Vem este post a propósito de um artigo assinado por um deputado que começava, precisamente, com o dito:
QUEM DÁ O QUE TEM, A PEDIR VEM
O artigo não interessa muito, mas este dito representa muito do lixo que é despejado para dentro da cabeça dos putos, desde pequeninos, que aponta no sentido oposto ao da solidariedade, social, familiar, pessoal, solidariedade, tout court.
Felizmente, não me tenho apercebido que a malta nova tenha menos o sentido da solidariedade (e dos valores, em geral) que a malta da minha geração tinha há 40 anos - estou pertinho dos 60's - e tem no presente.
Isto contra o que muito comentador, político e "senhor" de verbo fácil, para quem atravessamos uma grave crise de valores...
Crise de valores my ass!!!
Voltando aos provérbios, para mim fazem muito mais sentido os ditos como:
QUEM DÁ O QUE TEM, A MAIS NÃO É OBRIGADO
QUEM DÁ AOS POBRES EMPRESTA A DEUS
FAZ BEM E NÃO OLHES A QUEM
mesmo quando traduzem (podem traduzir) um "negócio" com Deus ou com os outros: faço bem, para que também receba algum.
Que diabo, é melhor isso do que não dar nada aos outros com medo de vir a precisar e não ter. Como o sr Scrooge, o tio Patinhas e outros quejandos...
O meu amigo Eduardo Santos(*) tinha uma sabedoria pragmática, nem sempre muito condizente com a sua devoção religiosa, mas cheia de bom senso.
Dizia ele, qualquer coisa no género: é um disparate dizer-se que
MAIS VALE SER POBRE E COM SAÚDE QUE RICO E DOENTE,
quando o que interessa é:
MAIS VALE SER RICO E TER SAÚDE QUE POBRE E DOENTE!
O Eduardo ficava perplexo com a "luta de classes" que muito boa gente traduzia por
OS RICOS QUE PAGUEM A CRISE
e que, para muitos, conduziria a uma sociedade sem ricos.
Dizia o Eduardo:
Acabar com os ricos?! Disparate, eu quero é acabar com pobres!
. . . . . .
(*) Eduardo Jorge Martins dos Santos, meu colega em Angola, na TAAG, e mais recentemente na AIP, durante cerca de 11 anos. Morreu já há alguns anos.
(O Muleiro é, naturalmente, o homem da mula)