Leiam, nem que seja em diagonal, o comunicado que Rui Rio tornou público anunciando a sua demissão do cargo de Administrador do Metro do Porto (veja o texto no fim do post; o link estava "esquisito" precisava do meu login e não lhe consegui dar a volta) e percebam por que é que um indivíduo hostilizado pelo F. C. Porto e pela legião de seguidores do seu gorduroso presidente conseguiu conquistar a Câmara Municipal do Porto, destronando Fernando Gomes, um factotum servil e obrigado do F.C. Porto, ser re-eleito por larga margem e manter-se no cargo com taxas de aprovação muito confortáveis.
A honestidade, felizmente, ainda é reconhecida pelas pessoas.
Ficam também (já agora) com uma ideia das razões, em termos gerais, que me levaram a não querer nada com a família Soares, nem com o PS nem com a numerosíssima cáfila que, a coberto de belos ideais de solidariedade, estado social, etc, tomaram de assalto o País e o ordenham por toda a teta e por todo o orifício donde escorra alguma coisa que valha dinheiro.
... e que, é bom não esquecer, levaram o País à situação a que chegou.
Notícia no Jornal de Notícias
Veja este vídeo
E mais este
"COMUNICADO
I)
1 – Nos últimos dias o meu nome apareceu na comunicação social, como
alguém que, enquanto administrador da Metro do Porto, tinha recebido
salários a que não tinha direito.
2 – A imagem dada para a opinião pública é, mais uma vez, uma imagem
de degradação moral e de oportunismo por parte de quem exerce cargos
políticos.
3 – É mais uma atitude irresponsável que, objectivamente, visa
desprestigiar o poder político em geral e o poder local em particular, atitude
para a qual eu não estou disponível.
II)
1 – O exercício do cargo de administrador da Metro do Porto, acarreta um
conjunto de responsabilidades que sempre estive pronto a assumir.
2 – Aceitei sempre o valor que, quem de direito, resolveu pagar pelas
responsabilidades assumidas pelos administradores não executivos e,
pessoalmente, procurei cumprir com toda a dedicação essa função.
3 – Quando, por força da alteração da lei, os autarcas deixaram de ter o
terço do seu vencimento base como limite máximo para o total das suas
acumulações e, por isso, me passaram a pagar o vencimento na totalidade,
tomei a iniciativa de solicitar à Sra. Presidente da Comissão de Fixação de
Remunerações da Metro a redução do meu vencimento por, pessoalmente,
o considerar excessivo.
4 – A Sra. Presidente - que foi indicada pelo Governo e pertence à IGF -
respondeu-me, em papel timbrado da mesma IGF que não lhe parecia
razoável fazê-lo, pelo que não me reduzia o vencimento.
5 – Ainda, assim, optei, de moto próprio, por reduzir a minha
remuneração e dei instruções à Metro para me processarem apenas o valor
correspondente a um terço do meu salário de autarca, tal como acontecia
antes da revogação da lei que impunha esse limite.
6 – Quando o Governo (Ministério das Finanças) decidiu que os autarcas
passariam a não ter direito a qualquer compensação pelo exercício deste
cargo, continuei a desempenhar as mesmas funções e a assumir as
responsabilidades inerentes, a título totalmente gratuito.
7 – Quando o mesmo Governo (Ministério das Finanças) entendeu que, por
força das responsabilidades que tínhamos de assumir, deveríamos ser
obrigados a fazer um seguro, mostrei-me, também, disponível para o
absurdo; ou seja, pagar para trabalhar.
III)
1 – Só que, nos últimos dias, o Governo (Ministério das Finanças/IGF)
perdeu o sentido do ridículo. Entendeu que tudo isto era pouco e resolveu
ordenar a devolução dos salários que o seu próprio representante tinha
definido. Não contente com a atitude, resolveu dar disso notícia nos jornais.
Para este enxovalho público, é que eu já não estou disponível!
2 - Para que fique muito claro:
» Reduzi substancialmente e de moto próprio, o vencimento, que o
representante do Governo me fixou.
» Aceitei a demagogia de ter de trabalhar e assumir responsabilidades
totalmente de graça.
» Estive ainda disponível para aceitar o absurdo de ter de pagar para
trabalhar.
» Mas não estou disponível para ser enxovalhado por quem não tem sentido
de Estado e tudo lhe serve para fazer demagogia e denegrir quem exerce
cargos públicos.
3 - Para mim, BASTA e, por isso, irei apresentar a minha demissão de
administrador da Metro do Porto.
Aceitei o cargo para trabalhar, inclusive de graça, mas não estou disponível
para que ponham publicamente em causa a minha dignidade e a minha
honorabilidade. Não me quero confundir com essa gente!
Assumir responsabilidades de graça, ter de pagar para trabalhar, e
ainda aparecer aos olhos da opinião pública como alguém que não teve
um comportamento correcto, ultrapassa os limites da seriedade e da
ética.
4 - Não é, aliás, a primeira vez que, no âmbito das funções que exerço no
Metro, procuram manchar o meu nome. Mais uma vez, passaram-se os
limites e, por isso, resolvi cortar o mal pela raiz. Ninguém me pode exigir
que assuma o papel de figurante numa opereta que desacredita a acção
política, e degrada ainda mais o regime dito democrático.
Fico, aliás, ainda mais livre, para na minha particular condição de
Presidente da Junta Metropolitana, poder continuar a falar sobre o Metro,
sem que, de seguida, alguém lance nos jornais mais uma qualquer história a
propósito do meu “chorudo” lugar na sua administração, já que é essa a
mentalidade dominante.
5 – Enquanto Presidente da Câmara do Porto e da Junta Metropolitana,
continuarei a pugnar, por todos os meios ao meu alcance, para que este
importante projecto, venha ao encontro das necessidades das populações e
potencie o desenvolvimento da Cidade e da Região – mas não tenho que
estar permanentemente disponível para continuar a aturar este tipo de
episódios em torno do Metro do Porto.
6 - Portugal só poderá aspirar a ser um regime verdadeiramente
democrático quando os portugueses confiarem nos políticos que os
representam. Atitudes baixas como esta a que agora assistimos, não
contribuem para a dignificação do serviço público, e só ajudam a
descredibilizar ainda mais a pequenina classe política que vamos tendo.
Porto, 29 de Abril de 2010
Rui Rio "