Andei a ler o novo livro sobre os terríveis maus tratos que o MPLA deu aos "cidadãos portugueses" que lhe caíram nas garras, alguns antes do 25 de Abril.
O livro é pouco mais que a habitual ladaínha dos colonos brancos que se assumiram como angolanos (muitos continuam a considerar-se angolanos, nas várias tertúlias que se mantêm por aí, nomeadamente na net), tomaram partido pela FNLA ou UNITA contra o MPLA e, quando se viram apanhados na guerra suja e sangrenta que opôs aqueles movimentos e foram engavetados pelo MPLA (ou já pela DISA, depois do 11 de Novembro), aí lembraram-se que eram portugueses.
Portugal, consideram, teria imensos deveres para com as suas pessoas e deveria distinguir (não explicam como) entre os brancos angolanos (eles, antes de serem presos) e os brancos portugueses (eles, depois de serem presos).
Sentiram-se traídos por Portugal, em particular pelos que "entregaram Angola ao MPLA" sem terem acautelado os interesses dos colonos (e aí têm razão).
O "pouco mais" que ressalvo acima, refere-se a pessoas que desapareceram, algumas em condições mais ou menos conhecidas, outras sem se saber por quem e quando foram levados (ou sequer se foram levados por alguém), sem se saber sequer se estão vivos ou mortos.
Como portugueses (pelo menos por defeito, deveríamos considerar os colonos brancos como tal) o Estado deveria tê-los na agenda das relações com Angola até termos conseguido informações sobre eles, ou obtermos a convicção de a outra parte nos ter dito tudo o que sabia sobre o assunto.
Quanto aos angolanos que se envolveram na guerra civil pela conquista do poder no seu País, não vejo por que carga de água deveríamos ter interferido, para além das razões puramente humanitárias.
Isto cobre, naturalmente, angolanos brancos e angolanos pretos...