Marques Correia
(...) Nas últimss edições tem-se notado um crescente número de cartas, comentando textos (criticando ou apoiando), trazendo problemas pessoais, enviando livros e pedindo a sua divulgação.
Na medida do possível temos publicado as cartas (que me perdoe o sr Alberto Pereira Cavaleiro, mas a sua última carta dar-me-ia uma trabalheira dos diabos se a fosse transcrever: era extensa e tive muita dificuldade em perceber a letra), divulgado os livros, encaminhado os problemas apresentados.
Um jornal precisa de ter leitores "activos" que "se piquem", que critiquem, que não deixem passar o que os choca, para aferir o interesse das matérias abordadas, para dialogar com o seu público alvo.
Posto isto, dos acontecimentos desde a última edição do jornal avulta o 10 de Junho, data esquisita que já não é o dia da Raça (o que quer que isso fosse ou tenha sido), é o dia de Camões mas é comemorado como sendo o dia de Portugal e das comunidades portuguesas. Isto oficialmente, porque oficiosamente foi a data escolhida para uma espécie de dia do combatente, enquanto as associações de ex-Combatentes não avançam "no terreno" com o tal dia em que se enaltecerá, em que se honrará o combatente de todos os tempos e de todas as guerras em que andámos envolvidos (em que nos envolveram, melhor dito).
E assim, junto ao forte do Bom Sucesso e ao Monumento do Combatente realiza-se uma cerimónia paralela à comemoração oficial do 10 de Junho (a do Presidente e das medalhas de bom cidadão e de bom assessor da última campanha...). Essa paralela tem vindo a ganhar notoriedade e legitimidade oficial com a presença habitual de secretários de Estado, de generais na reserva ou reforma, do grosso dos medalhados com a Torre e Espada e, últimamente, com gestores públicos e privados de topo. Este ano até ganhou altos patrocínios da PT, do BCP, etc.
Muito cool.
Esta edição do Encontro Nacional do Combatente (o tal 10 de Junho paralelo) serviu de local de encontro de várias associações para assinarem um caderno reivindicativo comum para ser apresentado ao Ministro da Defesa.
Infelizmente nem todas as associações estão motivadas para esta luta, sendo a ADFA uma delas.
Por outro lado, a substituição do Ministro da Defesa e secretários de Estado não favorece muito estas reivindicações. O novo Ministro quererá, certamente, inteirar-se dos dossiers e não tomar decisões precipitadas, muito menos sob pressão.
Contudo, o novo Ministro poderá ter uma nova postura, uma outra consideração pelos ex-combatentes que o seu antecessor nunca mostrou ter.
De facto, Nuno Severiano Teixeira, filho de um oficial do QP e estudioso de longa data de questões de defesa nacional, terá, certamente, uma visão clara dos problemas dos ex-combatentes cuja resolução nunca foi uma prioridade para o Dr Amado. Este andou ocupado a inventariar material encaixotado para vender na sucata, conseguindo uns cobres, a juntar aos que poupou com as pensões dos ex-combatentes e com a segurança social dos militares no activo para, com isso, aliviar o malfadado deficit das contas públicas.
E com isso, fazer um brilharete perante o nosso Primeiro...