Ora, então, eu expilico, devagarinho:
A posição do PCP e B (e) E (não a do meu colega que é mais inteligente que eles...) é de que o objectivo dos patrões é lixar, explorar e, se possível, despedir os trabalhadores das suas empresas. Isto é uma burrice pura e simples: pela "análise" marxista, o patrão precisa do trabalhador para lhe "sacar a mais valia" (bocejo...); pela observação e pelo bom senso, uma empresa sem empregados não funciona e o "patrão", o empresário, não lucra com o quiosque.
1ª conclusão a reter (óbvia, não?):
O "patrão", o empresário, precisa de ter trabalhadores para a empresa funcionar.
Assim, para a empresa funcionar bem (ser competiva e lucrativa), os trabalhadores têm que ser os necessários e com as características adequadas aos negócios que a empresa tem em carteira ou a que se candidata. Daí que quando a actividade está em baixa, os efectivos têm que ser ajustados em baixa, ou seja, a empresa precisa de despedir; quando os negócios se expandem, a empresa tem que contratar mais pessoal.
Se, para despedir pessoal, o empresário tem que fazer muita despesa (indemnizações, perdas por greves, custos com advogados, etc, etc, etc) o empresário pensará duas, três ou mais vezes quando precisar de contratar pessoal porque, quando os negócios estiverem em baixa terá dificuldades (e custos) em despedi-los.
2ª conclusão a reter:
Quanto mais difícil e caro for despedir, mais relutância terá o empresário a contratar, maior será a prevalência de trabalho precário.
Consequência imediata: defender o presente status quo serve os trabalhadores "antigos" (sindicalizados) e lesa os trabalhadores novos, à procura de emprego.
Claro que a facilitação do despedimento vai permitir às empresas despedir de imediato os trabalhadores improdutivos, calões e conflituosos, entrando para o seu lugar trabalhadores mais produtivos, mais baratos, com menos regalias "históricas" e mais vontade de trabalhar. Além disso, vai permitir à empresa ajustar os efectivos à medida dos negócios.
Isto é bom para as empresas (melhoram a produtividade, baixam os custos e baixam os riscos agora associados a contratar pessoal), é bom para os trabalhadores desempregados (vão ocupar as vagas dos calões e os novos empregos criados quando os negócios estão em alta) mas é mau para os trabalhadores "antigos" (sindicalizados, menos produtivos e mais caros).
Compreende-se assim a reação visceral dos sindicatos e do Prof Dr Manel Carvalho da Silva...