in Público de 23 ABR 2006, revista Pública
Sunday, April 23, 2006
Humberto Delgado e os equívocos
A historiadora Iva Delgado tem sido incansável na campanha para manter viva a memória de seu pai, aproveitando as oportunidades que lhe surgem para o fazer.
E se o facto de se tratar do pai da senhora desculpa este denodo, o mesmo não poderá dizer-se do "produto" que ela nos tenta "vender". Produto de duvidoso mérito e um tanto fora de prazo.
É que Delgado nada teve de revolucionário, nem de particularmente progressista. Foi apenas um general do regime que entrou em choque com Salazar mais por questões pessoais do que políticas. Ao ser cilindrado pela máquina que garantia a continuidade do regime, o general entrou numa vertigem libertária em que o seu imenso ego lhe garantia que a sua simples presença em Portugal arrastaria multidões ansiosas por o levarem ao poder.
Ou seja, Delgado, a quem o PCP chamava General Coca Cola (por motivos óbvios...) entrou na "onda" Cunhalista do levantamento popular.
E a boa da Iva, no seu afã filial, vem agora sentenciar o dislate de que o Público de domingo fazia o título que acima se reproduz.
Pelos vistos, Iva e os seus companhons de route não perceberam nada do 25 de Abril: o que faltou a Delgado para antecipar a queda do regime não foi a ligação às massas, mas um estrato muito alargado de oficiais descontentes e fartos de guerra que, independentemente de massas e arrozes, fizeram um golpe de estado, por motivos quase exclusivamente (pelo menos no início) corporativos.
Voilá!
25 de Abril - pintura d'alferes
Tal como existe a literatura d'alferes, na expressão feliz do Prof Rui Azevedo Teixeira, também se pode falar de pintura d'alferes, expressão "artística" desenvolvida pelos oficiais milicianos durante as comissão em África, quando a pachorra, o tempo e as "condições" o permitiam.
O quadro que se reproduz, óleo sobre tela, foi pintado (pelo Dr Zeco, numa anterior encarnação)em Maio-Junho de 1974, e aludia ao 25 de Abril e ao quebrar das grilhetas simbólicas que prendiam os pretos aos seus senhores de 4 séculos.
Um bocado naïf, mas enfim... acho que, num cômputo geral, valeu a pena.
Saturday, April 22, 2006
A Assembleia da República e a indignação hipócrita do maralhal
Nesta batucada da indignação dos "bons cidadãos" contra os políticos mandriões e faltosos que preferiram começar o fim de semana da Páscoa à quarta feira, só me apercebi de uma voz sensata: o Narana Coissoró.
Sabendo ele que os deputados têm o mesmíssimo direito a faltar às sessões, com as mesmíssimas consequências, nas mesmíssimas variadas circunstâncias que a lei define, caracteriza e prescreve (porque, se não estão acima da lei, também não estão abaixo dela) dizia ele que era da mais elememtar prudência não agendar votações, para mais votações importantes, para datas em que a incidência de faltas seja previsível. Adiantou mesmo que o plenário não reunisse na semana santa, apenas funcionassem as comissões parlamentares.
E deu como exemplo de dias de alto absentismo expectável os de jogos de futebol importantes.
O ciddadão exemplar (les braves gents, do Brassens) tremeram de indignação: eles são uns privilegiados, se nós (?) não podemos faltar, por que é que eles podem?!
Pergunta errada, que deveria ser substituída por est'outra: se nós podemos faltar (justificamos, metemos um dia de férias, "adoecemos" ou, simplesmente, não justificamos, ponto final) por que carga de água devemos esperar (ou desejar...) que eles não possam?!
Se calhar, dever-se-iam alterar as leis: para as braves gents, as leis actuais; para os deputados, uma alínea nos direitos laborais dizendo "excepto para deputados".
Era lindo... mas é isto mesmo que as braves gents (sem assumirem) gostariam que se fizesse.
Lápide evocativa do regicídio
Com a devida vénia, transcreve-se do jornal APOIAR, o texto que se segue:´
"No passado dia 1 de Fevereiro foi inaugurada no Terreiro do Paço uma lápide evocativa do regicídio, com a presença, entre outras indivi-dualidades, do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Prof Carmona Rodrigues, e do Duque de Bragança, Senhor D. Duarte, ex- combatente na Guerra Colonial.
O Presidente da Real Associação de Lisboa, Dr Ricardo D'Abranches, dirigiu um convite à APOIAR, na pessoa do director do jornal, para se associar à cerimónia que, quase um século depois, vem evocar um acto de uma vilência e crueza singulares, marca de tempos em que o assassinato por motivações políticas era quase desculpado em nome de uma hipotética e utópica evolução das sociedades.
Este acto de alto simbolismo vem tirar do esquecimento a que o Portugal republicano votou o nosso penúltimo Rei, como que envergonhado por não ter sido capaz de trazer o bem estar e a prosperidade aos portugueses, que prometia por artes de uma simples mudança de regime.
Implantada a república, não se notaram as melhorias prometidas, muito pelo contrário! A ascenção de políticos corruptos, a juntar aos já encartados, levou o País próximo da bancarrota de que só a mão de ferro do sacrista de Santa Comba (numa mão o chicote, na outra o piedoso rosário) o havia de salvar.
O descerramento desta lápide evocativa do regicídio é também como que uma resposta aos que, não há muitos anos, tentaram repor o monumento funerário que assinalava a sepultura de um dos regicidas, como se o seu criminoso acto fosse digno de reconhecimento público por parte do Portugal moderno".
O Irão e os Amaricanos
Desta vez (carago!) não consigo concordar, sem sequer compreender bem os camones: por que raio é que andam com tanta tanga em relação ao programa nuclear do Irão?
Não será claro que cada país tem o direito de desenvolver os meios de produção de energia que entender? Afinal o petróleo não é eterno e quando a China e a Índia começarem a beber dele à tripa forra a pressão sobre os países produtores vai ser muito maior do que é hoje. E as reservas vão-se em poucas décadas.
E mesmo que o Irão produza armas atómicas, qual é o galho? Claro que a generalização do Nuke Club a toda a maltosa não é propriamente o cenário mais seguro para o planeta e o apoio dos Aiatolas ao radicalismo islâmico não augura nada de bom.
Mas ... e então?
Não será fatal como o destino que com o "progresso" tecnológico cada vez mais países terão acesso ao know how e aos meios para fazerem bombas atómicas? É preciso aprender a viver com essa realidade em vez de apenas tentar-se evitá-la com uma autoridade global que não existe. A ONU, para além dos tachos que distribui e de ir controlando guerrinhas locais, de pouco mais serve.
Com este escarcéu todo, o que os Camones conseguem é que o preço da gasolina continue a subir. E se resolverem atacar o Irão, aí é que temos que começar a pensar mais em andar de bicicleta.
Que porra!!!
Friday, April 21, 2006
Histórias do Mato III
Aqui vai mais uma estória dos velhos tempos da Angola colonial, contada pela protagonista, Raquel, mãe da nossa colega Teresa. A venerável banheira que a imagem mostra é o Nyassa, fotografado nos Açores durante a 2ª guerra mundial. Era um luxo, um verdadeiro paquete, ao pé do a seguir referido João Belo...
"Eu, Raquel Lacerda, achei-me em Angola com 17 anos, depois duma viagem no João Belo que demorou 21 dias, de Lisboa a Luanda, parando em tudo o que era sítio para se abastecer. O barco estava nas últimas (aliás foi a última viagem que fez!) e quase, quase se passou fome!
O Fernando, que por ter o Curso Superior Colonial, não passou por aspirante do Quadro Administrativo, foi colocado em Dange-ia-Manha, um posto isolado em que a nossa casa ainda tinha forro de esteiras e mobília feita de caixotes de sabão. É claro que o chão era de terra batida!
Estivemos uns dias no Dondo, em casa dum comerciante, o Sr. Jaco, que funcionava tambem como hotel. Nas paredes passeavam osgas brancas que era proíbido matar porque comiam os mosquitos mas que se desprendiam da parede quando lhes apetecia, indo cair dentro das camisas dos homens ou decote das senhoras.... um horror!
O Sr. Jaco participou que iríamos ter um belo petisco para o almoço: caldeirada de cabrito! Todos embandeiraram em arco, claro! Depois do almoço, bem regado e repetido, o homem participou que o cabrito....era macaco! Houve parvos que sairam à pressa da mesa para irem vomitar mas eu, a futura mamã de 11 criancinhas, muito grávida da Teresa, a 1ª da ninhada, resolvi ser franca e óbvia: a caldeirada assentara-me lindamente, não iria deitá-la fora! E fez-me óptimo proveito.
Dias depois fomos para o posto e pouco tempo depois passaram lá uns engenheiros que iam verificar a ponte sobre o Quanza que tinha estado avariada, não dando passagem a carros.
Um deles disse para o Fernando: "que porcaria de posto este, longe de tudo, só com uma casa...nem merecia uma bomba atómica!" - "uma quê?" - perguntou o Fernando. E para espanto dos engenheiros nós não sabiamos que a 2ª guerra mundial tinha acabado e o que era uma bomba atómica. Estavamos em 1945!"
25 de Abril, sempre?
Transcreve-se a seguir o Editorial do jornal APOIAR nº 40:
"Quando este número chegar a casa dos sócios, duas datas marcantes terão, entretanto, decorrido: o 25 de Abril e o 1º de Maio.
Vamos fazer algumas referências ao 25 de Abril, data "nossa" por excelência, deixando de parte o 1º de Maio que, com o seu folclore muito próprio, tem vindo a sair de moda, tal como a Páscoa cujo peso pagão, quase nulo, não consegue contrabalançar um significado religioso que cada vez nos parece mais estranho. Salvem-se os judeus e os mouros, cada vez mais agarrados às suas crenças.
No Natal, ao menos, o hábito das prendas e das comezainas à lareira disfarça e compensa a perda de sentido religioso cada vez mais notório nas nossas gentes (e nas outras também, por essa Europa fora...).
Voltando à vaca fria (afinal o 25 de Abril também tem vindo a arrefecer na razão directa do envelhecimento dos seus principais protagonistas), já no princípio de Abril se fez ouvir o Otelo a contar as suas estórias da época (ficámos agora a saber que o Spínola o encontrou a rua e lhe pediu opinião sobre se havia de publicar ou não o Portugal e o Futuro; p'ro ano teremos mais revelações, não perca!) e à medida que a efeméride se aproximava teremos ouvido o inefável Vasco Lourenço, talvez o Diniz D'Almeida (não é que o homem parece agora mais "calmo", quase normal?!), certamente o Marques Júnior (o mais normal de todos, Deus o guarde e conserve).
O 25 de Abril, golpe militar puro e duro, permitiu que o país se desenvolvesse sem os pesados lastros da guerra colonial e de governantes tacanhos e saudosos dos tempos do Botas de Santa Comba (ah! esses tempos!!!); entrámos para a Europa, abrimo-nos ao mundo, viajámos, lemos tudo, bebemos tudo, comemos tudo, vimos tudo, fumámos tudo (pois...) mas, realmente, não deixámos de ser um povo profundamente subjugado por um poder (quase) discricionário em que o Estado (quase) se limita a gerir o barco de modo a que os poderosos (de ontem, de anteontem e de hoje) continuem a prosperar à custa do Zé Povinho. Já viram quanto paga o Estado aos Administradores das empresas públicas? E já viram como os escolhe? Pois é...
Claro que o Zé é hoje mais exigente: já não aceita andar descalço, nem comer a côdea do pão (quero dizer, só a côdea do pão), nem viver em barracas, nem sequer levar uns estalos da Polícia de vez em quando. Mas, se olharmos bem para o nosso dia a dia o que vemos?
Se queremos ter uma vida um pouco mais folgada (em dinheiro) temos que aceitar trabalhar 10 e 12 horas por dia (quase) sete dias por semana e ... cara alegre!
Entretanto, no que toca ao apoio ao cidadão deficiente, em particular àqueles que o Estado mandou para a guerra e de lá voltaram afectados fisica ou psiquicamente, os avanços têm sido mais no papel que de facto.
Foi produzida alguma legislação que consagra direitos aos ex-combatentes e deveres ao Estado, mas a regulamentação das leis tem sido lenta e penosa (o Estado tem aqui três velocidades: devagar, devagarinho e ... parado) de modo que os efeitos são escassos ou não se vêem de todo.
(...) Por tudo isto, mais que Zeca Afonso, este 25 de Abril lembra-me José Cid, quando cantava:
Nascia a flor na ponta de uma espingarda, para nada, camarada!"
Saturday, April 01, 2006
Histórias do Mato II
Devidamente autorizado, aqui fica mais uma crónica dos tempos do antigamente em Angola, pela minha amiga Teresa Lacerda. A imagem é uma gravura da Luanda antiga.
"Já a década de 50 ia alta e o papá Lacerda estava colocado no Quela, a 100kms de Malange.
O Quela era um luxo: tinha escola, médico, enfermeiro... Padre não tinha mas havia uma Missão relativamente perto e... pois... era o suficiente. E... pasmem: tinha um motor barulhento que era ligado à tardinha e desligado às 23 e assim as nossas cavernas eram iluminadas! E também as ruas, estão a ver?
Era outro paraíso! O clima estupendo, paisagens de tirar o fôlego, perto de Malange onde os meus pais de vez em quando iam ao cinema (oh Fernando! Sabes que filme estará este fim de semana em Malange? Não? Mas sei eu: é "Sissi, Imperatriz da Áustria"! - O papá Lacerda anuia e lá iam eles.), hortas verdejantes, roças de café e A Baixa do Cassange, a maravilha suprema!
Na Baixa do Cassange cultivava-se algodão.
Para se ir para a Baixa seguíamos por uma estrada que tinha uma certa zona...(sobre isto falo noutra altura!) e passávamos por um Miradouro construido à beira da falésia com pilares por onde se enrolavam trepadeiras que faziam caramanchão; por baixo dele uma enorme mesa com bancos corridos tudo em cimento. E sabem o que se fazia por lá? Brutas churrascadas, claro! A poucos metros, num pequeno morro, havia um Forte que mais parecia um aldeamento de Reserva de Caça. Lindo! O Forte de Cabatuquila, o Miradouro de... também. Do Miradouro via-se a Baixa. Um espanto, podem crer: Kms e Kms a perder de vista. Dias houve em que estando no Miradouro, com sol, se assistia de balcão a duas ou três tempestades distintas na Baixa! E tínhamos direito a arco-íris e tudo...
Com zonas tão diversificadas pertencendo ao Distrito de Malange, decidiu o Sr. Governador fazer uma Exposição Feira onde cada Conselho apresentaria, em pavilhão, o que de mais característico houvesse por lá.
O papá Lacerda reuniu com os Chefes de Posto do seu Conselho no sentido de unirem esforços e apresentarem um pavilhão digno de tão linda região. Claro que haveria o café, o algodão, os frutos, as madeiras trabalhadas em lindas peças, e que sei eu mais. Não sei de quem foi a brilhante ideia de se construir, no pavilhão, um mini-zoo mas estão já a imaginar onde os animalitos estavam estacionados desde que foram capturados até ao dia da inauguração. No nosso quintal, pois então! A mamã Raquel teve de desalojar as suas queridas galinhas Island Red para outras instalações e lá iam chegando desde herbívoros a COBRAS!
Foi uma época alucinante! Que comeriam os bambis? Qua dar às cobras? E à tarde, depois da escola, lá íamos todos apanhar umas vagens de umas árvores que bordejavam as ruas e que nós, contrariados, tínhamos de ir dar aos bambis, às gazelas...( eram doces e queriamo-las para nós).
Do resto da bicharada alguém se encarregaria, claro.
A mamã Raquel levou-nos várias vezes a Malange para nos mandar fazer as fatiotas à modista (escolher e comprar os tecidos, tirar medidas, escolher os feitios dos vestidos das meninas, fazer as provas... escolher e experimentar sapatos a condizer... Nessa altura éramos só 7 ainda).
Uns dois dias antes do início da Feira os animais foram transportados em várias carrinhas (os senhores comerciantes ajudaram na tarefa) para Malange onde o Sr. Governador disponibilizou as capoeiras dele. A família avançou também na última viagem e ficou alojada onde sempre ficava, numas vivendas perto do Palácio onde era hábito ficarem os funcionários.
Dia da Inauguração: os pavilhões estavam construídos, os artefactos e bens da terra já nos seus lugares, só faltavam os bichinhos. Uma azáfama a transportá-los e a instalá-los. Tudo numa boa. Mas para trás ficou O Bambi que o papá Lacerda não confiava a ninguém e que ele fez questão de levar na cabine da carrinha ao seu colo passando o volante ao Secretário. E lá foram eles todos lampeiros pela cidade fora em direcção ao sul do Bairro Azul onde era a Feira. Numa curva mais apertada o papá Lacerda desiquilibra-se, O Bambi assusta-se e esperneia e com uma patita bate no fecho da porta e... lá se foram Bambi e Papá Lacerda porta fora! Do Bambi não se ouviu mais falar! O papá Lacerda estampou-se de encontro ao passeio e... o Sr Secretário levou-o ao Hospital onde ele foi generosamente pintalgado com mercúrio e alguns pensos. Nada partido.
Em casa, a mamã Raquel com a ajuda da primogénita(eu) vestiu e despiu e voltou a vestir a malta jé em desassossego. Como havia sempre um bebé, provavelmente amamentou várias vezes o indez. Estava preocupada, a desgraçada.
Do papá Lacerda não havia notícias (ainda não tinham inventado os telemóveis naquela zona nem em zona nenhuma).
A hora marcada para a inauguração aproximou-se, chegou e partiu e nós ali. E eis que aparecem os valentes trabalhadores. "Então, Fernando? Tiveste um desastre a conduzir?" "Não. Foi o Pereira que..." "Oh seu malvado! Então vai fazer ISTO a um homem que não faz mal a ninguém?" E fez mensão de se atirar ao desgraçado julgando que ele teria batido no papá Lacerda... "Não, não... ele não fez nada..." balbuciava o Cristo com a boca toda inchada.
Um braço ao peito, inchado e vermelhusco e foi fardado com a ajuda da chorosa esposa. Ficou lindo, o papá Lacerda, de farda de gala, limpa e engomada e BRANCA!
A família fez uma entrada triunfal no recinto da Feira! Estava o Governador Geral e todas, todas as figuras colunáveis da época! Um show! A RTP, acabadinha de nascer na Metrópole, enviou jornalistas para fazer a cobertura do evento... O Sr Governador Geral teria comentado com o seu Secretário: "Que colégio é aquele que chegou agora com a sua professora?"
Um beijinho da vossa, Teresa
PS - Esqueci-me de vos dizer que as meninas iam todas de igual (vestido de bordado inglês com gola redonda e lacinho azul-escuro, sapato de verniz e meia branca) e os rapazes também!(calção azul escuro, camisa branca, lacinho azul escuro, sapato de verniz e meia branca)... Imaginação não faltava à mamã Raquel..."