Os franceses vão hoje a votos referendar a dita Constituição Europeia, sob a pressões tremendas dos que receiam o NÃO e dos que o desejam.
Os segundos, com o inimaginável Bové em destaque (o gajo marado, ultranacionalista, conhecido por partir Mac Donnald's...) dizem, entre muito disparate e muitas coisas acertadas, que a Constituição vai trazer desemprego e toda uma lista de horrores. Os nãoistas franceses querem, acima de tudo, correr com o Governo e com o Chirac. O NÃO não os derruba mas, certamente, enfraquece-os, pelo menos no plano externo.
Os defensores do SIM temem, acima de tudo, que a "Europa se desfaça" se a França disser NÃO. Temem ou querem convercer-nos disso...
Na realidade (digo eu...) se a França disser NÃO vai ficar tudo na mesma, melhor: terá que ser "afinada" a tal constituição para que possa ser aceite por todos os 25 países membros.
Ora isto é que é normal. Arranjou-se um grupo de trabalho que fez um texto (eventualmente muito bem feito) e querer-se que a maioria da população em cada um dos 25 países membros o aceitasse, logo à primeira é que seria perfeitamente anormal. Quase só por milagre assim será (seria).
É claro que se a Europa quer ter peso (e ser levada a sério) face aos States (e à China) tem que ter uma política externa, umas forças armadas, uma política económica, etc, que não resultem do que 25 países têm em comum em cada momento, ou seja, para encurtar: as decisões têm que deixar de ser tomadas por unanimidade para passarem a ser tomadas por maioria. Tão simples (e tão difícil de lá chegar...) como isso.
É claro que os pequenos países perdem todo o peso que agora têm se as decisões passarem a ser por maioria. É que agora, tendo poder para vetar as decisões pretendidas pelos "grandes", o seu voto tem que ser comprado, ou seja, os seus interesses têm que ser acautelados. Como será depois? "Ai dos vencidos!"?
Por isso, e só por isso, penso (agora) que Portugal deve dizer Não a esta Constituição, reservando o seu Sim para um texto em que os interesses dos pequenos países estejam melhor defendidos.