PIB. A resolução da questão da dívida pública não só se impõe pelas suas finalidades directas, como pela ajuda que pode dar à criação de condições favoráveis à resolução dos problemas específicos do endividamento externo e do sector empresarial, que são igualmente graves.
A dívida pública tornar-se-á insustentável na ausência de crescimento duradouro significativo: seriam necessários saldos orçamentais primários verdadeiramente excepcionais, insusceptíveis de imposição prolongada.
A nossa competitividade tem uma base qualitativa demasiado frágil para enfrentar no futuro a intensificação da concorrência global. É preciso uma profunda viragem, rumo a especializações competitivas geradas pela qualidade, pela inovação, pela alta produtividade dos factores de produção envolvidos e pela sagaz capacidade de penetração comercial em cadeias internacionais ou nichos de mercado garantes de elevado valor acrescentado.
Trata-se certamente de um caminho difícil e de resultados diferidos no tempo. A sua materialização exige continuidade de acção, coerência de estratégias públicas e privadas, mobilização contínua de elevado volume de recursos, bem como de cooperação nos mais diversos campos de actividade económica, social e política. Será tanto mais possível assegurar a sustentabilidade da dívida, quanto mais vigoroso for o nosso empenho colectivo no aproveitamento das oportunidades abertas pela reestruturação no sentido de promover esse novo padrão de crescimento.
É imprescindível reestruturar a dívida para crescer, mantendo o respeito pelas normas constitucionais
Deixemo-nos de inconsequentes optimismos: sem a reestruturação da dívida pública não será possível libertar e canalizar recursos minimamente suficientes a favor do crescimento, nem sequer fazê-lo beneficiar da concertação de propósitos imprescindível para o seu êxito. Esta questão é vital tanto para o sector público como para o privado, se se quiser que um e outro cumpram a sua missão na esfera em que cada um deles é insubstituível.
Sem reestruturação da dívida, o Estado continuará enredado e tolhido na vã tentativa de resolver os problemas do défice orçamental e da dívida pública pela única via da austeridade. Deste modo, em vez de os ver resolvidos, assistiremos muito provavelmente ao seu agravamento em paralelo com a acentuada degradação dos serviços e prestações provisionados pelo sector público. Subsistirá o desemprego a níveis inaceitáveis, agravar-se-á a precariedade do trabalho, desvitalizar-se-á o país em consequência da emigração de jovens qualificados, crescerão os elevados custos humanos da crise, multiplicar-se-ão as desigualdades, de tudo resultando considerável reforço dos riscos de instabilidade política e de conflitualidade social, com os inerentes custos para todos os portugueses.
Por outro lado, a economia sofrerá simultaneamente constrangimentos acrescidos, impeditivos em múltiplas dimensões do desejável crescimento do investimento, da capacidade produtiva e da produtividade, nomeadamente pela queda da procura e desestruturação do mercado, diminuição da capacidade de autofinanciamento, degradação das condições de acesso, senão mesmo rarefacção do crédito da banca nacional e internacional, crescente liquidação de possibilidades competitivas por défice de investimento e inovação. Por maioria de razões, o ganho sustentado de posições de referência na exportação ficará em risco e inúmeras empresas ver-se-ão compelidas a reduzir efectivos.
Há que encontrar outros caminhos que nos permitam progredir. Esses caminhos passam pela desejável reestruturação responsável da dívida através de processos inseridos no quadro institucional europeu de conjugação entre solidariedade e responsabilidade.
Há alternativa.
A reestruturação deve ocorrer no espaço institucional europeu
No futuro próximo, os processos de reestruturação das dívidas de Portugal e de outros países – Portugal não é caso único – deverão ocorrer no espaço institucional europeu, embora provavelmente a contragosto, designadamente dos responsáveis alemães. Mas reacções a contragosto dos responsáveis alemães não se traduzem necessariamente em posições de veto irreversível. Veja-se o que vem sucedendo com a Grécia, caso irrepetível, de natureza muito diferente e muito mais grave, mas que ajuda a compreender a lógica comportamental dos líderes europeus. Para o que apontam é para intervenções que pecam por serem demasiado tardias e excessivamente curtas ou desequilibradas. Se este tipo de intervenções se mantiver, a União Europeia correrá sérios riscos.
Portugal, por mais que cumpra as boas práticas de rigor orçamental de acordo com as normas constitucionais – e deve fazê-lo sem hesitação, sublinhe-se bem –, não conseguirá superar por si só a falta dos instrumentos que lhe estão interditos por força da perda de soberania monetária e cambial. Um país aderente ao euro não pode ganhar competitividade através da política cambial, não lhe é possível beneficiar directamente da inflação para reduzir o peso real da sua dívida, não pode recorrer à política monetária para contrariar a contracção induzida pelo ajustamento e não tem banco central próprio que possa agir como emprestador de último recurso. Mas se o euro, por um lado, cerceia a possibilidade de uma solução no âmbito nacional, por outro, convoca poderosamente a cooperação entre todos os Estados-membros aderentes. A razão é simples e incontornável: o eventual incumprimento por parte de um país do euro acarretaria, em última instância, custos difíceis de calcular, mas provavelmente elevados, incidindo sobre outros países e sobre o próprio euro. Prevenir as consequências nefastas desta eventualidade é, de facto, um objectivo de interesse comum que não pode ser ignorado.
Após a entrada em funções da nova Comissão Europeia, deverá estar na agenda europeia o início de negociações de um acordo de amortização da dívida pública excessiva, no âmbito do funcionamento das instituições europeias. Na realidade, esse processo já foi lançado e em breve iniciará o seu caminho no contexto do diálogo interinstitucional europeu, entre Comissão, Conselho e Parlamento. É essencial que desse diálogo resultem condições fundamentais para defender sem falhas a democracia nos Estados-membros afectados, como valor fundacional da própria União.
Três condições a que a reestruturação deve obedecer
A Comissão Europeia mandatou um grupo de peritos para apresentar, designadamente, propostas de criação de um fundo europeu de amortização da dívida. O seu relatório será publicado antes das próximas eleições para o Parlamento Europeu. Essas propostas juntar-se-ão a várias outras formuladas nos últimos quatro anos. Recorde-se que a presente tomada de posição visa apenas a questão prévia da identificação das condições a que deve obedecer um processo eficaz de reestruturação. Serve-nos de guia o exposto sobre a dívida portuguesa, mas pensamos que as condições adiante sugeridas defendem também os melhores interesses comuns dos países do euro.
Tendo presente que a capacidade para trazer a dívida ao valor de referência de 60% do PIB depende fundamentalmente de três variáveis (saldo orçamental primário, taxa de juro implícita do stock de dívida e taxa nominal de crescimento da economia), identificam-se três condições a que deve obedecer a reestruturação da dívida.
1) Abaixamento da taxa média de juro
A primeira condição é o abaixamento significativo da taxa média de juro do stock da dívida, de modo a aliviar a pesada punção dos recursos financeiros nacionais exercida pelos encargos com a dívida, bem como ultrapassar o risco de baixas taxas de crescimento, difíceis de evitar nos próximos anos face aos resultados diferidos das mudanças estruturais necessárias. O actual pano de fundo é elucidativo: os juros da dívida pública directa absorvem 4,5%. do PIB. Atente-se ainda no facto de quase metade da subida da dívida pública nos últimos anos ter sido devida ao efeito dos juros.
2) Alongamento dos prazos da dívida
A segunda condição é a extensão das maturidades da dívida para 40 ou mais anos. A nossa dívida tem picos violentos. De agora até 2017 o reembolso da dívida de médio e longo prazo atingirá cerca de 48 mil milhões de euros. Alongamentos da mesma ordem de grandeza relativa têm respeitáveis antecedentes históricos, um dos quais ocorreu em benefício da própria Alemanha. Pelo Acordo de Londres sobre a Dívida Externa Alemã, de 27 de Fevereiro de 1953, a dívida externa alemã anterior à II Guerra Mundial foi perdoada em 46% e a posterior à II Guerra em 51,2%. Do remanescente, 17% ficaram a juro zero e 38% a juro de 2,5% Os juros devidos desde 1934 foram igualmente perdoados. Foi também acordado um período de carência de cinco anos e limitadas as responsabilidades anuais futuras ao máximo de 5% das exportações no mesmo ano. O último pagamento só foi feito depois da reunificação alemã, cerca de cinco décadas depois do Acordo de Londres. O princípio expresso do Acordo era assegurar a prosperidade futura do povo alemão, em nome do interesse comum. Reputados historiadores económicos alemães são claros em considerar que este excepcional arranjo é a verdadeira origem do milagre económico da Alemanha. O Reino Unido, que alongou por décadas e décadas o pagamento de dívidas suas, oferece outro exemplo. Mesmo na zona euro, já se estudam prazos de 50 anos para a Grécia. Portugal não espera os perdões de dívida e a extraordinária cornucópia de benesses então concedida à Alemanha, mas os actuais líderes europeus devem ter presente a razão de ser desse Acordo: o interesse comum. No actual contexto, Portugal pode e deve, por interesse próprio, responsabilizar-se pela sua dívida, nos termos propostos, visando sempre assegurar o crescimento económico e a defesa do bem-estar vital da sua população, em condições que são também do interesse comum a todos os membros do euro.
3) Reestruturar, pelo menos, a dívida acima de 60% do PIB
Há que estabelecer qual a parte da dívida abrangida pelo processo especial de reestruturação no âmbito institucional europeu. O critério de Maastricht fixa o limite da dívida em 60% do PIB. É diversa a composição e volume das dívidas nacionais. Como é natural, as soluções a acordar devem reflectir essa diversidade. A reestruturação deve ter na base a dívida ao sector oficial, se necessário complementada por outras responsabilidades de tal modo que a reestruturação incida, em regra, sobre dívida acima de 60% do PIB. Nestes termos, mesmo a própria Alemanha poderia beneficiar deste novo mecanismo institucional, tal como vários outros países da Europa do Norte.
Os mecanismos da reestruturação devem instituir processos necessários à recuperação das economias afectadas pela austeridade e a recessão, tendo em atenção a sua capacidade de pagamento em harmonia com o favorecimento do crescimento económico e do emprego num contexto de coesão nacional. Se forem observadas as três condições acima enunciadas, então será possível uma solução no quadro da União e da zona euro com um aproveitamento máximo do quadro jurídico e institucional existente.
A celeridade da aprovação e entrada em funcionamento do regime de reestruturação é vital. A única maneira de acelerar essa negociação é colocá-la desde o início no terreno firme do aproveitamento máximo da cooperação entre Estados-membros, de modo a acolher o alongamento do prazo de reestruturação, a necessária redução de juros e a gestão financeira da reestruturação, tendo em atenção as finalidades visadas pelos mecanismos de reestruturação.
Cada país integraria em conta exclusivamente sua a dívida a transferir e pagaria as suas responsabilidades, por exemplo, mediante a transferência de anuidades de montantes e condições pré-determinadas adequadas à capacidade de pagamento do devedor. As condições do acordo a estabelecer garantiriam a sua estabilidade, tendo em conta as responsabilidades assumidas por cada Estado-membro. Deste modo, a uma sã e rigorosa gestão orçamental no respeito das normas constitucionais acresceria o contributo da cooperação europeia assim orientada. As condições relativas a taxas de juro, prazos e montantes abrangidos devem ser moduladas conjugadamente, a fim de obter a redução significativa do impacto dos encargos com a dívida no défice da balança de rendimentos do país e a sustentabilidade da dívida pública, bem como a criação de condições decisivas favoráveis à resolução dos constrangimentos impostos pelo endividamento do sector empresarial público e privado e pelo pesado endividamento externo.
O processo de reestruturação das dívidas públicas já foi lançado pela Comissão Europeia. Fomos claros quanto a condições a que deve obedecer esse processo. A sua defesa desde o início é essencial. O nosso alheamento pode vir a ser fatal para o interesse nacional
A reestruturação adequada da dívida abrirá uma oportunidade ímpar, geradora de responsabilidade colectiva, respeitadora da dignidade dos portugueses e mobilizadora dos seus melhores esforços a favor da recuperação da economia e do emprego e do desenvolvimento sustentável com democracia e responsabilidade social.
Por quanto ficou dito, os signatários reiteram a sua convicção de que a estratégia de saída sustentada da crise exige a estreita harmonização das nossas responsabilidades em dívida com um crescimento duradouro no quadro de reforçada coesão e solidariedade nacional e europeia.
Estes são os termos em que os signatários apelam ao debate e à preparação, em prazo útil, das melhores soluções para a reestruturação da dívida."
O que a seguir se propõe tem sempre em atenção a necessidade de prosseguir as melhores práticas de rigorosa gestão orçamental no respeito das normas constitucionais, bem como a discussão de formas de reestruturação honrada e responsável da dívida no âmbito de funcionamento da União Económica e Monetária, nos termos adiante desenvolvidos.
A actual dívida é insustentável na ausência de robusto e sustentado crescimento
A crise internacional iniciada em 2008 conduziu, entre outros factores de desequilíbrio, ao crescimento sem precedentes da dívida pública. No biénio anterior, o peso da dívida em relação ao PIB subira 0,7 pontos percentuais, mas elevou-se em 15 pontos percentuais no primeiro biénio da crise. No final de 2013 a dívida pública era de 129% do PIB e a líquida de depósitos de cerca de 120%. O endividamento externo público e privado ascendeu a 225% do PIB e o endividamento consolidado do sector empresarial a mais de 155% do PIB. A resolução da questão da dívida pública não só se impõe pelas suas finalidades directas, como pela ajuda que pode dar à criação de condições favoráveis à resolução dos problemas específicos do endividamento externo e do sector empresarial, que são igualmente graves.
A dívida pública tornar-se-á insustentável na ausência de crescimento duradouro significativo: seriam necessários saldos orçamentais primários verdadeiramente excepcionais, insusceptíveis de imposição prolongada.
A nossa competitividade tem uma base qualitativa demasiado frágil para enfrentar no futuro a intensificação da concorrência global. É preciso uma profunda viragem, rumo a especializações competitivas geradas pela qualidade, pela inovação, pela alta produtividade dos factores de produção envolvidos e pela sagaz capacidade de penetração comercial em cadeias internacionais ou nichos de mercado garantes de elevado valor acrescentado.
Trata-se certamente de um caminho difícil e de resultados diferidos no tempo. A sua materialização exige continuidade de acção, coerência de estratégias públicas e privadas, mobilização contínua de elevado volume de recursos, bem como de cooperação nos mais diversos campos de actividade económica, social e política. Será tanto mais possível assegurar a sustentabilidade da dívida, quanto mais vigoroso for o nosso empenho colectivo no aproveitamento das oportunidades abertas pela reestruturação no sentido de promover esse novo padrão de crescimento.
É imprescindível reestruturar a dívida para crescer, mantendo o respeito pelas normas constitucionais
Deixemo-nos de inconsequentes optimismos: sem a reestruturação da dívida pública não será possível libertar e canalizar recursos minimamente suficientes a favor do crescimento, nem sequer fazê-lo beneficiar da concertação de propósitos imprescindível para o seu êxito. Esta questão é vital tanto para o sector público como para o privado, se se quiser que um e outro cumpram a sua missão na esfera em que cada um deles é insubstituível.
Sem reestruturação da dívida, o Estado continuará enredado e tolhido na vã tentativa de resolver os problemas do défice orçamental e da dívida pública pela única via da austeridade. Deste modo, em vez de os ver resolvidos, assistiremos muito provavelmente ao seu agravamento em paralelo com a acentuada degradação dos serviços e prestações provisionados pelo sector público. Subsistirá o desemprego a níveis inaceitáveis, agravar-se-á a precariedade do trabalho, desvitalizar-se-á o país em consequência da emigração de jovens qualificados, crescerão os elevados custos humanos da crise, multiplicar-se-ão as desigualdades, de tudo resultando considerável reforço dos riscos de instabilidade política e de conflitualidade social, com os inerentes custos para todos os portugueses.
Por outro lado, a economia sofrerá simultaneamente constrangimentos acrescidos, impeditivos em múltiplas dimensões do desejável crescimento do investimento, da capacidade produtiva e da produtividade, nomeadamente pela queda da procura e desestruturação do mercado, diminuição da capacidade de autofinanciamento, degradação das condições de acesso, senão mesmo rarefacção do crédito da banca nacional e internacional, crescente liquidação de possibilidades competitivas por défice de investimento e inovação. Por maioria de razões, o ganho sustentado de posições de referência na exportação ficará em risco e inúmeras empresas ver-se-ão compelidas a reduzir efectivos.
Há que encontrar outros caminhos que nos permitam progredir. Esses caminhos passam pela desejável reestruturação responsável da dívida através de processos inseridos no quadro institucional europeu de conjugação entre solidariedade e responsabilidade.
Há alternativa.
A reestruturação deve ocorrer no espaço institucional europeu
No futuro próximo, os processos de reestruturação das dívidas de Portugal e de outros países – Portugal não é caso único – deverão ocorrer no espaço institucional europeu, embora provavelmente a contragosto, designadamente dos responsáveis alemães. Mas reacções a contragosto dos responsáveis alemães não se traduzem necessariamente em posições de veto irreversível. Veja-se o que vem sucedendo com a Grécia, caso irrepetível, de natureza muito diferente e muito mais grave, mas que ajuda a compreender a lógica comportamental dos líderes europeus. Para o que apontam é para intervenções que pecam por serem demasiado tardias e excessivamente curtas ou desequilibradas. Se este tipo de intervenções se mantiver, a União Europeia correrá sérios riscos.
Portugal, por mais que cumpra as boas práticas de rigor orçamental de acordo com as normas constitucionais – e deve fazê-lo sem hesitação, sublinhe-se bem –, não conseguirá superar por si só a falta dos instrumentos que lhe estão interditos por força da perda de soberania monetária e cambial. Um país aderente ao euro não pode ganhar competitividade através da política cambial, não lhe é possível beneficiar directamente da inflação para reduzir o peso real da sua dívida, não pode recorrer à política monetária para contrariar a contracção induzida pelo ajustamento e não tem banco central próprio que possa agir como emprestador de último recurso. Mas se o euro, por um lado, cerceia a possibilidade de uma solução no âmbito nacional, por outro, convoca poderosamente a cooperação entre todos os Estados-membros aderentes. A razão é simples e incontornável: o eventual incumprimento por parte de um país do euro acarretaria, em última instância, custos difíceis de calcular, mas provavelmente elevados, incidindo sobre outros países e sobre o próprio euro. Prevenir as consequências nefastas desta eventualidade é, de facto, um objectivo de interesse comum que não pode ser ignorado.
Após a entrada em funções da nova Comissão Europeia, deverá estar na agenda europeia o início de negociações de um acordo de amortização da dívida pública excessiva, no âmbito do funcionamento das instituições europeias. Na realidade, esse processo já foi lançado e em breve iniciará o seu caminho no contexto do diálogo interinstitucional europeu, entre Comissão, Conselho e Parlamento. É essencial que desse diálogo resultem condições fundamentais para defender sem falhas a democracia nos Estados-membros afectados, como valor fundacional da própria União.
Três condições a que a reestruturação deve obedecer
A Comissão Europeia mandatou um grupo de peritos para apresentar, designadamente, propostas de criação de um fundo europeu de amortização da dívida. O seu relatório será publicado antes das próximas eleições para o Parlamento Europeu. Essas propostas juntar-se-ão a várias outras formuladas nos últimos quatro anos. Recorde-se que a presente tomada de posição visa apenas a questão prévia da identificação das condições a que deve obedecer um processo eficaz de reestruturação. Serve-nos de guia o exposto sobre a dívida portuguesa, mas pensamos que as condições adiante sugeridas defendem também os melhores interesses comuns dos países do euro.
Tendo presente que a capacidade para trazer a dívida ao valor de referência de 60% do PIB depende fundamentalmente de três variáveis (saldo orçamental primário, taxa de juro implícita do stock de dívida e taxa nominal de crescimento da economia), identificam-se três condições a que deve obedecer a reestruturação da dívida.
1) Abaixamento da taxa média de juro
A primeira condição é o abaixamento significativo da taxa média de juro do stock da dívida, de modo a aliviar a pesada punção dos recursos financeiros nacionais exercida pelos encargos com a dívida, bem como ultrapassar o risco de baixas taxas de crescimento, difíceis de evitar nos próximos anos face aos resultados diferidos das mudanças estruturais necessárias. O actual pano de fundo é elucidativo: os juros da dívida pública directa absorvem 4,5%. do PIB. Atente-se ainda no facto de quase metade da subida da dívida pública nos últimos anos ter sido devida ao efeito dos juros.
2) Alongamento dos prazos da dívida
A segunda condição é a extensão das maturidades da dívida para 40 ou mais anos. A nossa dívida tem picos violentos. De agora até 2017 o reembolso da dívida de médio e longo prazo atingirá cerca de 48 mil milhões de euros. Alongamentos da mesma ordem de grandeza relativa têm respeitáveis antecedentes históricos, um dos quais ocorreu em benefício da própria Alemanha. Pelo Acordo de Londres sobre a Dívida Externa Alemã, de 27 de Fevereiro de 1953, a dívida externa alemã anterior à II Guerra Mundial foi perdoada em 46% e a posterior à II Guerra em 51,2%. Do remanescente, 17% ficaram a juro zero e 38% a juro de 2,5% Os juros devidos desde 1934 foram igualmente perdoados. Foi também acordado um período de carência de cinco anos e limitadas as responsabilidades anuais futuras ao máximo de 5% das exportações no mesmo ano. O último pagamento só foi feito depois da reunificação alemã, cerca de cinco décadas depois do Acordo de Londres. O princípio expresso do Acordo era assegurar a prosperidade futura do povo alemão, em nome do interesse comum. Reputados historiadores económicos alemães são claros em considerar que este excepcional arranjo é a verdadeira origem do milagre económico da Alemanha. O Reino Unido, que alongou por décadas e décadas o pagamento de dívidas suas, oferece outro exemplo. Mesmo na zona euro, já se estudam prazos de 50 anos para a Grécia. Portugal não espera os perdões de dívida e a extraordinária cornucópia de benesses então concedida à Alemanha, mas os actuais líderes europeus devem ter presente a razão de ser desse Acordo: o interesse comum. No actual contexto, Portugal pode e deve, por interesse próprio, responsabilizar-se pela sua dívida, nos termos propostos, visando sempre assegurar o crescimento económico e a defesa do bem-estar vital da sua população, em condições que são também do interesse comum a todos os membros do euro.
3) Reestruturar, pelo menos, a dívida acima de 60% do PIB
Há que estabelecer qual a parte da dívida abrangida pelo processo especial de reestruturação no âmbito institucional europeu. O critério de Maastricht fixa o limite da dívida em 60% do PIB. É diversa a composição e volume das dívidas nacionais. Como é natural, as soluções a acordar devem reflectir essa diversidade. A reestruturação deve ter na base a dívida ao sector oficial, se necessário complementada por outras responsabilidades de tal modo que a reestruturação incida, em regra, sobre dívida acima de 60% do PIB. Nestes termos, mesmo a própria Alemanha poderia beneficiar deste novo mecanismo institucional, tal como vários outros países da Europa do Norte.
Os mecanismos da reestruturação devem instituir processos necessários à recuperação das economias afectadas pela austeridade e a recessão, tendo em atenção a sua capacidade de pagamento em harmonia com o favorecimento do crescimento económico e do emprego num contexto de coesão nacional. Se forem observadas as três condições acima enunciadas, então será possível uma solução no quadro da União e da zona euro com um aproveitamento máximo do quadro jurídico e institucional existente.
A celeridade da aprovação e entrada em funcionamento do regime de reestruturação é vital. A única maneira de acelerar essa negociação é colocá-la desde o início no terreno firme do aproveitamento máximo da cooperação entre Estados-membros, de modo a acolher o alongamento do prazo de reestruturação, a necessária redução de juros e a gestão financeira da reestruturação, tendo em atenção as finalidades visadas pelos mecanismos de reestruturação.
Cada país integraria em conta exclusivamente sua a dívida a transferir e pagaria as suas responsabilidades, por exemplo, mediante a transferência de anuidades de montantes e condições pré-determinadas adequadas à capacidade de pagamento do devedor. As condições do acordo a estabelecer garantiriam a sua estabilidade, tendo em conta as responsabilidades assumidas por cada Estado-membro. Deste modo, a uma sã e rigorosa gestão orçamental no respeito das normas constitucionais acresceria o contributo da cooperação europeia assim orientada. As condições relativas a taxas de juro, prazos e montantes abrangidos devem ser moduladas conjugadamente, a fim de obter a redução significativa do impacto dos encargos com a dívida no défice da balança de rendimentos do país e a sustentabilidade da dívida pública, bem como a criação de condições decisivas favoráveis à resolução dos constrangimentos impostos pelo endividamento do sector empresarial público e privado e pelo pesado endividamento externo.
O processo de reestruturação das dívidas públicas já foi lançado pela Comissão Europeia. Fomos claros quanto a condições a que deve obedecer esse processo. A sua defesa desde o início é essencial. O nosso alheamento pode vir a ser fatal para o interesse nacional
A reestruturação adequada da dívida abrirá uma oportunidade ímpar, geradora de responsabilidade colectiva, respeitadora da dignidade dos portugueses e mobilizadora dos seus melhores esforços a favor da recuperação da economia e do emprego e do desenvolvimento sustentável com democracia e responsabilidade social.
Por quanto ficou dito, os signatários reiteram a sua convicção de que a estratégia de saída sustentada da crise exige a estreita harmonização das nossas responsabilidades em dívida com um crescimento duradouro no quadro de reforçada coesão e solidariedade nacional e europeia.
Estes são os termos em que os signatários apelam ao debate e à preparação, em prazo útil, das melhores soluções para a reestruturação da dívida."
Friday, April 18, 2014
VPV, OS CAPITÃES DE ABRIL E AS ILEGITIMIDADES
Com a devida vénia, transcrevo a coluna de VPV no Público de hoje. Subscrevo na íntegra!
Uma “revolução” (ou um pronunciamento militar) contra um regime político ilegítimo é, por definição, legítima. Mas dela não deriva uma legitimidade revolucionária.
Não viram, ou viram bem de mais, que estavam assim a substituir a sua vontade à vontade do país. Por outras palavras, que estavam a criar uma nova ilegitimidade. Isto não os comoveu. Os putativos “valores” da “revolução” serviram para justificar qualquer espécie de arbítrio ou de violência.
Sob a tutela, e com a colaboração, do PC e da extrema esquerda o MFA descolonizou, nacionalizou, ajudou a ocupar a terra no Alentejo e no Ribatejo, “saneou”, onde o deixaram, personagens que não lhe pareciam, e às vezes não eram, de confiança, censurou a imprensa e a televisão, prendeu a torto e a direito sem processo ou sem mandato, e acabou com uma campanha que se destinava a desprestigiar e a suprimir a Assembleia Constituinte. Em quase tudo, seguiu, letra a letra, o manual de Lenine.
Quando, em 2014, as “luminárias” da política, do jornalismo e da cultura e até a dra. Assunção Esteves, a segunda figura do Estado, se esforçam por manifestar aos “capitães de Abril” o seu “carinho”, o seu “afecto” e a sua “gratidão”, esquecem que, entre os primeiros dias do Verão de 1974 e o “25 de Novembro” de 1975, não existiu em Portugal verdadeira liberdade; e que só oito anos mais tarde os portugueses conseguiram abolir a tutela militar do Conselho da Revolução.
O coronel Vasco Lourenço e os seus consócios querem agora falar na Assembleia da República, presumivelmente para defender aquilo a que chamam “ideais” de Abril, que, na sua douta opinião, o Governo anda por aí a trair.
Sucede que o Governo foi eleito e que nenhum título assiste aos militares, que se consideram depositários de uma herança hoje desacreditada e morta, para expender no Parlamento as suas frustrações. Verdade que a fúria contra a “austeridade” vai tomando formas cada vez mais dúbias. Mas seria intolerável que a República se comprometesse com um gesto que afectaria gravemente a sua própria legitimidade.
Sunday, April 13, 2014
A REGRA E A EXCEPÇÃO - ESTADO SOCIAL
Com a devida vénia a VPV deixo-vos aqui a coluna no Público de hoje, como contributo para pensar a necessidade de pensar o Estado Social sem preconceitos, percebendo que vamos ter que o redimensionar para podermos manter o essencial, pelo menos o essencial.
Para não haver equívocos nem eufemismos, trata-se de redimensionar o nível de proteção (na saúde, na educação, no desemprego e na velhice) ajustando-o ao que podemos/queremos: o que pudermos e quisermos gastar vai determinar a proteção social que vamos fornecer - nem mais, nem menos.
Então, vá:
"Por causa do centenário, ando a ler pacientemente o clássico de Luigi Albertini, Origens da Guerra de 1914-1918, um grande livro no duplo sentido da palavra: a história meticulosa da diplomacia europeia de 1870 até ao assassinato de Sarajevo em 1800 páginas de letra pequena, quase sem parágrafos.
Para um relativo leigo naquela especial matéria, a extraordinária boa consciência com que as Potências dividiam e redividiam a Europa e o mundo é o que Vasco Pulido Valente impressiona mais. A Alemanha, a Inglaterra, a França, a Rússia,
o Império Austro-Húngaro e, por muito favor, também a Itália, discutiam, intrigavam e ameaçam por um privilégio ou por uma província, da China ao Egipto e do Adriático ao mar Negro. Todos se preparavam para ficar com a melhor parte da Turquia, quando ela se desfi zesse, como se esperava, e para substituir o domínio quase universal da Inglaterra.
Para um relativo leigo naquela especial matéria, a extraordinária boa consciência com que as Potências dividiam e redividiam a Europa e o mundo é o que Vasco Pulido Valente impressiona mais. A Alemanha, a Inglaterra, a França, a Rússia,
o Império Austro-Húngaro e, por muito favor, também a Itália, discutiam, intrigavam e ameaçam por um privilégio ou por uma província, da China ao Egipto e do Adriático ao mar Negro. Todos se preparavam para ficar com a melhor parte da Turquia, quando ela se desfi zesse, como se esperava, e para substituir o domínio quase universal da Inglaterra.
O resultado disto foi a guerra entre a Áustria e a Alemanha de um lado e a Rússia, a França e a Inglaterra do outro (a Itália, que só entrou em 1915, pesou pouco).
A Europa saiu desta catástrofe arrasada e frágil. Lenine tomou conta da Rússia. Hitler tomou conta da Alemanha (1933). E a América, que pela primeira vez decidira um confl ito europeu, decidiu impor um arranjo para a paz, que praticamente tornava inevitável uma segunda guerra (a de 1939-1945). De qualquer maneira, no meio da sua desgraça, e tirando a hegemonia da América, a Europa, durante um tempo, ainda conseguiu salvar a suainfl uência e a sua autoridade em grande parte da terra. Mas, depois de 1945, os sacrifícios que a derrota de Hitler exigira (55 milhões de mortos) trouxeram ao poder várias formas de “socialismo”, que acabaram por se fundir no Estado social, como agora lhe chamam.
A euforia e a confi ança da época — e ambição, para hoje modesta, da gente que saía de um pesadelo — permitiram que esse Estado social (em que estava implícita a garantia de pleno emprego) pouco a pouco se alargasse e fortalecesse. Infelizmente, o papel da Europa no mundo começou entretanto a diminuir.
As colónias desapareceram. E o pleno emprego também, em meados de 1960. O fosso entre a despesa doméstica e o enfraquecimento externo começou a crescer e depressa se tornou um abismo.
As condições em que o Estado social se criara e dera à Europa (ocidental) um sentimento de bem-estar, de segurança e de promoção social deixaram de existir e não há engenharia fi nanceira que as restaure. A regra
era afinal uma excepção."
era afinal uma excepção."
Saturday, March 08, 2014
TENHO UM COLEGA!!! É PLAGIADOR, MAS QUE SE LIXE...
Vindo do Brasil (donde mais?...) um ator, um tal Marcos Fayed, acaba de criar um blog com um nome praticamente igual a este.
Foi preciso esperar quase 10 anos, eheheh!
Foi preciso esperar quase 10 anos, eheheh!
DANIEL OLIVEIRA - AGRADÁVEL SURPRESA!
É impressionante como uma pessoa nos pode surpreender (e muito, e muito agradavelmente!) bastando para isso sair dos temas habituais (a crise, o "desgoverno" que está a destruir o País, os governantes - todos incompetentes - a austeridade, culpa de todos os males, etc, etc, etc).
Pelos bocados que oiço de longe em longe da Quadrilha do Mal (não é quadrilha mas é como se fosse e o Daniel nem é o pior...) e do que leio em diagonal larga na coluna que mantém no Expresso, a minha opinião sobre o cidadão Daniel Oliveira dificilmente poderia ser pior.
Mas a verdade é que, ao passar da diagonal larga para a estreita e desta para a leitura integral da coluna do Expresso de hoje fiquei a saber que o Daniel, quando deixa a guerra habitual contra os malandros dos ultra-neo-liberais até é capaz de alinha duas ideias, assentes em conhecimento do assunto (antigo ou trabalho de casa bem feito) e produzir uma análise da questão Ucraniana, em particular da Crimeia, e das posições americana e "europeia".
Leiam que vale a pena.
... e percebam por que é que eu tenho olhado a "revolução ucraniana" com muita desconfiança e vejo o avanço da Rússia na Crimeia com naturalidade e aplauso.
Pelos bocados que oiço de longe em longe da Quadrilha do Mal (não é quadrilha mas é como se fosse e o Daniel nem é o pior...) e do que leio em diagonal larga na coluna que mantém no Expresso, a minha opinião sobre o cidadão Daniel Oliveira dificilmente poderia ser pior.
Mas a verdade é que, ao passar da diagonal larga para a estreita e desta para a leitura integral da coluna do Expresso de hoje fiquei a saber que o Daniel, quando deixa a guerra habitual contra os malandros dos ultra-neo-liberais até é capaz de alinha duas ideias, assentes em conhecimento do assunto (antigo ou trabalho de casa bem feito) e produzir uma análise da questão Ucraniana, em particular da Crimeia, e das posições americana e "europeia".
Leiam que vale a pena.
... e percebam por que é que eu tenho olhado a "revolução ucraniana" com muita desconfiança e vejo o avanço da Rússia na Crimeia com naturalidade e aplauso.
Tuesday, March 04, 2014
JOSÉ V. MALHEIROS - VARIAÇÕES SOBRE "PORTUGAL ESTÁ MELHOR MAS AS PESSOAS ESTÃO PIOR"
O jornalista cuja fachada mostro escreve para o Público crónicas inflamadas sobre as horrorosas maldades que a direita neo-liberal faz ao País (às pessoas, entenda-se) e as pérfidas intenções que escorrem de cada gesto, de cada palavra, de cada pensamento dessas horrorosas criaturas.
O Vitor Malheiros, desse eminente cidadão trato neste texto, divaga hoje sobre a tenebrosa frase do lider da bancada do PSD na AR, que tanto tem virado do avesso as mentes dos cidadãos da esquerda, delicadas e escassas de imaginação:
"O País está muito melhor, mas as pessoas estão pior". Mais coiso, menos coiso, terá sido isso. Que horrorrrrrrr!!!!
Claro que não sei exatamente o que é que o Monterroso queria dizer mas aposto singelo contra dobrado (é assim?) que é o óbvio:
1. a economia está a caminho do equilíbrio das contas (caminho looooongo mas que é preciso iniciar), o desemprego está a cair há quase um ano, temos saldo comercial em vez de deficit (pela primeira vez em 70 anos), subimos uns furos no ranking da competitividade, etc, etc - logo o País está melhor.
2. Isso foi feito à custa de apertar o cinto, cortar em tudo o que era excesso, também etc, etc, etc, logo as pessoas, nós outros, estamos pior, menos folgados, com menos para gastar.
Nem se percebe como (raio) se pode sair de um buraco, quase na bancarrota, gastando todos os anos mais de 10 mil milhões de Euros a mais (e endividando-nos em conformidade) sem apertar o cinto, sem empobrecer alguma coisa.
Foi assim nos últimos resgates também eles fruto das políticas "expansionistas" da esquerda (por acaso estávamos muito pior, a coisa "doeu" mais) como raio não seria neste?!
Mas a leitura que o pobre diabo do Malheiros faz de tão óbvia frase é um colosso de "processo de intenções", de imaginação polarizada e tendenciosa. Leiam e aprendam como se faz.
"(...) Mas então que país é este que está “muito melhor” e que não são as pessoas? É simples: o “país” de que fala Luís Montenegro não é o nosso país. O “país” de que fala Luís Montenegro não é Portugal.
O país” de que fala Luís Montenegro é, simplesmente, o capital.
O que Luís Montenegro quis dizer foi que “A vida dos trabalhadores não está melhor, mas a vida do capital está muito melhor”.
Basta substituir estas poucas palavras para tudo bater certo.
A vida dos dirigentes do PSD está muito melhor (basta ver como se congratulavam todos no último congresso).
A vida dos dirigentes do CDS está muito melhor.
A vida dos banqueiros está muito melhor.
A vida dos grandes empresários está muito melhor.
A vida dos multimilionários está muito melhor.
A vida dos advogados que trabalham para o capital está muito melhor.
A vida dos empresários que baixam salários e despedem trabalhadores com o pretexto da crise está muito melhor. A vida dos empresários sem escrúpulos está muito melhor.
A vida dos empresários que vivem à conta das PPP está muito melhor.
A vida dos corruptos que nunca são condenados está muito melhor.
A vida dos que têm as empresas registadas na Holanda e o dinheiro nas ilhas Caimão está muito melhor.
A vida dos empresários da saúde que vêem as suas clínicas aumentar a facturação à custa da destruição do Serviço Nacional de Saúde está muito melhor.
A vida dos empresários da educação que vêem as suas escolas aumentar a facturação à custa da destruição da escola pública e dos subsídios do estado está muito melhor.
E depois, à volta destes, há um segundo anel de empresários de serviços de luxo, de serviços diferenciados” e “exclusivos”, que servem os primeiros, cuja vida está também muito melhor.
O que Luís Montenegro quis dizer foi que
“A vida do povo não está melhor, mas a vida da oligarquia que manda no país está muito melhor”.
Foi por isso que se congratulou. Porque ele faz parte dela.
Que isso constitua uma traição às promessas do PSD, à social-democracia que voltou a ter direito de menção no último congresso, ao interesse nacional, ao povo que o elegeu é algo que não preocupa Montenegro ou o PSD.
Como diz com honestidade o multimilionário Warren Buffett, “há de facto uma luta de classes e a minha classe está a ganhar”.
A diferença é que Buffett tem uma certa vergonha. E Montenegro não tem vergonha nenhuma."
jvmalheiros@gmail.com
Escreve à terça-feira (no Público)
Sunday, February 09, 2014
DANIEL SAMPAIO, AS DESIGUALDADES E OLHAR VESGO SÓ PARA UMA FACE DA MOEDA...
O meu saudoso amigo Eduardo Santos dizia, referindo-se à tineta dos nossos colegas de esquerda contra os ricos:
"O que é preciso não é acabar com os ricos, é preciso é acabar com os pobres!"
O triste texto do irmão do Jorge Sampaio, politicamente correto como tudo o que exsuda aquela mente brilhante, centra-se no horror de haver cada vez mais ricos e, ainda mais horrível, de os ricos serem cada vez mais ricos a ponto de os 85 mais ricos do mundo possuírem o mesmo que a metade mais pobre da população mundial.
Que coisa horrível!
Presumo que o que era porreiro para esta alma simples era sacar a riqueza a esses tipos pornograficamente ricos e "distribuí-la" pelos pobres.
Não interessa nada se com esse "saque" os ricos se vissem forçados fechar as empresas e atirar centenas de milhar para o desemprego nem que essa "distribuição", tão solidária, representasse apenas uns bifes e umas cervejolas para os tais 3.500.000.000 que constituem a metade mais pobre, em nada lhes mudando a vida e a pobreza.
Isso não interessa nada! O que interessa é a "moral" da coisa, a "solidariedade", a "distribuição equitativa" da riqueza...
Aos amantes destas tretas também pouco interessa se os ricos do nosso tempo herdaram as "fortunas" ou se as criaram com as ideias e o trabalho de uma vida, se na sua criação deram e continuam a dar trabalho a milhares ou milhões de pessoas se vale a pena, se interessa, ou não estimular o surgimento de outros milionários, de outras empresas, se mais "postos de trabalho".
Também não lhes interessa se os megamilionários do nosso tempo, enfim, muitos deles, estão envolvidos em atividades de solidariedade (sem aspas uma vez que envolvem o seu dinheiro e não o dos outros...), de combate à pobreza, de promoção da saúde (a fundação Chapalimaud não lhes diz nada, claro, e a Gulbenkian é um dado adquirido) - até certamente terão a subida lata de achar que isso é apenas "caridadezinha"...
E, last but not least, essas almas politicamente corretas, que adoram lançar o seu olhar de desprezo para cima dos ricos e para o aumento das desigualdades, não têm a honestidade, a hombridade, de reconhecer que este sistema que cria ricos e desigualdades também elevou e continua a elevar o nível de vida dos pobres (só a África, a Ásia islamizada e parte da América do Sul e Central tardam a apanhar a onda) que, comparados com os pobres da minha infância, de pobres só têm a etiqueta.
Mas isso (acabar com os pobres), isso é que não lhes diz rigorosamente nada!
Thursday, February 06, 2014
TAXA DE DESEMPREGO SEMPRE A CAIR EM 2013 - DESCULPEM-ME SER CHATO...
Não vi esta notícia no Público, vi a notícia e um gráfico (não este que aqui reproduzo) num noticiário da RTP 1 e não a vi reproduzida nos seguintes. Procurei-a com a box do MEO, andando para trás nos noticiários, mas não a localizei.
A baixa persistente e consistente da taxa de desemprego não é, pelos vistos, coisa que interesse tanto como a praxe. Há uns meses, quando "a coisa" começou, a esquerda afirmava, do alto da sua omnisciência, que era efeito da sazonalidade - que mais poderia ser, não é verdade?!
Com o evoluir da "coisa", a causa da baixa continuada da taxa de desemprego passou a ser a emigração. A emigração?! Será que esta malta não faz umas continhas (muito simples, garanto) antes de dizer bacoradas?
É claro que se tudo se mantiver e um desempregado emigrar, a taxa diminiu, certo. De igual modo, se um empregado emigrar em busca de melhores condições (e não são poucos...) a taxa sobre. Mas a sensibilidade da taxa a estes dois parâmetros não é igual.
Estou a falar de coisas estranhas? Façam lá as contas para ver qual seria a taxa de desemprego em Dezembro de 2013, partindo dos 17,3% de Dezembro 2012 e considerando apenas o efeito de 130.000 emigrantes desempregados terem ido buscar emprego alhures. Como os nossos "sábios" afirmam ser a causa da queda da taxa.
Sendo a população ativa (números de Nov 2012) 5.494.800 pessoas, sendo a taxa de desemprego em Dezemebro de 2012 de 17,3%, o número de desempregados era de 950.600 pessoas e o número de pessoas empregadas 4.544.200. Até aqui, nada de especial.
Mas suponhamos que durante o ano há 130.000 desempregados que emigram. Se não houver outros efeitos (é o que chama coeteris paribus - os restantes parâmetros mantem-se constantes para estudarmos o efeito de um único), ficaremos com menos população ativa e menos desempregados - é só tirar 130.000 àqueles números.
A taxa de desemprego em Dezembro de 2013 teria sido de 15,3% (ver coluna da direita do quadro ao lado), praticamente bate certo com o que diz o INE.
A sensibilidade da taxa de desemprego ao parâmetro "emigração de desempregados" calcula-se facilmente como (2ª coluna a contar da direita): quando 100.000 desempregados emigram, a taxa baixa de 17,3% para 15,8% ou seja baixa 8,9% (1,5 em 17,3); assim, uma saída de 100.000 desempregados faz a taxa descer 1,5 pontos percentuais.
Vejamos agora o que se passa quando os emigrantes são pessoas empregadas mas descontentes com o seu emprego, ou com o que ganham, ou com as perspetivas de futuro ou ... whatever.
Vejam o quadro ao lado, em tudo semelhante ao anterior exceto num pormenor: é que quando um empregado emigra, baixa a população ativa mas o número de desempregados mantém-se inalterada (recordem-se, coeteris paribus).
Moral da estória, quando um cidadão empregado emigra, a taxa de desemprego sobe. A coluna da direita mostra o que sucede se 100.000 empregados emigrassem: a taxa de desemprego sobe, mas nada que se compare com a descida da mesma quando os 100.000 emigrantes são desempregados. A sensibilidade da taxa ao parâmetro "emigração de empregados" é muito pequena, é da ordem dos 1,85%!
E qual teria sido o efeito se durante 2013 tivessem sido criados 100.000 empregos? Neste caso não há alteração da população ativa, o número de desempregados cai 100.000 e o de empregados aumenta 100.000. A nova taxa de desemprego teria caído para 15,5%. A sensibilidade da taxa ao parâmetro "criação de emprego" é 10,52%, ou seja, este é o parâmetro que mais influencia a taxa de desemprego, dos três cuja análise aflorámos.
Posto isto, é bom que recordemos que há muitos outros parâmetros em jogo. Sem termos dados mais precisos, estatísticas da emigração desagregadas que nos digam quantos emigrantes abandonaram um emprego para procurar outro "lá fora", quantos novos empregos foram criados, quantos foram "destruídos", quantos dos novos empregos foram "ocupados" por pessoas empregadas, que mantiveram o emprego anterior, etc, etc, etc, é pura especulação dizer que a causa da baixa continuada da taxa de desemprego foi devida a um único fator.
Fazê-lo é tentar confundir a realidade com o que desejaríamos que ela fosse.
Posto isto, é bom que recordemos que há muitos outros parâmetros em jogo. Sem termos dados mais precisos, estatísticas da emigração desagregadas que nos digam quantos emigrantes abandonaram um emprego para procurar outro "lá fora", quantos novos empregos foram criados, quantos foram "destruídos", quantos dos novos empregos foram "ocupados" por pessoas empregadas, que mantiveram o emprego anterior, etc, etc, etc, é pura especulação dizer que a causa da baixa continuada da taxa de desemprego foi devida a um único fator.
Fazê-lo é tentar confundir a realidade com o que desejaríamos que ela fosse.
Saturday, February 01, 2014
LUIS MOITA - UM OLHAR SOBRE O PASSADO
No ciclo de conferências que a Antena 1 tem estado a transmitir, pelos 40 anos do 25 de Abril, sobre tortura a presos políticos, ouvi hoje umas passagens (ouço rádio quase só no carro...) que me impresionaram vivamente.
O contraste com as narrativas em que se auto enaltecem os "heróis" (porque foram vítimas, muitos deles pouco ou nada fizeram de útil à sociedade) e se vituperam os algozes, transformados em monstros geneticamente diferentes de nós outros, incapazes (juramos nós e batemos no peito!) de matar uma mosca, quanto mais de arrancar-lhes as asas e deitá-las à lareira...
Luís Moita (lembro-me dele como o Padre Luís Moita, de antes do 25 de Abril, na capela do Rato) foi muito sóbrio no que disse e o que me impressionou foram duas coisas (não tenho as palavras exatas), mais ou menos isto:
- não me importa muito quem eram os pides que me torturtaram, não retive o nome da maioria deles; se ou não tinham prazer no que faziam - provavelmente eram, no resto, pessoas normais, com uma vida normal, que ao fim do dia de serviço iam para casa, para a família...
- este é um tempo pós anti-fascistas e, no entanto, muitas pessoas continuam a legitimar muita coisa com o seu antifascismo..
O Luís Moita que me desculpe se não consegui reter as palavras exatas mas parece-me que o sentido não se perdeu.
Lembrei-me logo do "nosso" Mário Soares que, já no século XXI, na última aventura como candidato a PR, se descreveu a si próprio como o "anti-Salazar"! É muito triste quem não encontra, nos últimos 40 anos, (Salazar governou até 1968, ano em caíu da cadeira) qualquer coisa de bem feito para apresentar aos eleitores...
Quanto à primeira frase, não posso deixar de me lembrar toda uma geração de "antifaxistas" que ascenderam ao Poder por direito próprio (acho que é o que eles acham...) apenas pelo seu anti salazarismo que, as mais das vezes, se resumiu a levar umas bordoadas da polícia.
Ou, como o eterno Alberto Martins, levantar-se (em 1969, por amor da santa!!!) e dizer "peço a palavra"...
Sunday, January 05, 2014
RELAÇÕES PORTUGAL - GUINÉ BISSAU
O Público de hoje traz um artigo notável de Fernando Vaz, Ministro Ministro de Estado e da Presidência, porta-voz do Governo de Transição da República da Guiné-Bissau, que vos transcrevo a seguir, com a devida vénia àquela jornal.
Portugal mantém uma posição alinhada com a UE, desde o golpe de estado que colocou no poder o atual governo de transição, que ignora completamente o estado de desgoverno a que tinha chegado o executivo deposto e o esforço que o governo provisório tem estado a fazer para, como anunciou, devolver aos guineenses o seu direito de determinar democraticamente o novo governo e o novo Presidente.
Afinal, o atual governo em Portugal também devivou de um golpe de estado e que só dez anos depois do mesmo, com a abolição do Conselho da "revolução", a "palavra" foi devolvida por inteiro ao eleitorado.
"Sejamos claros: a Guiné-Bissau e Portugal estão “condenados” a entenderem-se. É muito mais o que histórica e afectivamente nos une do que o que pontualmente nos possa episodicamente separar. E isso é algo que nós, responsáveis políticos de ambos os países, temos obrigação de ter presente na nossa actuação, mesmo quando por vezes, em defesa dos interesses e das razões que assistem os nossos países, temos de aqui e ali falar mais alto ou de forma mais firme.
Mas uma coisa é defender os interesses que são nossos, expor as nossas razões e argumentos e exercer o legítimo direito à indignação; outra coisa é sermos permeáveis a interesses que não os nossos, virarmos costas aos princípios e sermos porta-vozes de outrem.
Vem isto a propósito do facto de ter existido quem, nos últimos dias, se tenha mostrado incomodado, quando não mesmo até aparentemente chocado, com a forma veemente como me vi forçado a defender a posição do meu país e o modo como levámos a cabo uma investigação célere e até agora conclusiva do incidente ocorrido com o avião da TAP no aeroporto de Bissau. Existe um ditado popular bem português que resume o sentimento dos guineenses no que diz respeito à verdadeira onda de mentiras, falsidades e até calúnias que se têm dito e escrito a propósito desse incidente — “quem não sente não é fi lho de boa gente”.
Ninguém que seja responsável, que tenha conhecimento do que realmente se passou com o embarque em Bissau dos 74 cidadãos sírios com destino a Lisboa podia fi car impávido e sereno perante a verdadeira campanha orquestrada que levou a que autoridades portuguesas, algumas até com vasta e reconhecida experiência política, sem que os factos tivessem sido ainda apurados e sem que tenham recolhido a informação minimamente exigível, se precipitassem em declarações que sou obrigado a rotular como francamente infelizes.
Ao longo destes meses, não fomos nós, guineenses, que tomámos atitudes hostis ou conducentes a um esfriar de relações entre os nossos países. Aliás sempre nos habituámos, mesmo nos momentos mais difíceis, a encontrar em Portugal um parceiro seguro na resolução dos nossos confl itos internos. Não é preciso recuar muito. Basta lembrarmo-nos do que se passou em 1998, aquando da guerra civil, e do papel fundamental que então o governo português e nomeadamente o seu ministro dos Negócios Estrangeiros Dr. Jaime Gama desempenhou. E como o fez — sem paternalismos, com um sentido de Estado e com uma sensibilidade e tacto irrepreensíveis e notáveis!
Curiosamente, este governo — e acreditem que foi uma surpresa para mim que conheço bem alguns dos seus principais “actores” — fez exactamente o contrário, preferindo tomar partido por uma das partes (no caso por um ex-primeiro-ministro em cujo governo e sem que tenha ocorrido qualquer inquérito ou pedido de investigação foi assassinado um Presidente da República em exercício e democraticamente eleito, dois chefes do Estado-Maior General das Forças Armadas e vários políticos que se lhe opunham) e virando-nos as costas, pouco ligando aos interesses que são objectivamente os de Portugal e quebrando assim laços de séculos, numa atitude que ainda hoje, por muito que tente, não consigo entender.
Mas apesar disso — de o governo português ter optado por cortar todas as “pontes” com vista a algum diálogo —, o governo de transição da Guiné-Bissau (que, recorde-se, integra todas as forças políticas guineenses, incluindo o próprio PAIGC do primeiro-ministro deposto) esteve totalmente disponível para conversar com Portugal, obviamente em plano de igualdade e respeito mútuo. Por diversas vezes e vias tentámos chegar à fala com diversos responsáveis da cena política portuguesa.
Eu mesmo, durante as minhas passagens por Lisboa, desenvolvi diligências no sentido de me encontrar, a
nível particular e sem qualquer divulgação pública, com os meus homólogos; com um secretário de Estado da Cooperação; e com representantes do primeiro-ministro e do Presidente da República, a quem mostrei a intenção de expor o nosso ponto de vista sobre o que efectivamente se passa na Guiné-Bissau, esclarecer qualquer dúvida que pudesse existir e colher opiniões que nos pudessem ser úteis neste processo de transição. A única resposta que obtive, por interposta pessoa, foi do secretário de Estado, que me comunicou a disponibilidade de um responsável do Instituto Camões em receber-me.
Como se o objectivo da conversa que eu pretendia ter fosse discutir a entrada em vigor do Acordo Ortográfi co ou qualquer coisa do género...
Tem-se dito e escrito muitas mentiras sobre a Guiné-Bissau. Há quem se tenha deixado “embarcar” em campanhas que servem interesses que não são portugueses e que apenas utilizam Portugal como pretexto e instrumento. E isso a mim, particularmente a mim — que aqui vivi cerca de 30 anos, aqui estudei e onde me ligam especiais laços a vários níveis —, causa-me muita pena, até porque conheço bem algumas das pessoas que se deixaram instrumentalizar, sendo isso um péssimo serviço que estão a prestar a uma história e um percurso de séculos que temos em comum e que, embora aqui e ali possa ter sido marcado por alguns desentendimentos, soubemos sempre ultrapassá-los e superá-los. Como estou certo de que iremos ultrapassar e superar rapidamente. Exactamente em nome dessa mesma história e percurso que temos em comum! É esse o nosso desejo e sei — tenho a certeza — que é o desejo dos nossos Povos."
Thursday, January 02, 2014
GREVES & MANIF'S - PROVA DE VIDA DOS SINDICATOS
Leiam a coluna de João Miguel Tavares sobre a banalização da greve. Pela minha parte, só uma chamada de atenção: não são greves inúteis nem de brincadeira, são a verdadeira prova de vida dos sindicatos ou, pelo menos, prova de vida da sua costela política.
A costela sindicalista dos sindicatos, passe o pleonasmo, continua viva e útil: numa fase "esquisita" da minha vida profissional sindicalizei-me quase in extremis (e mantive-me sindicalizado até hoje) e há poucos dias recomendei vivamente uma pessoa que me me é muito cara que fizesse o mesmo, just in case...
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