O Público de hoje transcreve uma frase de Manuel João Ramos, dirigente da ACA-M, Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados, que é de um mau gosto a toda a prova. Estando habituado às suas intervenções públicas, fiquei espantado pois elas são habitualmente feitas em tom comedido e educado, se bem que firme e convicto. Diz ele:
"A mobilidade dos peões não é tida em conta pelos engenheiros de tráfego. Na Câmara Municipal de Lisboa são capazes de pensar que o fluxo pedonal é alguma coisa que cai do meio das pernas das senhoras até chegar aos pés... Não querem saber disso. Está para além da sua competência."
O negrito e itálico são de minha autoria.
Este senhor é antropólogo e a sua luta contra a "guerra civil" da sinistralidade e contra a preponderância do automóvel sobre o peão sempre me mereceu simpatia, ainda por cima por ele ter sentido na pele e na alma a perda de um filho nessa guerra.
Mas essa tragédia não faz dele um perito em tráfego nem o dispensa de se exprimir com decoro, educação e bom gosto.
Aqui fica, pois, o reparo.