O Expresso do passado sábado trazia a habitual Pluma Caprichosa, coluna da cabecinha loira que dá pelo nome de Clara Ferreira Alves (CFA).
A dita senhora, capaz do melhor e do pior (conforme o vento sopra), faz-me lembrar a Lili (ou Lilith) do impagável Código de Avintes, que era uma burra morena que se disfarçava de loira burra para não a identificarem com a morena inteligente por quem se tomava.
A nossa CFA nem sempre deixa perceber qual das três hipóteses lhe assenta melhor. Dou de barato que seja uma loira inteligente, mas com muitas dificuldades...
Bem, a senhora usava a dita Pluma para listar, comparar e misturar diversos crimes de guerra, de paz e assim assim, o holocausto, as bombas de Hiroshima e Nagazaki, o 11 de Setembro, vai buscar o Vietname, etc, etc.
Sobre as bombas com que os States pararam a guerra "na hora" a senhora, ignorando olimpicamente que havia uma guerra going on, chega a dizer que foi uma vingança dos americanos pelo ataque a Pear Harbour...
Aparentemente para compor o ramalhete, lá aparece o ataque com bombas de fósforo a Dresden como se a destruição daquela cidade alemã mais as duas citadas japonesas não se integrasse perfeitamente na estratégia de guerra seguida pelos aliados para quebrar a economia e o moral dos Alemães e Japoneses. Afinal, a mesma estratégia seguida pelo Reich para quebrar os ingleses, ao bombardear Londres no início da guerra, enquanto lá podia chegar e, mais tarde, descarregando sobre a cidade as V1 e V2, atiradas de bem longe.
Boa ou má (por algum motivo os ingleses marginalizaram o responsável por esta estratégia seguida pela RAF... depois dela ter tido sucesso, claro!) boa ou má, dizia eu, esta estratégia, numa guerra total, faz todo o sentido e continua a ser usada. Como é sabido (enfim, admitamos que sabemos mesmo alguma coisa disto), os mísseis americanos e russos estão apontados às cidades "inimigas" e não apenas a bases de mísseis, barragens, etc. Aliás, após o primeiro ataque, qualquer base terá tempo de lançar os seus mísseis, em retaliação contra as cidades "inimigas", antes de ser destruída. O que torna essa destruição, base vazia de mísseis, uma perda de "preciosas" ogivas que poderiam ter sido aplicadas (onde?) em cidades, pois claro...
A política de dissuasão com base na capacidade de aniquilação total do inimigo (o equilíbrio pelo terror) só faz sentido se estiver em jogo muito mais que meros equipamentos, que estariam obsoletos, em grande parte, na década seguinte.
Não é preciso conhecer muito dos últimos dois anos da guerra no Pacífico nem ser perito em cultura japonesa, para perceber que o Japão nunca se renderia sem um "empurrão" dramático e resistiria até com paus e pedras à invasão das suas quatro ilhas principais. Iwo Jima e Okinawa foram amostras inequívocas do que esperava a tropa americana, mas também a tropa japonesa e a população apanhada "no meio".
O uso da bomba atómica foi, de longe, melhor opção que a continuação da guerra.
Resta saber se o seu uso em cidades menores não teria tido o mesmo efeito no terminar da guerra...
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PS: Hiroshima e Nagazaki eram mesmo "cidades menores"; acima de Hiroshima, muito maior que Nagasaki, em população, havia, pelo menos, Tóquio, Osaca, Kobe, Nagoia, Yokohama e Quioto, talvez Sapporo e Kitakyusyu. E afinal, para parar a guerra com um Xeque Mate, a escolha óbvia teria sido Tóquio, com o pequeno óbice de poder não ficar ninguém credível para assinar a rendição...