Com a sua moca sempre afiada, Vasco Pulido Valente zurze forte e feio na União Europeia que, pelos vistos, desiludiu muita gente - toda a gente?
Os países do sul (em particular as suas elites esquerdalhas...) queixam-se que os países do norte deviam ser solidários - suponho que pagando as dívidas que aqueles acumularam e agora não querem ou não podem pagar ou, muito simplesmente, não querem apertar o cinto para pagar.
Muita gente está desiludida porque esperava que por artes mágicas (ou por arrasto do Euro) o Europa das Nações tendesse para um verdadeiro Estado, uma espécie de Estados Unidos da Europa.
Os ingleses, gente "antiga" e que está habituada a tratar dos seus assuntos (às vezes with a little help from their friends, claro) vê na União Europeia pouco mais que uma área de livre comércio, com benefício para todas as partes, enquanto as tais "todas as partes" acharem que têm de facto vantagens em pertencer à União. A Inglaterra não entrou no Euro, por motivos óbvios - digo eu.
Afinal, as pessoas (e as nações) são felizes ou infelizes consoante as fasquias das expectativas são colocadas ao seu alcance (com um esforçozinho, estimulante) ou completamente fora dele - e da realidade.
Um amigo meu tentava, já há uns bons dez ou vinte anos mostrar-me que as Pátrias europeias, as "nacionalidades" estavam em clara retração face à cidadania emergente - a europeia - e que isso se sentia quando se cruzavam fronteiras sem parar, se falavam duas ou três línguas e toda a gente se entendia.
Eu contrapunha os movimentos centrífugos em Espanha (várias nacionalidades em união mais que precária), na ex-URSS que deu numa dúzia de países e, mesmo assim, ainda há duas ou três (se calhar mais) nacionalidades a "ferver" como a Tchechénia. Nos balcãs, a Juguslávia, estava novamente a balcanizar-se, com guerras fraticidas pseudo "religiosas", a Bélgica instável como sempre e... por aí fora.
Parece-me que o que faz sentido é mesmo encararmos a Europa como ela é - a Europa das Pátrias - e tentarmos manter o que conseguimos: um mercado comum, um espaço de livre circulação de pessoas e bens, com normas e regulamentos comuns para várias áreas de atividade, com várias políticas comuns ou concertadas coordenadas por órgãos representativos dos países membros e ... não forcemos a nota. Vamos com calma.
O Euro está a tornar-se num problema, moeda única num espaço não unificado politicamente, com orçamentos descoordenados e finanças, em muitos casos, à beira da ruína.
Mas entre o Euro matar a Europa-que-temos e a Europa sacrificar o Euro - claramente, que se lixe o Euro!