Sunday, January 06, 2013

FALTA DE VALORES?! Só se fosse no "nosso" tempo...


A Revista 2 do Público traz hoje um artigo sobre o que o que a juventude pensa, o que é ser português nos dias de hoje, etc.
 
Vejam o que dizem três putos (12 e 13 anos) e digam-me lá se essa treta da crise de valores não é mesmo conversa fiada de malta do "nosso tempo" que acha que o mundo está acabar ... para eles, claro!
 
Há uma falta de respeito pelos ‘stôres’. E pelos pais. Falo por mim, de vez em quando também respondo aos meus pais. Depois arrependo-me.
Espero que os meus filhos, um dia, gostem dos pais”
Sérgio, 12 anos
 
 
 
"Eu ouço mais no telejornal [crise] do que se fala em casa. Há pessoas que não estão afectadas pela crise; às vezes há promoções e compram porque está mais barato, mesmo que não precisem”Miguel, 12 anos
 
 
 
"Não sou o centro das atenções nem sou apagada pelos outros.
Faço o que quero e pronto.
Estou ali. Sou boa pessoa."
Emília, 13 anos
 
 
Os putos e os outros na faixa etária a seguir deviam fazer-nos pensar mais, inspirar-nos mais em vez de lamentarmos tanto que hoje o "ideal" antifascista não esteja no topo da to do list da malta jovem (fascismo?! isso já era...) e que não haja um Maio 68 ou 25 de Abril para os "formar" (ou deformar...).


JOAQUIM AGUIAR E A CRISE


O Público traz hoje uma entrevista com Joaquim Aguiar que recomendo vivamente.
 
À guisa de engodo deixo-vos aqui uns "recortes" que não pretendem se um resumo nem nada que se pareça. Foram apenas frase que me pareceram pertinentes e/ou insólitas mas, em qualquer dos casos, a darem que pensar.
 
E fazer-nos pensar já é muito bom...
 
Aqui vão:

"Bom, quem não tem receitas corta nas despesas."
 
"Nós temos que construir de novo construindo os alicerces no terreno em que estamos e não recordando o terreno em que foram colocados os alicerces do passado. Nós não temos crescimento e temos envelhecimento. Continuarmos a insistir no mesmo tipo de cálculo é o imaginário a tentar esconder o real."
 
 
"Não há dúvida que a falência de um Estado nacional é absolutamente inconstitucional. Nenhuma Constituição pode pressupor esse tipo de situação. Mas, no caso português, isso aconteceu. O real tornou-se inconstitucional. Quando o real se torna inconstitucional, a política tem que alterar o imaginário."
  
"Mas eles têm uma cultura política competitiva, que se adapta rapidamente às circunstâncias da competição. Basta alguém em alguma parte do mundo fazer melhor uma determinada actividade para que quem tem uma cultura política competitiva acompanhe essa evolução. Quem tem uma cultura política distributiva é completamente diferente, porque essa cultura, quanto mais perde competitividade, mais quer ser protegida."
 
 
"E a terceira geração? (de políticos) Já nasceu nos partidos. É uma geração de funcionários. Sabem tudo sobre a carreira de funcionário e desconhecem em absoluto o que é a fundação de um regime e a construção de uma plataforma estratégica."
 
"Um Governo de iniciativa presidencial seria uma alternativa?  Um sistema presidencial significaria que todos os grupos de interesses passariam a ter um referencial único para desencadearem as suas operações de captura. Quando vemos certos acidentes trágicos que aconteceram em Portugal, como o caso BPN, que não se pode desligar da cobertura simbólica que Cavaco Silva  proporcionou, porque esse desastre foi feito e construído por ex-colaboradores do Presidente, na altura primeiroministro, que se serviram dele para ganhar uma idoneidade bancária que manifestam não tinham...
Todos os sistemas presidenciais se prestam a este tipo de utilização da figura simbólica do Presidente. O presidencialismo é aquilo que não pode nunca resolver nada no caso da política portuguesa." (sublinhado meu)
 
 "Estes planos de ajustamento vão sendo sucessivamente ajustados àquilo que são as próprias revelações do programa anterior. Nem a troika, nem o Governo, nem o Presidente sabem qual é a trajectória certa, porque ninguém conhece os mares em que estamos a navegar ou já nos afundámos."

"Mas há coisas úteis mesmo para um pastor incompetente que é uma tempestade. Porque numa tempestade o rebanho junta-se e nem é preciso o cão para o juntar. Junta-se espontaneamente. É nessa fase que nós devemos preparar o futuro. Porque quando passar a tempestade não se pode esperar que o rebanho continue ali parado com o temor à catástrofe, mas é para esse momento que é preciso saber para onde vamos dirigirnos. Nós estamos claramente na tempestade."
 
"Porque mesmo aqueles que dizem que é preciso austeridade para corrigir os excessos, a única coisa que dizem é que vamos voltar ao equilíbrio anterior. Ora o equilíbrio anterior já não existe e se voltássemos ao passado era só para voltarmos a criar o mesmo problema."
 
  
"Qual a solução? (para a crise)  O futuro tem que ser uma descontinuidade. Numa crise deste tipo, o presente não liga o passado com o futuro e quem fi car a olhar pelo retrovisor tem um acidente. Agora se esquecer o retrovisor, aquilo que vê à frente é o que lhe oferece a solução para o presente.