No último Conselho Nacional do PSD terá havido um cromo que defendeu que Pacheco Pereira deveria ser expulso do PSD, pelas posições que tomou durante a recente campanha eleitoral.
Não me espanta! Mais: espanta-me que só tenha sido uma pessoa a defender tal medida.
Tenho-me apercebido nos últimos (poucos) anos, que muito boa gente no PSD considera que ser militante do Partido obriga as pessoas a deixarem de ter opinião própria e a meterem na cabeça pensamentos alheios.
Essa gente (ou deveria, talvez, dizer "essa gentalha") defende coisas do género de que por um jornal ser de uma empresa cujo maior accionista é do PSD nunca deveria trazer notícias abonatórias para a Oposição nem negativas para o PSD.
Pela mesma razão (?) um militante do Partido, na sua função de comentador político, deveria sempre "torcer" a sua opinião e debitar o que convém ao Partido (ou seja, sob a forma de slogan: Delgado, sim!!! Marcelo, não!!!).
É difícil estar num partido sem se ter a sensação nítida de que se entrou (só pode ser por engano!) para sócio de um clube de futebol, em que tudo se reduz a duas realidades irreconciliáveis: NÓS e ELES (ou OS GAJOS).
Não é muito habitual encontrar-se uma pessoa que perceba que um partido vale pela qualidade das pessoas que agrega, militantes ou não, e não pela multidão de porta vozes, cegos arautos da voz do dono.
Ou seja e concretizando, o PSD vale pelos Marcelos, Pachecos Pereiras e (ai de mim) Cavacos e Cadilhes, cuja opinião sobre a sociedade é ouvida e respeitada precisamente porque, para além das suas qualidades pessoais, observam, analisam e pensam pela sua própria cabeça.
O facto de eu detestar Cavaco Silva (daí o "ai de mim"), não apreciar a falta de disponibilidade para o quer que seja de Pacheco Pereira e me irritar com o arzinho assalazarado de Miguel Cadilhe (por exemplo) não me impede de reconhecer as qualidades que exibem (pelas privadas, não posso dizer nada) e lamentar se, porventura, passassem a andar de espinha dobrada a cantar louvores ao chefe do momento.
Por isso, e só por isso, me espanta que só um cromo tenha defendido a expulsão de Pacheco Pereira.
Cheira-me que há mais gentalha na retranca, à espera de melhor oportunidade para se manifestar...