Thursday, April 17, 2008

Que la bête meure! (mais l'homme aussi)

Um colega acordou-me há pouco do torpor do sofá com uma notícia que considerei espantosa e para a qual me apressei a buscar confirmação no Expresso On Line. Era verdade:

"Lisboa, 17 Abr (Lusa) - O presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, anunciou hoje que vai solicitar, na próxima semana, ao Conselho Nacional do partido, a convocação de eleições directas para 24 de Maio, às quais não se vai candidatar. "Vou solicitar, na próxima semana, ao Conselho Nacional, que convoque directas para 24 de Maio. Não estou na corrida", afirmou numa conferência de imprensa na sede do PSD em Lisboa, em que os jornalistas não tiveram direito a colocar perguntas. "Reconheço que não consegui vencer estas contrariedades [críticas internas no partido] e assumo a inteira responsabilidade. Para mim chega, basta", sublinhou. A conferência de imprensa teve lugar no mesmo dia em que o deputado Aguiar Branco declarou, em entrevista à revista Visão, que pretendia desafiar Luís Filipe Menezes na liderança do partido, garantindo ainda estar disponível para tentar derrotar José Sócrates nas legislativas de 2009."

Isto é absolutamente espantoso: o morcão que veio de Gaia que, até assumir a presidência do PSD, só se tinha feito notar como um notável regionalista e populista nortenho, sempre a sublinhar as virtudes (?) da malta e das coisas do norte, para além de disparar para todos os lados e para tudo o que se mova, o morcão, dizia eu, anunciou que vai espontaneamente deixar a presidência do PSD.

Espero que a "nação" PSD saiba aproveitar a oportunidade que lhe é dada de corrigir a mão e varra, de uma vez por todas, a tralha que veio agarrada ao homem de Gaia, a começar pelo inimaginável Ribau Esteves.

Já imaginaram a gentalha que iria guarnecer as bancadas do PSD na AR, nas Assembleias Municipais e nas de Freguesia se as listas fossem feitas pelo Meneses, Santana, Ribau e companhia?!

Safa!!!!

5 comments:

mac said...

Verdade verdadeira, toda a gente tem algo que não esperamos. "o morcão (...) anunciou que vai espontaneamente deixar a presidência do PSD". Face a isto, será o morcão realmente morcão??? Ou as nossas idéias feitas - não "bebidas", feitas a custo e através de experiência nem sempre agradável, o que é o que de melhor se pode dizer delas - nos engana (mais uma vez!)?
Não gosto do rapaz, concordo. Mas esta atitude leva-me a olhar para ele outra vez.
Será o morcão realmente morcão ou é apenas alguém que não "joga" comigo, apesar de ser um tipo decente? Esta dúvida preocupa-me mais que as eleições do PSD.

Marques Correia said...

Menina, Cristo terá dito que a árvore boa não pode dar maus frutos, deixando-nos sem perceber se a má seria a que só dava maus frutos (e que por isso seria cortada e lançada às trevas exteriores onde haveria choro ranger de dentes, se é que não estou a misturar tudo).
Uma observação menos branco-preto das coisas, mostra-nos que, tal como as pessoas, todas as árvores (de fruto) dão frutos bons e frutos maus, sendo boa a que dá predominantemente bons frutos e má a que dá predominantemente maus frutos. Pelo meio fica a esmagadora maioria...
"Toda a alma tem uma face negra, nem tu nem eu fugimos à regra" como canta o ex-Xico Fininho, na boa poesia do Té.
Não te surpreendas, pois, que este morcão tenha aspectos positivos e que, na sua vida privada, até possa ser uma pessoa estimabilíssima.
"Olhar para ele outra vez" sugere que não olhas para ele(s) permanentemente, que te limitas a classificar um tipo e (se for o caso) passar-lhe um risco por cima.
Isso é que é preocupante!

mac said...

Sim, há malta para a qual só olho de vez em quando, provavelmente porque apresenta qualquer coisa que não é consistente com a minha idéia anterior.
E estará isto assim tão errado? Não há tempo para olhar permanentemente para tudo e todos e se nunca se conclui nada do que vamos vendo seríamos permanentemente recém nascidos, o que não me parece lá muito bom.
Acho mais importante que o risco que passo por cima possa ser reavaliado, quiçá até apagado...

Marques Correia said...

Pelo contrário, a permanente observação (pelo menos do que nos cai na rede) leva a que se vá permanentemente comparando com a observação anterior e apreendendo as várias facetas que (todo) o observado tem. Claro não é tudo e todos, para isso nem o JC teria tempo!
E com esse apreender de novas facetas, vai-se aprendendo, claro.
....
Mas fico agradado por ver que tb observas quem levou um risco por cima o que pode levar a uma reavaliação e a um apagar do risco.
Booooooooooom!

Marques Correia said...

Tinha ideia que o livro que o pai do puto atropelado lia (ou o narrador, não me lembro), donde sai o título do filme e de que, no fim, nos é servido mais um bocado "il faut que la bête meure, mais l'homme aussi", era do Paul Éluard, talvez a "Capital de la douleur".
Andei pela net à procura e, afinal, nem o Paul Éluard tem nada que ver com o assunto, como o tal livro de poesia é totalmente fictício.
É pena: a frase "Il fault que la bête meure, mais l´homme aussi", prometia muito...
A propósito, saquem o filme da net (e, já agora, "Le Boucher", com a mesma equipa) que é muito bom.
Se não gosta de filmes franceses do fim dos anos 60, princípio dos 70's(Claude Chabrol, François Truffaud, etc) não perca tempo, que não vai gostar, mesmo...
. . . . . . .
... e nem sabe o que perde!