Começando pelas efemérides, aqui evoco três, de uma assentada:
- Em 11 de Setembro passaram 10 anos sobre o ataque da Al Qaeda aos camones que marcou o início de uma guerra de tipo completa-mente novo em que o avião, o meio de transporte mais seguro, se transforma numa espécie de míssil tripulado por fanáticos, matando de uma assenta centenas de cidadãos sem olhar às nacionalidades, raças, religiões. Um nojo!!!
- O fim da ETA (esta notícia ainda nem tem um mês e vamos ver se se concretiza mesmo: eu não acredito!) outro bando de assassinos, que há décadas mata pessoas em Espanha, mesmo depois de, com o desapare-cimento do velho Franco (esse cabrón que morreu na cama e não no paredón...), ter deixado de ser crime defender a independência do País Basco. Nitidamente, um grupo de rapazes que “provaram o sangue” e lhe tomaram o gosto.
- O 5 de Outubro, em que uns caquéticos cidadãos se entretêm a comemorar a substituição do rei por um presidente, há 101 anos. Não se iludam, a república não trouxe ao País mais bem estar, nem mais liberdade (que havia muito mais nos últimos anos da monarquia que nos primeiros 64 anos de república) nem mais “grandeza”. Realmente, vendo bem a coisa, o único objetivo que a república alcançou foi mesmo depor o rei e substituí-lo por um presidente! É muito pouco para comemorar, ou estou errado?!
A crise internacional continua a grassar por essa Europa fora e não há meio de abrandar, antes pelo contrá-rio. Realmente deve ser muito difícil sair de uma crise sem haver um poder central que garanta a tomada de medidas adequadas e em tempo útil que façam prevalecer o interesse comum sobre os interesses particula-res dos vários países. É como conduzir um carro por uma estrada cheia de curvas com 17 pessoas agarradas ao volante – mesmo quando duas ou três são matulonas e as outras menos abonadas.
Para já parece que o nosso Governo tem levado muito a peito a tarefa para que foi eleito que é a de acabar com o período looooongo em que fomos governados à rica, dando casa aos milhões de pobrezinhos (sem grandes preocupações em avaliar se os “pobrezinhos” eram mesmo pobrezinhos), gastando com a saúde, com a segurança social e com a educação rios de dinheiro sem quaisquer preocupações notórias de racionalidade e eficiência.
Somos ricos, vai barão!
Garantiu-se à população uma “mobilidade” quase gratuita – viram o deficit acumulado das CP, Refer, dos vários Metros, da TAP, da Carris e dos vários transportes municipalizados? O que vos diz? Somos ricos, o utilizador dos transportes paga um bocadinho, o Estado paga um bocadão. Lindo!
A rede de autoestradas não parou de crescer, muitas delas nasceram como SCUT’s: somos, ricos, o utili-zador não paga nada, o Orçamento do Estado paga tudo.
Claro que todas estas medidas dos Cavacos, dos Guterres, dos Sócrates desta terra, eram muito louváveis, não tenho dúvidas disso! A chatice é que foram levadas à prática com dinheiro emprestado, pelo qual paga-mos juros que representam uma despesa cada vez maior e que, mais tarde ou mais cedo, tem que ser pago.
E é escusado estarmos com fantasias de que foram os banqueiros e os governantes que nos roubaram, que foram “eles” que pediram os empréstimos e que “nós” (cada um de nós) não vivemos, não senhor!, acima das nossas posses.
Nós, como País, como sociedade vivemos há décadas com orçamentos deficitários, com uma dívida crescente “à pala” da qual passamos pela A22 (e por outras A qualquer coisa) sem pagar um tusto, vamos ao Centro de Saúde e pagamos 2 Euros por uma consulta, andamos na escola pública sem pagar um chavo e na Universidade pública pagando uma fração do que ela custa; tiramos o cartão Sete Colinas ou outro que o valha por tuta e meia, reformamo-nos e podemos manter um emprego remunerado que a Segurança Social continua a pagar-nos a “reforma”. Se estamos “no desemprego”, a receber subsídio, podemos recusar empregos que não achamos “condignos”... e todo um enorme rol de direitos e “conquistas” que mantemos com dinheiro emprestado.
Ah! Esquecia-me dos iluminados que dizem que a Grécia não vai pagar a dívida e que nós devíamos fazer o mesmo: a Europa ficava à rasca e pagava por nós, para... não me lembro qual era o argumento, mas a Europa pagava e nós continuávamos a viver à rica. Não era bonito?!
Infelizmente não pode ser assim, nem deve ser assim. Os compromissos têm que ser honrados (não me refiro à troica, refiro-me aos credores em geral) e não nos resta senão arranjar maneira de apertar mais o cinto, governar a casa com menos do que temos para sobrar um bocadinho para ir pagando.
Só seremos uns bons ante-passados se deixarmos aos nossos descendentes um País livre de dívidas.
Tudo o mais é conversa de mau pagador!