Os briosos rapazes da Brigada de Trânsito da GNR resolveram mandar parar uma ambulância que seguia velozmente por uma autoestrada do norte com dois doentes a bordo.
Estou mesmo a imaginar a cena:
- Facultava-me os seus documentos e os da viatura, por favor? - palavras ditas enquanto batia uma pala indolente.
- Ó sô guarda, olhe que levo dois doentes muito mal para as urgências de ... (não se percebeu o nome da terreola).
- A lei é igual p'ra todos, nem prós ministros a gente devia abrir excepções. - Olha calmamente os documentos, dá a volta à viatura para ver se está tudo nos conformes, vai ao párabrisas a ver se os selos estão ok, volta para o motorista.
- Faça o favor de se apear p'ra soprar no balãozinho.
- Ok, sr guarda, mas olhe que aqueles desgraçados ainda esticam, com este atraso todo, 'tou a avisar... (soprou, soprou)
- Você está mas é a ver se se balda, e já me estragou este coiso. Toca a soprar num novo e veja lá se sopra tudo o que tem nos pulmões.
Novas sopredelas, mais longas e compenetradas. O cívico olha o aparelhómetro, dá-lhe umas pancadinhas com as costas do indicador, e resmunga:
- Bom isto deve estar avariado, não passa do zero nem à porrada. Vá lá à sua vida, e veja se anda com juízo, ouviu? Olhe que eu o trago debaixo d'olho!
A ambulância lá seguiu o seu caminho, mas o certo é que um dos evacuados baicou uma hora depois de chegar ao hospital.
A demora pelo caminho terá influenciado o desfecho? Se calhar, não.
Mas a verdade é que não lembra ao menino Jesus que uma ambulância seja mandada parar quando segue sinalizando a sua função, com um desgraçado (dois, neste caso) a bordo.
Não bastaria tirar a matrícula e averiguar junto do INEM se a dita ia mesmo em serviço de urgência ou se o condutor ia com pressa para se encontrar com a namorada?
Ou o esforçado agente estaria em greve de zelo?
No comments:
Post a Comment