Lista A da APOIAR (afinal foi atribuído o B à lista de continuidade da Direcção actual)
-- nada sobre nós sem nós --
Presidente Mesa da Assembleia Geral Comendador José Eduardo Gaspar Arruda, sócio n.º1264
Presidente da Direcção Dr. Armindo Matos Roque, sócio n.º 42
Presidente Conselho Fiscal Dr. António Santinho Martins, sócio nº. 37
Mandatário da Lista Dr Afonso de Albuquerque
Director do Jornal Engº Marques Correia
Conselheiro para a Área do Associativismo José Fernandes Rolo
PROGRAMA - solidariedade, honestidade e luta constante
Linhas gerais
A guerra está aí diariamente nos écrans, em movimento, nos corpos destroçados de crianças como já não víamos há muito tempo, desde essa longínqua guerra colonial. Pedem-se, apela-se por Psiquiatras e Psicólogos para o Kosovo, para a Bósnia, para o Iraque em breve talvez também para o Afeganistão. Achamos bem! Finalmente reconhecem que a guerra traumatiza. Nós nem na guerra nem no Hospital tínhamos psicólogos e muito menos psiquiatras.
Agora vivemos o drama da nossa doença, na solidão e com gravíssimas carências a todos os níveis.
Mesmo depois de a PTSD estar reconhecida legalmente, os antigos combatentes da Guerra Colonial continuam sem ter a devida indemnização e a “Rede” sem estar devidamente organizada por falta de vontade política do Governo mas também pelo facto de actual Direcção da APOIAR estar paralisada, subsidiodependente, a desbaratar em proveito próprio o pouco dinheiro que recebemos com imenso prejuízo para aqueles que nada têm. Por estas razões esta lista, a ser eleita, pedirá de imediato uma inspecção a todas as contas e actividades da APOIAR.
Esta candidatura visa corrigir estes desvios e relançar um trabalho sério onde todos os membros dos órgãos sociais desenvolvam gratuitamente as suas actividades. O pouco dinheiro disponível deve ser aplicado principalmente no apoio jurídico, social, psicológico, médico e psiquiátrico como está estatutariamente definido e de acordo com o projecto da APOIAR.
Pretende-se ainda, baseados nestes princípios, criar equipas de apoio com voluntários enquadrados pelos técnicos respectivos. Desta forma poderemos, entre funcionários, órgãos sociais e voluntários, ter a trabalhar na APOIAR mais de duas centenas de pessoas. a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece stresse pós-traumático.
Em 1984 o psiquiatra Afonso de Albuquerque e a psicóloga clínica Fani Lopes, criam uma consulta pioneira em Portugal no Serviço de Psicoterapia Comportamental do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa. Em 1994, a partir desse núcleo de técnicos e doentes foi criada a APOIAR tendo como referência os “vet center”. Trabalhavam todos de forma gratuita e empenhada. Desenvolviam as suas actividades tendo como princípios fundamentais os valores da solidariedade, da honestidade e da luta constante pela resolução dos problemas dos seus associados. Em Junho de 1999, com 17 anos de atraso, Portugal legalizou o PTSD, ao promulgar a Lei 46/99, após uma árdua luta, que coloca esta doença no âmbito dos deficientes das Forças Armadas. Foi também aprovada uma a Rede Nacional de Apoio e por isso a APOIAR começou a receber um subsídio do Ministério da Defesa Nacional.
Em 2000 a Câmara Municipal de Lisboa cede as instalações onde hoje funciona a Sede da Associação.
Após tudo isto ter sido consolidado no mandato de 1999-2001, os actuais dirigentes da associação desvirtuaram completamente o espírito com que ela foi criada ao fazerem-se pagar pelo trabalho de Directores quando isso, além de imoral, é proibido pelos Estatutos. O Conselho Fiscal dos actuais Órgãos detectou graves irregularidades e por essa razão não aprovou as contas e o seu Presidente e o 1º Vogal pediram a demissão. O seu presidente inclusive devolveu o seu cartão de sócio. Até hoje essas irregularidades ainda não foram devidamente esclarecidas.
A APOIAR está hoje completamente desprestigiada perante os sócios e outras associações de deficientes e antigos combatentes. É olhada com desprezo pelo governo. Ou seja, regredimos ao estado em que nos encontrávamos em 1999.
Iremos trabalhar no sentido de reforçar a unidade e intensificar o movimento das organizações de deficientes e de antigos combatentes, organizar actividades culturais, desportivas e associativas. Realizar um Congresso sobre a temática “stresse de Guerra” de forma a reavaliar toda a sua problemática, o que devia ter sido feito durante este mandato, conforme as suas promessas eleitorais mas que de facto não aconteceu.
Reinvidicações Legislativas
É dito no editorial do “APOIAR” de JUL/SET de 2004 o seguinte: “É preciso dizer que: leis temos, há é que pô-las em prática”. Estamos falados quanto ao oportunismo desta Direcção que, depois da publicação das leis atrás descritas e da obtenção da Sede conseguidas no mandato de 1999 a 2001, abandonou e traiu as suas reivindicações.
A actual Direcção tem medo de “agitar as águas” vive agarrada aos subsídios e com medo de perderem os tachos que forjaram nas suas funções de directores, onde existee toda uma série de contas e despesas que nunca antes tinham sido pagas a ninguém. Pelo contrário, foi sempre norma na APOIAR, a não remuneração pela sua permanência na Sede, como está estatuído, e nem sequer pela deslocação para a mesma. Muitas vezes os Directores emprestavam as próprias viaturas e, nunca por nunca ninguém se fez pagar por conduzir uma viatura.
São precisas mais leis sim senhor!
1 - Continuar a luta, traída pela actual Direcção, para que os ex-combatentes sejam equiparados às Profissões de Alto Risco para efeitos de reforma e aposentação, de forma a que se possam reformar mais cedo uma vez que, conforme refere a própria OMS, um antigo combatente perde muitos anos de vida;
2 - Exigir que os Reformados por Invalidez passem a usufruir das mesmas regalias sociais que os Reformados por Velhice;
3 - A criação do Estatuto do Deficiente Militar e o levantamento a nível nacional das Vítimas da Guerra Colonial;
4 - Que os medicamentos que são prescritos com carácter permanente e sistemático sejam comparticipados a 100%;
5 – Lutar pela anulação da distinção entre Campanha ou Serviço: um trauma pode ser ocasionado com a morte de um camarada numa granada que despoleta na caserna;
6 - Que a APOIAR esteja representada no Conselho Consultivo para os Assuntos Militares;
7 - Que seja acautelada, por lei, a nossa situação na velhice assegurando um internamento condigno em lares ou em instituições de medicina mental;
8 - Lutar para que os prazos e a burocracia nos processos de avaliação sejam mais céleres. Toda essa burocracia e demoras, que em muitos casos chegam aos oito ou mais anos, agravam brutalmente a doença. Muitos morrem durante esse processo.
Apoio médico e psicológico
Deve existir transparência nos processos, gentileza no atendimento, poupança nos gastos, informatização da informação - que deve conter as mais rigidas regras de confidencialidade- e respeito pelas competências dos técnicos.As Terapias de Grupo devem constituir um elemento muito importante assim como os grupos de Auto-Ajuda.
Devido ao facto dos membros da Direcção serem todos doentes consideramos que devemos delegar a competência de coordenar os serviços médicos e psicológicos ao Dr. António Santinho. Este prestigiado médico, candidato a Presidente do Conselho Fiscal, já aceitou esta tarefa que realizará de forma gratuita.
O apoio médico, psiquiátrico, psicológico e Social deve desenvolver-se individualmente ou em grupo e em colaboração com unidades hospitalares, autarquias etc.São tarefas que necessitam de imenso trabalho. Por isso, com as verbas disponíveis, os técnicos, só por si, terão imensa dificuldade em as levar a cabo. Desta forma, torna-se necessário criar sinergias recorrendo ao trabalho voluntário devidamente enquadrado.
Necessária é também a interactividade com outras associações que trabalhem em áreas semelhantes a fim de trocar experiências comuns e evitar a duplicação de recursos.
No campo social deve ser privilegiado o encaminhamento dos doentes para os locais respectivos, acompanhando-os quando tal se verificar ser necessário e da mesma forma dar assistência no domicílio.
Apoio jurídico
A associação deve partir sempre do pressuposto de que é o doente que tem razão, até prova em contrário. Deve trabalhar por todos os meios e levar essa actuação o mais longe possível.
Deve ser dado todo o apoio jurídico aos sócios em questões que se relacionem com a doença. Senão estes ficam paralisados por falta de meios contra as arbitrariedades de que são vítimas.
Alcoolismo
O alcoolismo é um verdadeiro flagelo onde os doentes se vão auto-destruindo assim como às suas famílias. É uma questão considerada tabu, uma fatalidade contra a qual nos sentimos impotentes. Na verdade, muitos dos doentes com PTSD encontram-se abandonados nas tascas.
Não podemos continuar a olhar para este problema com se ele não existisse. Deve ser trabalhado com muita seriedade junto dos hospitais psiquiátricos e associações de alcoólicos. A APOIAR deve realizar um simpósio sobre este assunto a fim de se poder munir de linhas de actuação para a atenuação deste problema.
As mulheres
As mulheres devem participar na vida associativa. Por essa razão incluímos uma na nossa lista. É algo que acontece pela primeira vez na vida da nossa associação
Elas são pessoas directamente interessadas neste problema. São uma base de apoio social fundamental à nossa sobrevivência. De facto, em Portugal, a família, de forma diferente do que acontece nos EUA - onde 30% dos sem-abrigo são antigos combatentes do Vietname - acolhe os seus deficientes de uma forma muito mais humana.
Actividades associativas
A Sede não pode ser apenas um consultório! A actual Direcção não tem humanidade nem solidariedade para com os sócios que por isso a deixam de sentir como sua e afastam-se à medida que a APOIAR se vai tornando um prolongamento dos ministérios. Esta situação tem de mudar radicalmente. Serão criadas condições objectivas para fomentar o convívio são entre os sócios que passa, necessariamente, pela criação de espaços próprios em zonas arejadas e iluminadas, com temperatura, iluminação e mobiliário que lhes confiram comodidade.
A actual Direcção, tem descurado a vida associativa o que tem levado ao afastamento das pessoas. Os sócios são mal atendidos. A sala, que era suposta ser de convívio, estaria permanentemente deserta não servisse ela apenas como sala de espera para as consultas, sem o mínimo conforto, na zona mais obscura da Sede.
Sala de convívio e Bar
A APOIAR, depois das 19H00 e ao fim-de-semana, é um local fantasma, qual repartição pública que não permite àqueles que ainda trabalham que usufruam das suas instalações, que aí encontrem antigos camaradas, leiam o jornal, conversem, convivam e, sobretudo, onde possam pousar a cabeça num ombro amigo nos seus momentos de sofrimento e solidão.
Na sala de convívio devem existir televisão, computadores com ligação à Internet, sistema de vídeo, xadrez, damas, cartas, etc.
Nesse espaço deve ser colocado em funcionamento um bar convívio, onde seja proibida a venda de bebidas alcoólicas. Devem ainda existir revistas e jornais de interesse informativo, formativo, cultural e jornais diários.
Nesta sala deverá estar sempre alguém que anime o ambiente e esteja disponível para falar com os sócios que muitas vezes apenas querem desabafar, encontrar um coração amigo, fugir à solidão, trocar informações com outros sócios. Enfim, fazer vida associativa.
Sala de Leitura e Biblioteca
Criar um espaço confortável onde os sócios possam encontrar as novidades científicas que vão sendo publicadas: livros, filmes, revistas, etc..Desenvolver parcerias com o Ministério da Defesa, Biblioteca Nacional e com a Direcção Municipal da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, para obtenção de apoio na organização e melhoramento da sala de leitura, nomeadamente estabelecendo um sistema de fornecimento de livros.
Esta documentação deve ser disponibilizada a investigadores ou a estudantes que não só devem ser apoiados mas também incentivados no seu trabalho.
Actividades de Lazer e Desporto
Nos fins de semana devem ser criadas actividades lúdicas, organizar almoços de convívio, tertúlias, viagens, acampamentos e toda uma série de actividades em que os sócios se sintam interessados. Desta forma criam-se condições para que se estabeleçam relações de amizade e de entre-ajuda de forma a que mais intimamente os doentes e seus familiares pratiquem uma espécie de terapia que é extremamente benéfica.
O Projecto “Cultura do SNRIPD (Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência) deve ser aproveitado para custear actividades culturais e de convívio que proporcionem o contacto dos sócios entre si e com a sociedade, ajudando-os a melhorar a sua comunicação com o outro e a identificar áreas de interesse para ocupação de tempos livres.
Deverá estabelecer-se uma parceria com a Universidade da Terceira Idade,
proporcionando-lhe a realização de estudos e trabalhos de investigação nas áreas da deficiência, da guerra colonial e dos antigos combatentes e proporcionando aos nossos sócios a frequência de cursos ministrados naquela instituição.
Actividades Desportivas
O desporto é fundamental para a qualidade de vida dos doentes. Deve ser aproveitada a proximidade da Mata de Monsanto e da Universidade de Motricidade Humana com a qual deverá ser celebrado um protocolo para o desenvolvimento e pesquisa de actividades desportivas que se coadunem com as características da doença.
Congresso
O Congresso deve repensar toda a problemática do stresse de guerra e adaptar a actuação da APOIAR face às mais recentes descobertas e formas de organização.
O Congresso tem sido constantemente adiado e não se vislumbra vontade política para o fazer por parte da actual Direcção conforme prometeram nas eleições.Desculpam-se com falta de tempo, quando nós sabemos que o que lhes falta é capacidade técnica e vontade política.
Jornal
O jornal deve ser feito pelos sócios e para os sócios e não pela Direcção que ocupa 70% do espaço do jornal. Isto é uma actuação sintomática de profunda falta de democracia, transparência e inteligência. Chega a ser ridícula pelo exagero em que se cai.
O JORNAL nunca esteve tão amorfo. É um triste jornal que veicula notícias e dá entrevistas de acordo com o pensamento da Direcção. Não tem alma nem conteúdo, é apenas e só a voz do dono. Isto tem de mudar. O jornal deve de ser uma voz crítica e um espaço de expressão dos diversos pontos de vista, custe a quem custar!
A censura no jornal não pode existir. Os artigos de opinião devem ser a exacta expressão daquilo que o articulista escreve. Iremos divulgar o jornal junto das entidades com expressão na sociedade (Estado central, autarquias, colectividades, ONGs) em particular com aquelas que poderão trazer ajudas para a resolução dos problemas dos antigos combatentes.
O jornal passará a participar em actos públicos, conferências de imprensa e, em geral, actividades em que sejam tratados os temas stress de guerra, guerra colonial, antigos combatentes de modo a informar-se em primeira mão e manter informados os sócios.
Barreiras Invisíveis
As Barreiras Invisíveis à reintegração da pessoa deficiente, nomeadamente quando esta se confunde com “loucura” nos termos e com toda a carga negativa que esta palavra contém, é uma das razões do sofrimento destes doentes que, apesar de tudo o que possam dizer, são pessoas com dignidade que não devem ser excluídas socialmente. Este estudo deve ser aprofundado e continuado.
Comunicação Social e Propaganda Iremos estabelecer relações com jornais congéneres e com os jornais e revistas de grande expressão, de modo a serem reflectidas e divulgadas neles as posições da APOIAR.
Iremos organizar uma conferência de imprensa periódica (anual, de início) cuidadosamente preparada para fazer o balanço das actividades da APOIAR e dar a conhecer as suas posições sobre questões com actualidade no período em apreciação.
Iremos estabelecer a prática de comunicados à imprensa (press release), periodicamente ou quando a APOIAR quiser divulgar posições tomadas sobre questões no âmbito das suas preocupações.
Iremos organizar uma campanha para dar a conhecer a APOIAR ao grande público e também para angariação de sócios.
Iremos criar um registo de organizações com actividade nas áreas do stress de guerra e antigos combatentes, em Portugal e no estrangeiro, e mantê-lo actualizado com as actividades que desenvolvem.
Relações Internacionais
Estabelecer relações de carácter permanente com os “Vet Center’s” Americanos e com associações das antigas colónias;
Estabelecer relações e estudar a hipótese de filiação da APOIAR na Federação Mundial dos Antigos Combatentes (FMAC);
Estabelecer relações com organizações da Argélia e de Israel, para troca de experiências no campo do tratamento, acompanhamento e reinserção de antigos combatentes com stress de guerra.